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Entenda por que o mercado gostou do novo arcabouço fiscal (com ressalvas)

Regra, que limita gastos ao crescimento da despesa, não é consenso entre especialistas. Mas mercado reagiu positivamente, com bolsa subindo e dólar e juros futuros recuando.

Por Bruno Carbinatto, Camila Barros
Atualizado em 21 out 2024, 10h36 - Publicado em 31 mar 2023, 08h33
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 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Bom dia!

Depois de muita espera e ansiedade, o governo Lula III apresentou finalmente sua proposta de novo arcabouço fiscal, que veio para substituir o teto de gastos. O mercado, que vinha tendo uma relação complicada com a gestão petistas nesta reta inicial, teve uma primeira reação bem positiva: o Ibovespa subiu quase 2% e o dólar caiu 0,8% no dia da divulgação da nova regra.

Mas a digestão da medida segue na Faria Lima, enquanto rolam debates calorosos sobre os pontos fortes e fracos da regra entre economistas – o que é do jogo, é claro. Só o fato de termos uma proposta clara e objetiva colocada na mesa já é um alívio para o mercado, diga-se, e ajuda a explicar a comemoração de ontem. Um dos medos dos investidores, afinal, era que o teto de gastos fosse para a cova sem ter um substituto, alguma outra regra que controlasse a gastança, o que não ocorreu.

Explicamos tudo sobre o novo arcabouço neste texto, mas, em linhas gerais, a sua ideia é permitir uma maior flexibilidade ao governo. O teto de gastos limita as despesas do país ao mesmo valor, corrigido apenas pela inflação. Não há aumento real. Com a nova regra, o governo vai poder gastar mais, mas não o quanto quiser. O crescimento das despesas fica limitado a 70% do aumento da receita entre um ano e outro.

Há ainda uma segunda regra, que independe do quanto a receita variou: os gastos só podem aumentar em até 2,5%, e há um piso de 0,6% de crescimento da receita, o que dá à proposta um caráter anticíclico. 

Os detalhes ainda dividem e seguirão dividindo opiniões, mas é fato de que o mecanismo não é um caos de irresponsabilidade como muitos temiam.

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O mercado é especialmente cético no objetivo declarado do governo de zerar o déficit em 2024 e ter superávit de 0,5% do PIB em 2025 e de 1% em 2026, porque isso dependeria de um crescimento muito forte na receita. Vale lembrar que Haddad promete que a reforma tributária não aumentará a carga tributária nem criará novos impostos. De onde viria a grana para cumprir com as metas, então? É ainda uma pergunta em aberto.

No último pregão do mês, então, o arcabouço de ontem deve continuar repercutindo. Hoje, em São Paulo, o ministro Haddad tem agenda cheia com nomes importantes do setor produtivo e financeiro, incluindo encontros com presidentes do Santander Brasil, Anbima e Fiesp.

Em tempo: hoje é dia de dado importante nos EUA, o PCE. Esse é o indicador preferido do Fed para guiar suas decisões monetárias e pode trazer alguma emoção ao jogo. Além dele, vários dirigentes do próprio Fed falam ao longo do dia, então a novela dos juros por lá segue a pauta. O jogo da vez é tentar adivinhar se o banco central americano vai pausar o aperto ou se seguirá aumentando a taxa na próxima reunião. Os futuros americanos, por sua vez, não firmaram direção nesta manhã à espera dos novos capítulos.

Bons negócios.

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humorômetro: o dia começou sem tendência definida
(Arte/VOCÊ S/A)

 

S&P 500: 0,16%

Nasdaq: -0,04%

Dow Jones: 0,20%

*às 8h21

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market facts

Da Dafiti para a Guararapes

André Farber, o atual CEO da Dafiti, vai assumir o cargo de CEO da Guararapes (empresa controladora da Riachuelo) a partir de 2 de maio. Ele substituirá Oswaldo Nunes, que vai se aposentar após 50 anos de carreira na companhia. Ao Brazil Journal, a varejista disse que o executivo encaixa com as necessidades da empresa por ter um “background em moda, consumo e no digital”. E o mercado concordou: depois do anúncio, as ações GUAR3 fecharam em alta de 9,19%, a R$ 4,51

Assim como o restante do setor de varejo, a Guararapes tem sofrido com o combo juros altos e aumento da competição com o e-commerce chinês. Em um ano, as ações da companhia caíram 61%. 

Agenda

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9h IBGE divulga Pnad contínua até fevereiro

9h30 Índice de gastos com consumo (PCE) é divulgado nos EUA

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,43%

Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,21%

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Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,45%

Bolsa de Paris (CAC):0,54%

*às 8h24

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,31%

Hong Kong (Hang Seng): 0,45%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,93%

Commodities

Brent: 0,43%, a US$ 79,61

*às 8h07

Minério de ferro: 1,17%, cotado a US$ 131,98 por tonelada em Dalian (China)

Vale a pena ler:

Made in brazil

Seja para chips de última geração ou bugigangas de R$ 1,99, a Ásia é o destino certeiro para empresas que querem produzir em larga escala a custos baixíssimos. Países como China, Malásia e Vietnã oferecem benefícios fiscais para multinacionais e uma legislação trabalhista fraca, que permite que as empresas paguem uma mixaria para os funcionários. No Brasil, a CLT garante um salário mínimo e benefícios – por isso, o custo de produção aqui fica mais alto. Mas é justamente ela que vem atraindo empresas europeias preocupadas com ESG. Por lá, a etiqueta “made in Brazil” virou sinônimo de consumo ético. A BBC conta essa história aqui.

IA sem freio

Uma carta assinada por grandes nomes do setor de tecnologia pede que os desenvolvedores de softwares de inteligência artificial pausem novos lançamentos por pelo menos seis meses. Eles argumentam que a indústria entrou em uma corrida fora de controle, e que nem os próprios desenvolvedores conseguem prever ou controlar os efeitos que seus softwares de machine learning. Por isso, consideram que o futuro da IA pode representar um “risco profundo para a humanidade”. Elon Musk, que ajudou a fundar a OpenAI em 2015, é um dos signatários do manifesto. Leia a carta aqui

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