Com ajuda de ‘oi, sumido’ de estrangeiros, Ibov volta aos 105 mil pontos
Novembro não está nem na metade, mas já é o mês com maior ingresso de recursos. No ano, a sangria é de R$ 82 bilhões.
Até pouco tempo atrás, o Brasil era um contatinho esquecido na lista dos investidores gringos. Um contatinho para fugir, na verdade. Só em julho, por exemplo, os estrangeiros sacaram R$ 8,4 bilhões do Ibovespa. A fuga só não foi pior do que em março, estouro da pandemia, quando R$ 24,2 bilhões de investimentos gringos saíram da bolsa.
Entretanto, depois de tantos meses de ghosting, sem responder sequer com um emoji as mensagens de saudades dos brasileiros, o ‘Oi, sumido’ chegou. É que, desde outubro, os gringos reacenderam o interesse pelo índice tupiniquim. Só no pregão de sexta-feira passada, dia 6, houve um ingresso de R$ 420,3 milhões de dinheiro estrangeiro na bolsa.
Novembro é, por enquanto, o mês mais positivo quando o assunto são os investimentos estrangeiros, R$ 3,256 bilhões no acumulado. E olha que nem chegamos na metade. O patamar não recupera o acumulado no ano, que ainda está no negativo em R$ 81,6 bilhões, mas é superior ao registrado em outubro, quando o fluxo entre os saques os depósitos ficaram no azul em R$ 2,867 bilhões.
E isso ajuda a explicar a alta da bolsa brasileira. Estamos, se você já perdeu as contas, no 6º pregão seguido de alta. Hoje o Ibov encerrou o pregão ganhando +1,50% e de volta aos 105 mil pontos. Olha, o Ibov não fechava nessa marca desde o final de julho. Copo meio vazio, ainda estamos 10% abaixo do fechamento de 2019.
A razão para esse interesse repentino, infelizmente, não são os atributos do Brasil. Por aqui, o caos doméstico ainda é protagonista. Quer um exemplo? Hoje, durante um evento online realizado pela Controladoria-Geral da União (CGU), o Ministro da Economia, Paulo Guedes, resolveu botar o terror dizendo que o Brasil pode ir para uma hiperinflação muito rápido, caso não consiga rolar a dívida pública de modo satisfatório. E que é essa dívida que dificulta a obtenção de recursos para programas de transferência de renda. Era uma clara menção ao Renda Brasil, novela que até agora não teve um desfecho.
Mesmo admitindo as dificuldades para conseguir financiar programas de transferência de renda, minutos depois, dessa vez em um evento da Bloomberg, Guedes declarou que o auxílio emergencial pode voltar a ser pago no ano que vem, diante de uma segunda onda de contaminações pelo coronavírus.
Dentro ou fora do teto de gastos? Ninguém sabe. Porque sequer o orçamento para 2021 saiu do papel. Ontem mesmo, o vice-presidente, Hamilton Mourão, colocou em dúvida se ele seria votado ainda esse ano. E o Rodrigo Maia, em entrevista à CNN também ontem, foi categórico: “Sem as reformas em janeiro, o Brasil vai explodir”.
Diante de todos esses fatores, dá pra dizer que os motivos que trouxeram os investidores de volta à B3 foram mais porque os gringos estavam felizes, otimistas com a vitória do Biden, nos Estados Unidos, e com os avanços nos estudos clínicos das vacinas contra o coronavírus. É igual quando você toma uns drinks a mais e todo mundo fica bonito, sabe?
Mas o efeito do álcool já tá passando e as bolsas estão reduzindo a euforia. Hoje, por exemplo, Nasdaq e S&P 500 terminaram no negativo. Respectivamente, -1,37% e -0,14%. O movimento foi puxado pelas big techs que, desde ontem, perderam o brilho com a realização de lucros por parte dos investidores. Amazon caiu -3,42%, Facebook perdeu -2,27% e Microsoft tombou outros -3,37%.
Nos EUA, só o Dow Jones escapou das baixas. É que as big techs têm menor peso no índice, o que ajuda a escapar da liquidação, que dessa vez é isolada. Além disso, contribuiu a alta da farmacêutica Eli Lilly. É que os reguladores americanos autorizaram o uso emergencial de um medicamento que supostamente produz anticorpos contra o coronavírus, desenvolvido pela companhia.
Com isso, a Eli Lilly viu suas ações saltarem quase 3% e o Dow Jones subiu +0,90%. Mas, como não é todo dia que a ciência encontra um tratamento eficaz para o coronavírus, ninguém garante que ele também não seja tragado pelo pessimismo diante da segunda onda de coronavírus na Europa e nos EUA, que começa a ser lembrada pelos investidores. E que os gringos arquivem de novo as conversas com o BR.
Maiores altas
Ultrapar: +8,45%%
Petrobras ON: +7,95%
Santander: +7,66%
Ambev: +6,96%
Petrobras: +6,80%
Maiores baixas
BW2: −8,31%
Totvs: – 6,81%
Gerdau: −5,32%
CSN: −4,49%
Magazine Luiza: – 4,53%
Dólar: estável +0,02%, a R$ 5,39
Petróleo:
Brent: +3,63%, a US$ 43,94
WTI: +2,66% a US$ 41,36