Cresce medo de recessão nos EUA com sequência de altas nos juros
Mercado começa a apostar em três altas seguidas de 0,50 pontos percentuais na taxa após fala de Jerome Powell.
Bom dia!
Enquanto os brasileiros descansavam no feriado, o mau-humor reinava em Nova York. Os principais índices acionários americanos fecharam em baixa nesta quinta-feira, e o motivo está na fala de Jerome Powell, o presente do banco central americano.
Em painel promovido pelo FMI, Powell praticamente confirmou que um aumento de 0,50 pontos percentuais deve vir em maio – algo que o mercado já esperava, e agora considera como certo. Mas não só. O presidente do Fed, geralmente de fala mansa e com uma postura pró-mercado, adotou um discurso considerado mais agressivo e falou em “agir em ritmo um pouco mais rápido” no aumento dos juros. Citou também que alguns membros do comitê de política monetária acham apropriado aumentos de meio ponto percentual ao longo do ano.
Bastaram esses indícios para o mercado começar a apostar em não só um aumento de 0,5 p.p. em maio, mas sim três aumentos dessa magnitude nas próximas três reuniões.
Com isso, o medo de que a economia americana entrará em recessão também cresce. Powell insiste que o Fed conseguirá domar a inflação de volta aos 2% sem que isso tenha que acontecer, mas ninguém sabe se essa proeza realmente será possível.
Mary Daly, dirigente do Fed de San Francisco, também contribuiu para o pessimismo do mercado dizendo que provavelmente haverá “algumas altas de 0,5 p.p. neste ano”, no plural mesmo.
Pelo visto, a amargura causada pelos comentários de ontem continua hoje, já que os índices futuros americanos apontam para baixo nesta manhã. O mau-humor também contamina a Europa, onde as bolsas operam todas no vermelho.
Investidores americanos agora procuram algum alívio de suas preocupações nos resultados trimestrais das empresas. Até agora, a temporada de balanços tem se mostrado uma surpresa positiva: das 91 empresas do S&P 500 que divulgaram seus números, 80% superaram as expectativas de lucro dos analistas.
Por aqui, além do mau-humor americano, o mercado também deve digerir a mais recente crise institucional, após o presidente Bolsonaro conceder indulto individual ao deputado Daniel Silveira, condenado pelo STF. Mais uma crise que deve render o que falar.
Boa sexta-feira.
Futuros S&P 500: -0,28%
Futuros Nasdaq: -0,28%
Futuros Dow: -0,29%
às 07h58
Índice europeu (EuroStoxx 50): -1,84%
Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,78%
Bolsa de Frankfurt (Dax): -1,89%
Bolsa de Paris (CAC): -1,59%
*às 07h59
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,44
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,63%
Hong Kong (Hang Seng): -0,21%
Brent*: -1,38% , a US$ 106,83
*às 08h02
Dia de agenda esvaziada.
Disney vs Flórida
Os legisladores do estado da Flórida, nos EUA, aprovaram nesta quinta-feira uma medida que retira o status tributário especial da Walt Disney, situado na área de Orlando. Atualmente, esse dispositivo legal dá à Disney isenção de impostos e poder de gestão na área de sua propriedade, prestando inclusive serviços públicos como controle de incêndios e transporte público. A extinção do privilégio, votada pelo conservador Partido Republicano, é vista como uma retaliação à gigante do entretenimento, que, após pressão dos próprios funcionários, se posicionou contra uma lei do estado que proíbe o ensino de temas ligados à orientação sexual e identidade de gênero nas escolas da Flórida. O fim do status especial da Disney agora vai para a sanção do governador Ron DeSantis, que deve aprovar a medida, já que ele comprou a briga contra a empresa do Mickey em relação à lei anti-LGBT.
As trilhas (e armadilhas) dos infoprodutos
Você grava um curso online e vende na internet por R$ 1 mil – um preço realista. Consegue mil alunos – um número factível. É o paraíso. Você junta R$ 1 milhão com uma sequência de aulas que só deu uma vez, e deixou gravada. Há quem consiga esse tipo de proeza agora, com a onda dos “infoprodutos” – os conteúdos digitais de informação. São cursos livres, sem caráter acadêmico, sobre qualquer assunto e que vem se popularizando nos últimos anos. Mas cuidado com o hype: a chance de se frustrar é alta. Entenda na reportagem da VOCÊ/SA.