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Depois do MST, movimentos de moradia popular captarão recursos no mercado financeiro

Movimentos sociais ligados à construção de moradias populares vão financiar suas empreitadas de um jeito inédito para o setor: buscando dinheiro na Faria Lima.

Por Bruno Carbinatto
11 nov 2022, 06h54
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Associações de construção de habitações populares emitirão certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) no mercado em 2023, numa operação que será estruturada pela Gaia Impacto, securitizadora focada em negócios e iniciativas de impacto social. A mesma empresa foi responsável pela operação que captou R$ 17,5 milhões em certificados de recebíveis agrícolas (CRAs) para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em 2021.

CRIs são papéis emitidos por empresas e entidades do setor imobiliário – CRAs são a mesma coisa, só que voltados a projetos do agronegócio. Esses investimentos costumam pagar juros mais generosos do que outras opções da renda fixa (como títulos públicos). E o risco é maior, já que o empreendimento que levantou a grana pode dar calote. Também são investimentos isentos de imposto de renda.

No ano passado, sete cooperativas de agricultura familiar ligadas ao MST captaram R$ 17,5 milhões vendendo esses papéis no mercado de capitais. A grana da operação foi para investir nos negócios de aproximadamente 13 mil pequenos agricultores, membros das cooperativas.

Os CRAs do MST tiveram taxa de remuneração prefixada de 5,5% ao ano, com vencimento em 2026. Apesar de a rentabilidade ser considerada baixa, a demanda pelo investimento superou em três vezes a oferta, revelando um surpreendente interesse de investidores neste tipo de operação – que entra fundo no S, o “social”, da sigla ESG.

Agora, é a vez de o setor de moradias populares tentar repetir o feito. Ainda faltam detalhes sobre a operação, que ocorrerá no começo de 2023, mas, segundo o Valor Econômico, o plano inicial é que os recursos sejam usados para financiar a construção de dois empreendimentos voltados para Famílias com renda mensal de até R$ 3 mil, ligadas a movimentos sociais que lutam pelo direito da moradia. Além da Gaia, a operação também terá participação da Banca Ética Latinoamericana, grupo financeiro também focado em negócios e iniciativas de impacto social.

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