Desaceleração econômica da China azeda humor nas bolsas mundiais
Novos dados mostram que a recuperação do gigante asiático está mais lenta do que o esperado. Enquanto isso, investidores aguardam votação do acordo da dívida americana.
Bom dia!
A notícia mais importante do dia não vem de Brasília, mas sim do outro lado do mundo. Novos dados da China divulgados hoje revelam uma recuperação mais lenta da economia, o que fez investidores acordarem de mau humor.
A atividade industrial no país retraiu pelo segundo mês consecutivo. Quem diz é o PMI (Índice de Gerentes de Compras), um dado que mede a expansão (ou retração) do segmento. Em maio, ele caiu para 48,8, o menor patamar desde dezembro de 2022 e abaixo da previsão dos analistas consultados pela Bloomberg (49,5). PMIs abaixo do 50 indicam retração do segmento em relação ao mês anterior.
O PMI não-industrial, que mede a atividade dos segmentos de de serviços e construção, permaneceu em território de expansão: 54,5. Mas ficou abaixo dos 56,4 registrados em abril. O dado reúne dois setores cruciais para a recuperação da China pós-Covid, já que serviços foram duramente afetados pelos lockdowns, e construção, impactada pela crise imobiliária no país.
Desde que a China abandonou a política de Covid-zero, a economia do gigante asiático vem inegavelmente melhorando. Mas os dados mostram que a retomada ocorre de maneira desigual e gradual. Nisso, os mais otimistas, que esperavam uma rápida e forte recuperação do país, se decepcionam.
A China mais fraca azeda o humor no mundo. Na Ásia, as bolsas fecharam em forte baixa (veja abaixo). Os índices futuros americanos também registram queda na manhã desta quarta-feira, enquanto as bolsas europeias operam no vermelho.
Pode ser má notícia também para o pregão do Brasil, já que a China é devoradora voraz de commodities – a base do Ibovespa. Ontem, a bolsa caiu justamente por conta de ações ligadas ao petróleo e ao minério de ferro. Hoje, o Brent amanhece caindo 2%, e o minério também no vermelho: -0,4% em Dalian e -2,5% em Cingapura.
E o calote?
A Câmara dos Deputados dos EUA vota hoje uma lei para suspender o teto da dívida americana temporariamente, evitando assim um calote da maior economia do mundo.
Como os republicanos têm controle do processo, foi preciso um acordo entre a Casa Branca e a oposição, o que resultou numa longa novela cujo último capítulo deve vir hoje.
A ampla expectativa é que a medida passe sem maiores problemas, ainda que alguns deputados – a maioria da ala mais conservadora e radical do Partido Republicano – tenham anunciado voto contrário. Por isso mesmo o evento não causa tanta ansiedade no mercado.
Se o texto não passar, aí sim pode ter consequências bem desastrosas. Os EUA só tem dinheiro para pagar as contas até o dia 5 de junho; depois disso, precisa se endividar. Sem permissão do Congresso, o resultado seria um desastroso e inédito calote. As chances disso acontecer são baixas, mas não zero. A ver.
Bons negócios!
Futuros do S&P 500: -0,20%
Futuros do Dow Jones: -0,17%
Futuros do Nasdaq: -0,11%
*às 8h16
Crédito ESG
Antes de aprovar pedidos de crédito para frigoríficos, os bancos brasileiros passarão a checar a proveniência do gado para garantir que eles não vêm de áreas desmatadas da Amazônia. Além disso, os bancos devem garantir que os funcionários dos frigoríficos não estejam trabalhando em regimes análogos à escravidão. A medida só começa a valer em dezembro de 2025.
O acordo foi aderido por 21 instituições financeiras, entre elas Banco do Brasil, Bradesco, BTG, Itaú e Santander.
11h Câmara vota MP dos Ministérios
15h Fed divulga Livro Bege, documento que reúne dados econômicos regionais dos EUA
15h Ministério do Trabalho divulga Caged de abril
Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,46%
Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,13%
Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,38%
Bolsa de Paris (CAC): -0,60%
*às 8h17
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,02%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,41%
Hong Kong (Hang Seng): -1,94%
Brent*: -2,33%, a US$ 71,83
Minério de ferro: -0,42%, a US$ 100,05 por tonelada na bolsa de Dalian (China).
*às 7h50
A vez do yuan
O yuan tem aumentado a sua influência na América Latina. Em abril, durante a viagem de Lula à China, o governo brasileiro anunciou um acordo para que os negócios entre os dois países sejam feitos diretamente em yuans, sem utilizar o dólar como intermediário. Recentemente, a Argentina assinou um acordo semelhante. Aqui no Brasil, o yuan já superou o euro e passou a ser a segunda maior moeda de reserva externa, atrás apenas do dólar. Esta reportagem da BBC conta como a China tem feito para expandir a influência de sua moeda por aqui.