Eneva (ENEV3) e Vibra (VBBR3) caem após proposta de fusão; Ibovespa fica de lado
Operação poderia criar gigante do setor de energia combinando dois perfis diferentes de negócios; veja prós e contras.
O Ibovespa começou a semana com uma segunda-feira preguiçosa – quem nunca, não é mesmo?
Sem grandes novidades tanto aqui quanto nos EUA, o índice passou a maior parte do dia de lado, perto da estabilidade. Fechou com alta de 0,17%, aos 125 mil pontos, mantendo o viés otimista de novembro, que já acumula 11% de ganhos. Das 86 ações, 50 subiram.
O destaque do dia ficou quase todo para o noticiário corporativo. Vamos a ele.
ENEV3 + VBBR3: vem aí?
Mais especificamente, quem protagonizou o pregão foi a notícia de que a Eneva (ENEV3) está propondo uma fusão com a Vibra Energia (VBBR3), a versão privatizada da antiga BR Distribuidora. A proposta é que a operação seja um “merger of equals” (fusão de iguais), ou seja, que, após a combinação, as ações da nova operação sejam dividida 50/50 entre os acionistas de cada empresa – o que significaria, na prática, um prêmio para a Eneva, já que ela vale menos na bolsa do que a Vibra (R$ 21 bi x R$ 26 bi).
Ambas compartilham um mesmo acionista, a gestora Dynamo, que apoia a ideia e foi o principal responsável por seu avanço.
Caso concretizada, a fusão criaria uma gigante no setor de energia, valendo quase R$ 50 bi, atrás só da Petrobras (PETR4) e Eletrobras (ELET6). Seria um negócio com atuação em várias frentes: desde o segmento de combustíveis até geração, comercialização e distribuição de energia, também com um destaque menor para a área de renováveis. A proposta é válida por 15 dias e ainda será avaliada pela Vibra.
Nesta segunda-feira, as ações envolvidas já abriram o dia em forte volatilidade, à medida que analistas e o mercado em geral avaliam os prós e os contras da possível fusão. Para a Eneva, o casamento ajudaria, principalmente, com a questão da sua relevante alavancagem – que está em 4,2 na medida dívida líquida/Ebitda. A empresa está endividada justamente porque apostou em várias aquisições recentemente – porque é um negócio com forte perspectiva de crescimento e aposta na expansão.
Já a Vibra é desalavancada, com forte geração de caixa e ótima pagadora de dividendos, porém com menos investimentos com foco em crescimento. De certa forma, esses perfis distintos se complementariam, na visão de parte dos analistas – criando um negócio capaz de investir tanto em expansão como em distribuição de proventos.
Além disso, no longo prazo, a fusão parece fazer sentido para a Vibra porque a tendência é que o setor de postos de gasolina perca força com a transição energética e o abandono gradual dos combustíveis fósseis. A combinação com a Eneva, então, traria diversificação para a empresa. Ao mesmo tempo, traria mais riscos com seu perfil de expansão, ao contrário do modelo mais consolidado e focado em dividendos da VBBR3 atual.
Ambas empresas são corporations, ou seja, sem um controlador único. O maior acionista da Vibra é justamente a Dynamo, que costurou a ideia da fusão, com 10,3% da empresa. Na Eneva, ela também tem uma fatia parecida: 10,77%, mas fica atrás dos dois maiores acionistas, o BTG Pactual e o Cambuhy (da família Moreira Salles).
Vale lembrar que a Petrobras não é mais acionista da Vibra desde 2021, quando concluiu seu processo de se desfazer das ações. Entre o governo petista, uma parte circula a ideia de reestatizar a empresa, mas nada concreto de fato que chegue a influenciar o mercado.
E o que o mercado achou da operação? As ações começaram o dia no azul, mas foram marcadas por forte volatilidade, até que firmaram em queda forte. No final, ambas tiveram tombos parecidos: -2,52% para ENEV3, -2,43% para a VBBR3. Vale ressaltar que o pregão foi negativo para o setor de energia em geral.
Para além disso
O mercado acompanhou, também, a votação no STF para julgar o drama do pagamentos dos precatórios, as dívidas que a União precisa pagar após decisão judicial definitiva. O Supremo Tribunal formou maioria para atender ao pedido do governo federal, que quer pagar R$ 95 bilhões de dívidas em créditos extraordinários, uma manobra que também tira esse montante do cálculo da meta fiscal.
Nos EUA, o dia foi marcado pelo modo espera, porque a semana reserva uma série de indicadores importantes para a economia americana, incluindo PIB e inflação.
No mercado internacional, o foco foi para a cotação do petróleo, que caiu 0,75%. Isso porque a Opep+, cartel que concentra importantes produtores da commodity, está batendo cabeça sobre quais devem ser os próximos passos do bloco. A Arábia Saudita, mais importante país do grupo, quer estipular novos cortes de produção, de modo a restringir a oferta e aumentar o preço do barril, que vem em trajetória de queda. Mas nem todos os membros concordam, e o mercado assiste ao impasse à espera de novas informações.
Bom descanso e até amanhã.
MAIORES ALTAS
Yduqs (YDUQ3): 10,73%
Cogna (COGN3): 7,19%
CSN Mineração (CMIN3): 6,28%
Gol (GOLL4): 3,85%
Eztec (EZTC3): 3,48%
MAIORES BAIXAS
Raízen (RAIZ4): -5,08%
3R Petroleum (RRRP3): -4,27%
Pão de Açúcar (PCAR3): -3,37%
Vamos (VAMO3): -3,28%
Hypera (HYPE3): -2,59%
Ibovespa: 0,17%, aos 125.731 pontos
Em Nova York
S&P 500: -0,20%, aos 4.550 pontos
Nasdaq: -0,07%, aos 14.241 pontos
Dow Jones: -0,16%, aos 35.333 pontos
Dólar: 0,03%, a R$ 4,8997
Petróleo
Brent: -0,75%, a US$ 79,87
WTI: -0,90%, a US$ 74,86
Minério de ferro: 0,36%, cotada a US$ 138,09 por tonelada na bolsa de Dalian (China)