Dados fracos da China voltam a decepcionar e ameaçam bom humor na bolsa
As exportações do gigante asiático caíram 12,4%, indicando uma menor demanda global. Mesmo assim, investidores ainda festejam a queda da inflação nos EUA.
Bom dia!
O dia começa com más notícias vindas da China – mais indícios de que a economia por lá anda cambaleante.
As exportações do gigante asiático tiveram uma queda de 12,4% em junho na comparação anual, pior que a previsão (-9,2%). Já as importações também tiveram queda maior do que a esperada – -6,8%, contra os -4% estimados. Em maio, ambos os dados também tinham vindo no vermelho.
Já o superávit comercial do país fechou em US$ 70,62 bilhões, bem abaixo dos US$ 74,00 bilhões esperados pelo mercado.
Os números muito fracos indicam que a recuperação chinesa após o fim da política de Covid-zero, no final de 2022, ainda está lenta. E que, com bancos centrais subindo os juros para combater a inflação, a demanda global também também não anda aquecida, o que pode ter impacto direto nas commodities – e, consequentemente, no Ibovespa.
Presságio de um mau dia para o mercado, então? Não necessariamente: o dado chinês acabou virando nota de rodapé e as bolsas asiáticas fecharam em alta (veja abaixo). Bolsas europeias e futuros americanos também estão no azul esta manhã, e até commodities sobem.
Motivo: todo mundo ainda comemora a inflação americana, que veio ontem abaixo do esperado (3%) e garantiu a festa dos investidores. O bom humor foi tanto que virou a noite e segue nesta quinta-feira.
Isso porque a aposta majoritária no mercado é a seguinte: o Fed provavelmente vai subir os juros novamente este mês, mas, depois, pausar ou até cessar de vez o aperto monetário, caso a inflação siga na trajetória atual de queda.
Hoje tem outro dado que pode ajudar a calibrar melhor essa previsão: o PPI, inflação ao produtor americano. Ele sai às 9h30, quando também é divulgado o número de novos pedidos de seguro-desemprego no país (outra métrica importante para medir a força do mercado de trabalho e guiar os passos do Fed).
Bons negócios.
Futuros S&P 500: 0,35%
Futuros Nasdaq: 0,72%
Futuros Dow Jones: 0,17%
*às 7h57
Nova oferta pela Braskem
Velha conhecida do mercado pelos seus investimentos na JBS, a J&F acaba de entrar na briga pela Braskem. A holding fez uma proposta de R$ 10 bilhões para comprar a fatia de 50,1% da Novonor, antiga Odebrecht.
Segundo o site Pipeline, do Valor Econômico, a oferta foi apresentada na terça-feira (11) de noite aos bancos que são credores da Novonor. A dívida da empresa com as instituições bancárias tem como garantia suas ações da Braskem.
A J&F, que pertence à família Batista, já havia demonstrado interesse pela petroquímica em 2022. Mas ela não é a única: a entrada da holding engrossa a lista de ofertas pela participação na Braskem, que já conta com Unipar e um consórcio formado pelo grupo árabe Adnoc e a gestora Apollo.
Apesar do valor da oferta da Unipar e da J&F ser o mesmo, segundo o Pipeline, ela agrada mais aos bancos por não deixar nenhuma parcela à família Odebrecht. Na proposta da Unipar, a Novonor seguiria como acionista — ainda que com uma participação menor, de 4%. Apesar disso, a oferta da J&F não seria suficiente para pagar as dívidas da Novonor com os bancos, que soma R$ 15 bilhões.
Ontem, as ações da Braskem registraram alta de 0,38%, a R$ 26,18.
08h30: Banco Central Europeu (BCE) divulga ata da última decisão monetária
9h30 Departamento do Trabalho divulga PPI (inflação ao produtor) dos EUA
9h30 Departamento do Trabalho divulga número de novos pedidos de seguro-desemprego nos EUA
- Índice europeu (Euro Stoxx 50): 0,72%
- Londres (FTSE 100): 0,22%
- Frankfurt (Dax): 0,59%
- Paris (CAC): 0,62%
*às 8h04
- Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 1,43%
- Hong Kong (Hang Seng): 2,60%
- Bolsa de Tóquio (Nikkei): 1,49%
- Brent: 0,19%, a US$ 80,26
- Minério de ferro: 1,59% a US$ 115,73 por tonelada na bolsa de Dalian (China).
*às 8h02
Déficit habitacional
Dados do Censo mostram que, em 2022, o Brasil tinha quase 12 milhões de domicílios vazios, o dobro da quantidade observada em 2010. Alguns especialistas culpam a pandemia, que agravou a crise de renda e dificultou acesso a residências; outros apontam para uma sofisticação na contagem de imóveis vazios por parte do IBGE. Independente das causas, há um consenso de que a magnitude do número — tanto de imóveis vazios quanto de pessoas sem moradia — renovam a urgência do debate sobre política habitacional no país. Esse é o tema desta reportagem do Valor.