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Crise imobiliária na China e juros nos EUA levam bolsas globais a pior semana desde março

O Ibovespa (13 quedas seguidas) não está sozinho – hoje mesmo a bolsa de Hong Kong entrou em bear market. Veja o que explica a turbulência nos mercados mundiais.

Por Bruno Carbinatto e Sofia Kercher
Atualizado em 21 out 2024, 10h23 - Publicado em 18 ago 2023, 08h38
Planeta Terra nascendo no horizonte do Sol
 (VCSA/VOCÊ S/A)
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Bom dia!

Neste recorde negativo de 13 quedas em sequência, o Ibovespa pode, pelo menos, contar com a companhia de seus primos internacionais. É que várias bolsas estão em forte trajetória de queda nos últimos dias.

Uma tempestade se formou nos mercados globais em agosto, o mês do desgosto. Um jeito de ver isso na prática é olhando para o índice MSCI World, que reúne papéis de empresas negociados em bolsas de mais de 20 países desenvolvidos. Esse índice caminha para ter a pior performance semanal desde março, com queda acumulada de 2,5% até agora. Desde o dia 31 de julho, o índice desaba 5,5%. Pois é. O Brasil nem entra nessa conta – por aqui, o Ibov acumula baixa parecida, de 5,71%.

Investidores mundo afora estão de olho em duas forças negativas que puxam as bolsas para o buraco. Uma vem dos EUA. Por lá, a percepção é que os juros permanecerão no atual patamar alto (5,5%) por mais tempo do que se pensava, visto que o Fed tem dado sinais hawkish e que o mercado de trabalho por lá segue aquecido. Foi isso, inclusive, que derrubou o Ibov ontem.

Hoje, os futuros americanos seguem apontando para baixo, indicando mais um dia de difícil recuperação para a bolsa brasileira. As bolsas europeias também operam no vermelho.

Outra pressão negativa nos mercados globais é a China. O país asiático, importante motor da economia mundial, passa por uma crise preocupante. Nem é de hoje: há meses seus números vinham decepcionando, indicando um crescimento fraco e uma demanda anêmica. O mercado esperava justamente o contrário – que 2023 fosse um ano de forte crescimento chinês, após o país abandonar a draconiana política de “Covid-zero” que travou a segunda maior economia do mundo por três anos. 

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Agora, piorou: o já fragilizado mercado imobiliário do país, que corresponde a um quarto do seu PIB, está em turbulência. Construtoras acumulam prejuízos, sendo que as mais afetadas, como a Country Garden, ameaçam quebrar de vez.

O governo chinês, por sua vez, promete estímulos para ajudar a economia do país a crescer. Mas, na falta de medidas mais práticas, investidores não estão comprando a ideia de que será o suficiente.

Hoje, mais um banco cortou sua projeção de crescimento para o PIB chinês em 2023. Desta vez foi o Nomura, maior banco do Japão, que prevê uma alta de apenas 4,6% do seu vizinho, citando uma “espiral descendente”. Antes, bancões americanos como o Morgan Stanley e o JP Morgan já haviam cortado suas projeções – também para menos de 5%, que é a meta estabelecida pelo Partido Comunista Chinês. Não é comum que a meta anual não seja cumprida, diga-se.

Nesse cenário as bolsas asiáticas sangraram, com destaque negativo para o Hang Seng, índice da bolsa de Hong Kong, que caiu 6% nesta semana – e 20% desde o último pico, entrando em bear market.

De qualquer forma, por aqui, o noticiário político deve ofuscar o econômico. Ontem, o depoimento do hacker de Araraquara, Walter Delgatti, à CPI do 8/1 já havia complicado a situação de Bolsonaro, ligando o ex-presidente a planos golpistas concretos. 

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Mas a maior bomba mesmo veio de noite, quando a revista Veja confirmou que Mauro Cid, ex-ajudante de Bolsonaro, vai confessar que vendeu as joias nos EUA a mando do ex-presidente. Também no final do dia o ministro Alexandre de Moraes, do STF, acolheu pedido da Polícia Federal e autorizou a quebra dos sigilos bancário de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. 

Pelo menos de tédio o Brasil não morre.

Bons negócios.

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Humorômetro - dia com tendência de baixa
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Futuros S&P 500: -0,27%

Futuros Nasdaq: -0,54%

Futuros Dow Jones: -0,15%

*às 8h23

market facts
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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 Petz (PETZ3) é ação que mais cai no acumulado do mês; veja ranking

Ontem, o Ibovespa ampliou seu tombo histórico, engatando na 13ª queda consecutiva. O índice caiu 0,53%, a 114.982,3 pontos — no mês, ele acumula perdas de 5,71%. Nesses treze pregões do cão, quem mais apanhou foi o varejo. Confira as maiores quedas no período:

  1. Petz (PETZ3): -26,71%
  2. Meliuz (CASH3): -25,78%
  3. Grupo Soma (SOMA3): -22,42%
  4. Via (VIIA3): -22,22%
  5. Gol (GOLL4): -18,80%

Agenda

09h30 Roberto Campos Neto profere palestra no Fórum Brasileiro de Inteligência Artificial (SP)

Europa
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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      • Índice europeu (Euro Stoxx 50): -0,58%
      • Londres (FTSE 100): -0,91%
      • Frankfurt (Dax): -0,83%
      • Paris (CAC): -0,75%  

      *às 8h27

      Fechamento na Ásia

      • Indice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,23% 
      • Hong Kong (Hang Seng): -2,05%
      • Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,55%
      Commodities
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        • Brent: estável, a US$ 84,12
        • Minério de ferro: 2,94% a US$ 105,77 por tonelada na bolsa de Dalian

        *às 8h09

        Vale a pena ler:
        (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

         Chegamos ao pico do café?

        Todos os dias, o mundo entorna 3 bilhões de xícaras de café. E o consumo sobe em ritmo acelerado – mantendo a toada de hoje, deve dobrar até 2050. 

        Se a indústria vai conseguir atender essa demanda, é outra história. Esta reportagem do Financial Times mostra que mudanças climáticas estão diminuindo terras adequadas para o cultivo do grão, o que obriga agricultores a deixarem o setor. E aumentando os preços na prateleira.

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