Desaceleração da economia global deixa bolsas no vermelho antes do feriado
Depois de dados ruins da China, hoje foi a vez da zona do euro mostrar sinais de fraqueza. A pressão da alta do petróleo na inflação também não ajuda
É quase uma tradição. Por melhor que sejam os humores no mercado financeiro, a probabilidade de que a véspera de um feriado seja marcada por uma maior cautela dos investidores é altíssima — por mais que a B3 não adote o feriadão de quatro dias como os mortais privilegiados desse país.
Isso porque as coisas podem mudar muito rapidamente em questão de poucos dias – e horas – e ninguém quer arriscar uma eventual surpresa negativa na volta das negociação. Hoje, no entanto, há mais do que a pausa para o 7 de setembro na cesta de preocupações dos investidores brasileiros.
É que o clima no exterior não ajuda. As bolsas europeias e os índices futuros de Wall Street operam no vermelho nesta manhã.
Os últimos números divulgados das economias chinesa e da zona do euro mostram que o ritmo de crescimento da economia global ainda é uma grande incógnita. Tudo isso enquanto uma nova alta do petróleo ameaça reaquecer a inflação global — dificultando ainda mais o trabalho dos bancos centrais.
A China é o primeiro problema — assim como vem sendo a tendência dos últimos meses. No início da semana, a segunda maior economia do mundo mostrou dados do setor de serviços que desagradaram os investidores e, nos próximos dias, os números da balança comercial de agosto e da inflação devem ser conhecidos.
Na Europa, a raiz do mau humor está nos números fracos da zona do euro. A Alemanha, maior economia do bloco, viu as encomendas à indústria desabarem 11,9% em julho, enquanto as vendas no varejo em julho recuaram 0,2% na União Europeia.
Ainda nesta manhã, dados dos índices de gerente de compra (PMIs, na sigla em inglês) dos Estados Unidos e da economia global devem dar uma fotografia mais detalhada do ritmo da atividade econômica no mundo. Em julho, os dois indicadores ficaram acima da casa dos 52. Caso o número venha abaixo de 50, a leitura é de uma desaceleração da economia.
A decisão da Rússia e da Arábia Saudita de prolongar a redução da oferta de petróleo para manter o preço do barril da commodity mais elevado também não ajuda e só coloca mais lenha na fogueira.
É que com uma economia fraca e uma eventual aceleração da inflação por conta da alta nos preços dos combustíveis, os bancos centrais globais voltam a se ver em uma saia justa — como elevar os juros para conter a inflação sem aumentar ainda mais os riscos de uma recessão?
No Brasil e no mundo, o cenário adverso tem impacto direto no mercado de juros futuros. Por exemplo, quem já apostava uma queda de 0, 75 ponto percentual na Selic próxima reunião do Copom, volta para a estimativa mais conservadora (e já sinalizada pelo BC) de -0,50 p.p.
Nos Estados Unidos, a agenda do dia pode dar algumas dicas para qual deve ser o caminho seguido pelo Fomc (o Copom dos EUA): às 15h, o Livro Bege do Fed, relatório com uma análise sobre a atual situação econômica do país e que serve de base para as discussões de política monetária, será divulgado.
Bons negócios!
Futuros do S&P 500: -0,23%
Futuros do Nasdaq: -0,32%
Futuros do Dow Jones: -0,18%
*às 8h12
Via (VIIA3) lança follow-on
Nesta terça-feira (5), a Via anunciou uma oferta de ações para levantar quase R$ 1 bilhão. O plano é usar os recursos para “melhorar a estrutura de capital da companhia”. Em português: a varejista precisa reduzir seu endividamento, que soma R$ 3,6 bilhões – o patrimônio líquido é de R$ 4,6 bilhões.
Aproximadamente ⅓ da dívida é de curto prazo, ou seja, vence nos próximos 12 meses. Ao mesmo tempo, a geração de caixa da empresa está baixa, o que coloca a capacidade de honrar esses pagamentos em risco. Em empréstimo a empresas, os contratos costumam ter covenants, uma série de parâmetros financeiros que não podem ser descumpridos. Se forem, a dívida tem vencimento antecipado.
Daí a necessidade da oferta de ações. O plano é captar R$ 981 milhões, por meio da emissão de 778 milhões de novos papéis ordinários.
Por ser uma oferta primária, ela dilui a participação de acionistas – que passam a ter direito a uma fatia menor de futuros dividendos. Por essa razão, desde que o follow-on foi anunciado, os papéis da empresa vêm sendo pressionada para baixo. Na véspera, VIIA3 fechou em queda de 7,14%, cotada a R$ 1,17.
14h30 BC: Fluxo cambial semanal
15h EUA: Fed divulga Livro Bege
17h30: Estoques semanais de petróleo nos EUA
- Índice europeu (Euro Stoxx 50): -0,65%
- Londres (FTSE 100): -0,66%
- Frankfurt (Dax): -0,34%
- Paris (CAC): -0,67%
*às 8h15
- Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,22%
- Hong Kong (Hang Seng): -0,04%
- Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,62%
- Brent: -0,57%, a US$89,53
- Minério de ferro: 0,96%, a US$ 116,10 por tonelada em Cingapura
Por videogames menos violentos
Na lista dos 20 videogames mais vendidos este ano, 15 deles apresentam alguma forma de combate. Mas existem desenvolvedores e jogadores que querem mudar isso. À medida que os jogos se tornam um passatempo para toda a família, esta reportagem do The Economist mostra que há uma demanda crescente por jogos videogames com histórias gentis, trazendo um contraponto às produções barulhentas e de grande orçamento que dominam sua imagem pública.