CASH3 e MGLU3 disparam após Copom camarada
Anúncio do BC sobre freada nos juros dá uma força aos papéis mais surrados do ano. GOLL4 e AZUL4 também têm altas de dois dígitos, com alta das viagens em julho.
O pregão de hoje testemunhou a intersecção de dois conjuntos que não costumam ter elementos em comum: das 10 maiores altas de hoje, seis fazem parte da lista das ações que mais desvalorizaram em 2022.
A saber: Méliuz (CASH3), Gol (GOLL4), Magalu (MGLU3), Via (VIIA3), AZUL (AZUL4) e CVC (CVCB3).
A turma do varejo agradece, obviamente, ao Banco Central. Ao anunciar ontem que a Selic deve parar nos atuais 13,75%, ou, no máximo, em 14%, a autarquia animou quem aposta numa recuperação do setor. Méliuz foi a maior alta do dia, com 15,04%. Magalu, a terceira, com 13,99%. Ontem, só com a expectativa de que o BC anunciaria o fim do ciclo de alta nos juros, elas já tinham subido 5,6% e 8%, respectivamente.
Meliuz e Magalu são justamente as ações que mais desvalorizaram no ano (mesmo com as altas de agora): quedas de 59,9% e 53,6% (mais sobre isso adiante).
Já os papéis do setor de viagens aéreas e turismo devem agradecer a um anúncio da Gol. A aérea divulgou um aumento de 36,3% na demanda por voos no mês passado. O fato é que a companhia fez uma aposta forte: aumentou a oferta de assentos em 42%, e ela se pagou.
O nível de ocupação ficou em 80,8% mesmo com esse boost na quantidade de voos. Ainda não é uma proporção equivalente à de antes da pandemia (85,3%, em julho de 2019), mas o mercado entendeu que dá (bem) para o gasto. Gol fechou em alta de 14,89%; Azul, de 10,93% e CVC, de 9,19%.
O dia foi tão positivo, que Petrobras e Vale resistiram às quedas do petróleo e do minério de ferro no mercado internacional, mas sem roubar o holofote dos seus pares retardatários. A petroleira fechou em alta de 0,97%, enquanto a mineradora caiu apenas 0,58% (contra uma queda de 3,6% do minério).
Mas o freio de mão no desempenho das gigantes não deixou o Ibovespa deslanchar tanto assim. A alta, mesmo com 8 empresas do índice fechando com altas de dois dígitos, ficou em 2,04%.
O viés de baixa nos juros
Hoje, o Santander reduziu sua estimativa para a Selic ao fim do ano de 14,25% para 14%. Já para o Itaú BBA, não deve vir nem mais 0,25 pp por aí, a menos que o barco entorne, com a “expectativas de inflação piorando no mesmo ritmo recente”.
Nos Estados Unidos a previsão de juros maiores arrefeceu também. Segundo monitoramento da Bolsa de mercadorias de Chicago, o mercado vê como mais provável uma alta de 0,5 pp no juro americano do que de 0,75 pp em setembro.
E essa aposta ganhou força de ontem para hoje. As posições em 0,5 pp subiram de 57% para 64,5%, enquanto aquelas em 0,75 pp caíram de 43% para 35,5%. Isso acontece após membros do Fed, o BC americano, sinalizarem que não devem acelerar o aperto monetário.
Mesmo assim, não houve comoção por lá hoje: o S&P 500 fechou no zero a zero: -0,08%.
Ainda falta um Everest
Curiosidade: não é só que, dos 10 papéis com melhor desempenho hoje seis estejam entre as maiores quedas do ano. Também tem o fato de que as três maiores altas desta quinta foram de companhias que acumulam 90% de queda desde seus picos históricos. Sente o drama:
CASH3 (R$ 1,30)
Cai 89,5% desde que bateu sua máxima histórica (R$ 12,33), em julho de 2021, e precisaria subir 848% para voltar ao pico.
GOLL (R$ 10,00)
Despenca 87% desde sua máxima histórica (R$ 77,70), em maio de 2006, e precisaria saltar 677% para retornar ao mesmo patamar.
MGLU3 (R$ 3,34)
Cai 87,8% desde o pico (R$ 27,42), em novembro de 2020, e precisa subir 720% para voltar ao preço de dois anos atrás.
Força para elas na escalada ;).
Até amanhã.
Maiores altas
Meliuz (CASH3): 15,04%
Gol (GOLL4): 14,81%
Magazine Luiza (MGLU3): 13,99%
MRV (MRVE3): 12,73%
Via (VIIA3): 12,60%
Maiores baixas
BRF (BRFS3): -2%
PetroRio (PRIO3): -1,73%
Minerva (BEEF3): -1,63%
Braskem (BRKM5): -1,53%
BB Seguridade (BBSE3): -1,23%
Ibovespa: 2,04%, a 105.892 pontos
Em NY:
S&P 500: –0,08%, 4.152 pontos
Nasdaq: 0,41%, a 12.721 pontos
Dow Jones: -0,26%, a 32.727 pontos
Dólar: -1,09%, a R$ 5,2204
Petróleo
Brent: –2,75%, a US$ 94,12
WTI: 2,34%, a US$ 88,54
Minério de ferro: -3,62%, US$ 106,12 no porto de Qingdao (China)