Deu a lógica: uma nova variante de coronavírus e um banho de sangue no mercado
O mundo foi alertado que países com baixa vacinação poderiam se tornar celeiro de cepas do vírus. Agora, investidores temem a volta das restrições de viagens e dos lockdowns.
Bom dia!
Aconteceu exatamente aquilo que os epidemiologistas afirmaram que ia acontecer: não adianta olhar só para o seu campinho se o mundo quiser transformar a pandemia em uma epidemia tipo a da gripe. A baixa vacinação em algumas regiões permitiria o surgimento de variantes do coronavírus. Não deu outra.
Ontem foi identificada uma cepa do vírus na África do Sul. O país tem menos de 25% da população completamente vacinada. Não se tem muita clareza ainda do quão mais contagiosa ou letal é essa mutação do coronavírus, e nem se ela é capaz de escapar das vacinas que estão sendo aplicadas hoje. A variante ainda não tem nem nome. Atende por B.1.1.529, mas poderá ser batizada hoje pela Organização Mundial de Saúde, se for considerada perigosa o suficiente. Pelo pânico disseminado no noticiário, será.
O alarme soou tão pesado que o Reino Unido e Israel já barraram voos da África do Sul. A União Europeia planeja fazer o mesmo – o Brasil você sabe…
Só que isso também espalhou o medo de novos lockdowns, que nos levariam a uma redução da atividade econômica. Nisso, os mercados financeiros não caem, eles despencam.
Os futuros americanos tombam entre 1% e 2% – para esse mercado, variações de 0,50% já são gigantescas. As bolsas europeias recuam na faixa de 3%, isso enquanto o barril de petróleo cai 5%. É o que se chama de banho de sangue. Até o bitcoin foi para o buraco, cai mais de 7% e entrou oficialmente em bear market (quando um ativo cai mais de 20% depois de atingir um pico recente). É uma mistura de aversão a risco com ataque de pânico, mesmo que seja cedo para saber se os riscos que essa nova variante oferece são tão grandes assim.
O ponto é que não há para onde correr. Por isso, a gente recomenda nem abrir o home broker hoje, para não entrar em pânico. Bom final de semana e até segunda.
Futuros S&P 500: -1,82%
Futuros Nasdaq: -1,17%
Futuros Dow: -2,25%
*às 7h50
Índice europeu (EuroStoxx 50): -3,32%
Bolsa de Londres (FTSE 100): -2,99%
Bolsa de Frankfurt (Dax): -2,89%
Bolsa de Paris (CAC): -3,78%
*às 7h56
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,74%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -2,53%
Hong Kong (Hang Seng): -2,67%
Brent*: -5,34%, a US$ 77,83
WTI*: -6,39%, a US$ 73,38
Minério de ferro: -5,55%, a US$ 96,67 por tonelada em Qingdao (China)
*às 7h55
8h Organização Mundial da Saúde se reúne na Suíça para discutir a nova variante do coronavírus identificada na África do Sul. A expectativa é que ela seja classificada como uma “variante de preocupação” e receba o nome de uma letra grega.
9h30 Banco Central divulga a nota de crédito, um levantamento mensal sobre empréstimos, as taxas de juros e a inadimplência no Brasil.
Quem vai levar?
A Privalia, maior outlet virtual do Brasil, está buscando alguém para comprar seu negócio. A informação é do Valor Econômico, que apurou que a empresa contratou o Itaú BBA para assessorar a venda. Magazine Luiza, Mercado Livre, Americanas, Renner e Dafiti foram candidatas ouvidas pelos representantes, segundo o jornal. A empresa estaria pedindo R$ 1 bilhão pela operação. Em julho deste ano, o outlet desistiu de fazer seu IPO na bolsa brasileira, “em razão da volatilidade das condições de mercado”.
Mais intervenção
Os papéis da Didi, o “Uber chinês”, têm forte queda (-7,2%) no pré-market dos EUA nesta sexta-feira. O motivo? A notícia de que o governo chinês estaria exigindo que a empresa saísse da bolsa de Nova York, onde está atualmente listada, por preocupações de cibersegurança relacionadas a vazamentos de dados. Entre as propostas consideradas, estão desde a privatização total da companhia até a migração para a bolsa de Hong Kong. O movimento vem para somar a série de intervenções de Pequim sobre as techs chinesas, que já machucam as ações dessas empresas há algum tempo, com destaque especial para a gigante do transporte. Desde o IPO em junho, a Didi já acumula queda de 40% na NYSE.
A volta do varejo presencial
Pela primeira vez desde 2017, os varejistas americanos vão abrir mais lojas físicas do que fecharão. O dado vem com a constatação de que as lojas de tijolo são tão importantes quanto o e-commerce, e complementares a ele. É que a pandemia criou um verdadeiro caos logístico no mundo, o que, quem diria, tornou em alguns casos mais barato tentar atrair consumidores para a compra em lojas físicas do que entregar produtos mundo afora. Leia no Wall Street Journal (em inglês).
A ascensão das edtechs
O boom das aulas online abriu as portas para novos negócios no campo da educação. E as inovações vão bem além do ensino à distância. Veja algumas das iniciativas mais promissoras que misturam tecnologia e educação na reportagem da Você/SA.