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Desaceleração do IPCA e alta em NY impulsionam o Ibovespa

Índice sobe 1,29%, elevando o ganho na semana para 2,04%. Cortesia da inflação mais baixa que o previsto e das bolsas americanas.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 21 out 2024, 10h17 - Publicado em 10 nov 2023, 18h58
 (Tamires Mazzo/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Certas coisas aquecem o coração: chocolate quente, um abraço, IPCA abaixo do previsto. A inflação ficou em 0,24% no mês de outubro, ante uma expectativa de 0,29%. Isso tirou pressão dos juros futuros e ajudou e aumentou o apetite pela renda variável: alta de 1,29% no Ibovespa. Na semana, 2,04%.

Nova York também ajudou, com o S&P 500 subindo 1,56% e a Nasdaq 2,05% (mais sobre isso adiante).

Bom, essa é a primeira desaceleração do IPCA em três meses. Em setembro, o índice tinha ficado em 0,26%. Ou seja: o consenso do mercado previa uma quarta aceleração consecutiva, que não veio. E o número que mais importa, a inflação em 12 meses, caiu de 5,19%, no mês passado, para 4,82% agora – próximo ao teto da meta do BC para 2023, que é de 4,75% – ou seja, 3,25% mais os 1,5 pp da faixa de tolerância.  

Isso dá fôlego para que o BC siga com os cortes de 0,50 pp na Selic nas próximas reuniões, em dezembro e janeiro, o que reduziria a taxa básica para 11,25% ao final do primeiro mês de 2024. 

Nem tudo são flores, claro. Para o Bank of America, por exemplo, a imprevisibilidade fiscal deve fazer com que o BC reduza o ritmo de redução no ano que vem. Eles imaginam que a Selic feche 2024 em 9,50% – gastos públicos, afinal, alimentam a inflação e reduzem a capacidade de o governo rolar suas dívidas: duas forças que alimentam os juros. 

COGN3, YDUQ3 e ANIM3

Bom para o mercado financeiro, melhor ainda para as empresas mais sensíveis a juros. É o caso das de educação. Elas têm a ganhar, pois juros baixos barateiam o crédito estudantil. Cogna (4,04%) e Yduqs (3,67%) tiveram altas sólidas. Fora do Ibovespa, a Ânima Educação subiu 8,25%. 

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MRVE3, CYRE3 e EZTC3

Bom também para as empresas de construção civil. MRVE3 cravou 6,3%, a despeito do prejuízo divulgado na quarta (8): R$ 136 milhões no vermelho para o 3T23, contra um lucro de R$ 2 milhões no ano passado. O lado meio cheio do copo neste balanço foi a receita recorde: R$ 1,97 bilhão – uma alta de 16,4% na comparação anual. Cyrela (2,14%) e Eztec (1,42%) também tiveram uma sexta-feira feliz.  

DXCO3 

Destaque também para a Dexco. A ex-Duratex ricocheteou: alta de 5,88% depois de ter tombado 14% nos últimos dois pregões – a queda veio após o balanço do 3T23 mostrar um queda de 30,7% no Ebitda ajustado (ou seja, que só contabiliza receitas recorrentes).

PETR4

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Hoje foi o dia de o mercado digerir o balanço da Petrobras, que divulgou seu balanço na noite de ontem: queda de 42% no lucro do 3T23, em relação ao 3T22, para R$ 27 bilhões. 

Por outro lado, a manutenção de dividendos trimestrais generosos foi vista com bons olhos, já que indica solidez de caixa. Vão mais R$ 17,5 bilhões para os bolsos dos acionistas (R$ 1,34 por ação). 

No cabo de guerra entre o lado meio cheio e o lado meio vazio desse copo, ligeira vantagem para este último: queda de 0,46%. 

Do bolo de R$ 17,5 bilhões, sempre vale lembrar, o governo federal leva R$ 6,47 bilhões, pois é dono de 36,61% das ações da petroleira (28,67% de forma direta e 7,94% via BNDES e BNDESPar). Ou seja: um indicativo de que o governo seguirá usando proventos da estatal para reforçar o caixa. 

Bom para todos os que têm PETR4 e PETR3. Contando os dividendos (+JCP) de agora, a remuneração neste ano chega a R$ 4,19 por ação. 

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Para ter uma ideia do que isso significa: quem comprou PETR4 em janeiro, quando a ação estava a R$ 23, e não vendeu já tem garantido um rendimento de 18,2% sobre o dinheiro que colocou. Isso, claro, sem contar a valorização do papel – que subiu 50% desde então. 

Ou seja, quem colocou R$ 10 mil ali nessa situação está com um patrimônio de R$ 15 mil mais R$ 1,8 em proventos. Sim, rentabilidade passada não indica rentabilidade futura, mas vale registrar quando aparecem imagens assim no retrovisor. 

Na gringa

A alta nos EUA veio após um dado negativo para a economia. A pesquisa mensal da Universidade de Michigan sobre o humor dos consumidores americanos registrou, na prévia de novembro, o pior nível desde maio: 60,4. 

Significa o seguinte: quanto mais próximo de 100, melhor o índice. Por exemplo: em janeiro de 2020, antes de a pandemia bagunçar o coreto, ele estava em felizes 99,8. Agora, é a quarta queda desde agosto – para fazer o levantamento, eles telefonam para pelo menos 600 pessoas e fazem perguntas sobre como elas se sentem em relação à sua vida financeira. Quanto piores forem as respostas, mais baixo fica o índice.

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Em condições normais de temperatura e pressão, consumidor borocoxô é ruim para os negócios – e a bolsa não responde bem. 

Por outro lado, uma propensão menor ao consumo ajuda a conter a inflação. E se a inflação convergir para a meta deles, de 2%, o Fed anima para começar os cortes nos juros. E isso é tudo o que o mercado quer neste momento.

Bom fim de semana.   

 

MAIORES ALTAS 

Soma (SOMA3): 6,62%

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MRV (MRVE3): 6,30%

Dexco (DXCO3): 5,88%

Magalu (MGLU3): 5,26%

BRF (BRFS3): 4,92%

 

MAIORES BAIXAS

Locaweb (LWSA3): -5,30%

Lojas Renner (LREN3): -4,35 %

São Martinho (SMTO3): -3,14%

Bradesco (BBDC4): -1,44%

PetroReconcavo (RECV3): -1,36%

 

Ibovespa: 1,29%, aos 120.568 pontos. Na semana, subiu 2,04%

 

Em Nova York

S&P 500: 1,56%, aos 4.415 pontos

Nasdaq: 2,05%, aos 13.798 pontos

Dow Jones:  1,16%, aos 34.283 pontos

 

Dólar: -0,51%, a R$ 4,91. Na semana, subiu 0,37%

 

Petróleo 

Brent: 1,77%, a US$ 81,43 por barril. Na semana, -4,08%

WTI: 1,89%, a US$ 77,17 por barril. Na semana, -4,15%

 

Minério de ferro: 2,4%, cotado a US$ 131,90 por tonelada na bolsa de Dalian (China)

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