Dia de yoga após o pânico coloca bolsas de volta no positivo

Mercado se recupera apesar do medo da inflação nos EUA. No Brasil, Ibovespa subiu 0,83%.

Por Bruno Carbinatto, Tássia Kastner
Atualizado em 13 Maio 2021, 19h35 - Publicado em 13 Maio 2021, 18h47
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 (Laís Zanocco/VOCÊ S/A)
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Depois da tempestade, vem a calmaria. Vale para o oceano e também para o mercado financeiro nesta quinta. É como se os investidores americanos tivessem marcado presença nas aulas de yoga e meditação antes da abertura das bolsas. Aí os principais índices americanos — e o Ibovespa — fecharam em alta firme, reduzindo uma parte das perdas causadas pelo massacre da véspera. O Ibovespa fechou com alta de 0,83% e o S&P 500, principal índice americano, com +1,22%.

Alguma coisa mudou para o mercado financeiro se acalmar? Rigorosamente nada. Na verdade, se investidores quisessem, teriam justificativas de sobra para novas baixas nas bolsas. O temor de ontem continua existindo hoje. A inflação nos EUA. 

Hoje os americanos divulgaram mais um dado que fundamenta o temor de uma alta descontrolada nos preços por lá. O índice de preços ao produtor (PPI), assim como o IPCA ianque, ficou acima do esperado pelo mercado em abril. Ele subiu 0,6% em relação ao mês de março, o dobro do consenso (+0,3%). Esse índice mede a inflação do ponto de vista da produção de bens e serviços, um dado que aqui no Brasil sai dentro do IGP-M (sim, aquela medida de inflação que está acima de 30% em 12 meses). Ele reflete, por exemplo, o aumento dos preços das commodities, como o minério, usado para a produção de aço que depois será usado para fabricar latarias de carros.

Se as pessoas tivessem sem dinheiro, essa inflação ficaria represada entre os produtores e não chegaria ao consumidor. Foi justamente o dado de inflação ao consumidor que despertou o pânico ontem no mercado. Hoje poderia ter sido o de desemprego. 

O governo americano anunciou nesta quinta que 473 mil entraram na fila do auxílio-desemprego, abaixo dos 500 mil esperados pelo mercado. Foi a menor quantidade de pedidos desde o início da pandemia. Quanto menor desemprego, maior será a quantidade de gente pelas ruas, todos ávidos para torrar os dólares poupados durante a clausura. E poderão pagar mais por isso.

E o cenário para os americanos não poderia ser melhor: hoje o Centro de Controle e Prevenção de Doenças liberou quem recebeu duas doses da vacina a perambular e aglomerar país afora sem máscara (alguém aqui no Brasil disse inveja?).

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Quer dizer, mais uma justificativa para apostar na alta de juros nos EUA para conter a inflação.

O lance é que o Fed (o banco central dos EUA) tem dito e repetido que vai manter o juro perto de zero mesmo que a inflação avance. A preocupação dele é outra, por enquanto. É que o BC dos EUA têm duas missões: controlar a inflação com o melhor nível de emprego possível. O que o Fed tem dito é que a recuperação dos postos de trabalho é muito irregular no país, o que justificaria a leniência. 

Bem, é nessa tolerância que o mercado se aferrou para não passar mais um dia no negativo. Todos os principais índices americanos tiveram ganhos hoje, ainda que insuficientes para apagar as perdas de três dias seguidos de baixa (não compensou nem o tombo da quarta, na verdade).

Ibovespa

A meditação chegou à Faria Lima também, o que ajudou investidores a se concentrarem no noticiário nacional. Nesta quinta, descobrimos na CPI da pandemia que parte das vacinas que imunizam os americanos poderiam ter chegado aqui. É que, segundo o ex-gerente da farmacêutica na América Latina, Carlos Murillo, o governo brasileiro não respondeu às propostas da empresa para a compra de vacinas que incluíam 1,5 milhão de doses entregues ainda em 2020. O país só foi fechar acordo com a Pfizer em março deste ano, e as doses só começaram a ser entregues no final de abril.

Sem vacinas, a nossa economia vai sofrer por mais tempo. Mas, de novo, o mercado financeiro tava numa nice e se concentrou nos vários balanços divulgados ontem após o fechamento, que dominaram as altas e baixas de hoje. O Ibovespa fechou em alta de 0,83%, de volta aos 120 mil pontos.

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YDUQS

Quem liderou as altas foi a YDUQS, com +9,67%, após a divulgação do balanço do primeiro trimestre. Os dados, por si só, não foram lá extraordinários: na verdade, o lucro caiu -74,3% na comparação com o mesmo período de 2020. Acontece que os investidores avaliaram que o futuro favorece a empresa privada do ramo de educação: com o avanço da vacinação, a rede poderá combinar aulas presenciais com o modelo EAD, e a expectativa é que o resultado dessa soma seja um maior número de alunos. É a aposta da própria empresa, que aumentou em 45% os gastos com publicidade para captação de novos clientes. 

Outra no top 5 foi a Eletrobras. A estatal registrou crescimento de 30% no lucro do primeiro trimestre, para R$ 1,6 bilhão, graças a revisões tarifárias que geraram aumento nas receitas de transmissão de energia. O período foi marcado pela troca de presidente da companhia. Wilson Ferreira Júnior deixou a empresa pela BR Distribuidora após a sinalização de que a privatização da Eletrobras empacaria no Congresso. O plano agora é um processo de venda de novas ações na bolsa para diluir a participação do governo na companhia.

Falando em estatal, nesta noite sai o balanço da Petro, que ainda foi sob a batuta do agora ex-presidente Roberto Castello Branco. A ver o que investidores reservam para a companhia na sexta-feira. Até amanhã.

Maiores altas

YDUQS: +9,67%

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Eletrobras ON: +6,90%

Equatorial: +4,74%

Via: +4,44%

Eletrobras PN: +4,13%

Natura: +3,90%

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Maiores baixas

Usiminas: -4,74%

Marfrig: -3,73%

Locaweb: -3,52% 

CSN: -3,01%

Bradespar: -2,98%

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Ibovespa: alta de 0,83%, aos 120.705 pontos

Em NY:

S&P 500: alta de 1,22%, aos 4.112,43

Nasdaq: alta 0,72%, aos 13.124 pontos

Dow Jones: alta de 1,29%, aos 34.020 pontos

Dólar: +0,15%, a R$ 5,31

Petróleo

Brent: -2,73%, a US$ 67,43 

WTI: -2,92%, a  US$ 64,16

 

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