Com 3,22% de PETR4, Ibovespa emenda sétima alta seguida
Na semana, índice sobe 3,15%. Dividendos de R$ 1,89 por ação (7%) impulsionam os papéis da Petrobras.
Os tímidos 0,19% de hoje foram um pequeno passo, mas também um grande salto. É a sétima alta seguida do Ibovespa, garantida graças aos 3,22% da Petrobras (PETR4), dado o peso da petroleira sobre o índice. E também é a terceira semana seguida no verde. Nesta, o cômputo da alta ficou em 3,15%.
A Petroleira divulgou ontem o seu balanço para o 1T23: lucro de R$ 38,1 bilhões. Trata-se de uma queda de 14,4% em relação ao 1T22 (devida à queda nos preços do petróleo). Mas, ainda assim, bem acima do que o mercado esperava. O consenso apurado pela Bloomberg apontava para R$ 28 bilhões.
Outros dois fatores ajudaram:
1) A companhia anunciou ontem a aprovação do pagamento de R$ 1,89 por ação em dividendos – seja na PN, seja na ON. Dá um respeitável yield de 7% pelo preço de fechamento de PETR4 hoje – o montante geral da distribuição soma R$ 24,7 bilhões. Pouco mais de um terço vai para os cofres do governo, que, por ora, parece gostar da ideia de usar os dividendos da petroleira para equilibrar a parte fiscal, tal qual o governo anterior. Para garantir seu quinhão, o investidor deve ter papeis da Petro na carteira até o dia 12 de junho, a data-com.
2) O diretor de Logística e Comercialização da petroleira, Claudio Schlosser, reiterou que a Petrobras não vai abandonar o sistema de paridade internacional no preço dos combustíveis.
Agora vamos falar de inflação.
IPCA: 4,18%
O IPCA acima do esperado em abril, mas ainda assim em desaceleração, mexeu com os juros futuros de forma peculiar. Com a inflação em 0,65% no mês (ante a expectativa de 0,55%), os DIs de curto prazo, até 2026, subiram. Os de longo prazo, até 2033, caíram.
Ao que mais importa: isso valorizou ainda mais os títulos IPCA+ longos, que já vinham bem. A taxa do 2035 caiu de 5,80% ontem para 5,70% nesta sexta. Quando a taxa cai, o título fica mais caro, aumentando o saldo de quem tem esse tipo de título na carteira. Na semana passada, para dar uma ideia, ele estava em 5,98%. De lá para cá, a valorização foi de 3,5% – considerável para um ativo de renda fixa. Parabéns para comprou a taxas acima de 6%.
Em 12 meses, a inflação acumulada caiu para 4,18% – dentro da meta para 2023 (centro em 3,25% e teto em 4,75%) e até da mais arrojada, para 2024 (centro em 3%, com teto em 4,50%). O IPCA acumulado está, de fato, descendo de escorregador:
Jan/23: 0,53% Em 12 meses: 5,77%
Fev/23: 0,84% Em 12 meses: 5,59%
Mar/23: 0,71% Em 12 meses: 4,65%
Abr/23: 0,61% Em 12 meses, 4,18%
Por outro lado, freadas assim vão ficar mais difíceis logo logo. Simplesmente porque a inflação em 12 meses contabiliza as deflações de julho, agosto e setembro do ano passado. Aqui:
Jul/22: -0,68%
Ago/22: -0,36%
Set/22: -0,29%
Quando chegarmos a outubro, então, não haverá mais esses números negativos para “ajudar” na conta dos 12 meses anteriores. Talvez daí venha a explicação para a alta nas taxas dos juros futuros de curto prazo: a desaceleração não teria sido forte o bastante para reduzir a inflação prevista para o fim do ano (6% pelo Focus) e permitir um corte na Selic dentro do horizonte vislumbrável. Já a queda no DI de longo prazo mostra uma esperança razoável de que não vamos precisar de taxas tão altas lá na frente.
De volta à bolsa.
Frente e verso
A Locaweb (LWSA3) ficou com o ouro entre as maiores altas de hoje: 12,01%. A alta reduz a queda da ação no ano para -0,89%. A tech soltou seu (bom) balanço ontem, após o fechamento de mercado: lucro de R$ 33,4 milhões – alta anual de 12,2% .
Na ponta de baixo, um triste mugido da JBS. A gigante anunciou um prejuízo de R$ 1,5 bilhão no 1T23 – versus um gordo lucro de R$ 5,1 bilhões no mesmo período do ano passado.
Dia triste também para Eztec (EZTEC3): queda de 59,6% no lucro anual – que fechou o 1T23 em R$ 42,2 milhões.
Seja como for, o fato é que as últimas altas do Ibovespa quase zeraram as perdas do ano. Com o patamar atual, de 108.463, a queda reduziu-se a 1,42%.
Bom fim de semana!
MAIORES ALTAS
Locaweb (LWSA3): 12,01%
Sabesp (SBSP3): 7,26%
Petrobras-ON (PETR3): 3,52%
Petrobras-PN (PETR4): 3,22%
Embraer (EMBR3): 2,75%
MAIORES BAIXAS
JBS (JBSS3): -6,71%
Eztec (EZTC3): -6,46%
Braskem (BRKM5): -4,85%
CVC (CVCB3): -2,68%
MRV: (MRVE3): -2,63%
Ibovespa: 0,19%, aos 108.463 pontos
Em Nova York
S&P 500: -0,16%, aos 4.124 pontos
Nasdaq: -0,36%, aos 12.284 pontos
Dow Jones: -0,03%, aos 33.300 pontos
Dólar: -0,27%, a R$ 4,92. Na semana, -0,41%
Petróleo
Brent: -1,08%, a US$ 74,17
WTI: -1,17%, a US$ 70,04
Minério de ferro: -1,97%, negociado a US$ 100,26 a tonelada em Dalian (China)