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Está achando a gasolina cara? Aguarde o litro a R$ 10

A matemática é implacável. Se o barril voltar aos patamares de 2008 e o dólar se mantiver alto, ainda vamos tomar muitos sustos na bomba. 

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 19 jan 2022, 19h26 - Publicado em 19 jan 2022, 19h25
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 (Caroline Aranha/VOCÊ S/A)
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E o petróleo subiu mais um teco: 1,06%, a US$ 88,44. É o preço mais alto desde… ontem. Com o detalhe que o preço de fechamento de ontem, US$ 87,51, já era o maior dos últimos sete anos. Não se via um Brent tão caro desde a época em que Dilma e Aécio disputavam o segundo turno da eleição presidencial, em outubro de 2014. 

Mas calma: tudo o que é ruim pode piorar. Mesmo perto da marcar dos US$ 100, o líquido viscoso ainda está longe do auge histórico: US$ 146, no dia 3 de julho de 2008. Faz tanto tempo que algumas coisas que estavam vivas naquela época já devem ter virado petróleo, então há de se colocar a inflação aí. 

US$ 146 de 2008 equivalem a US$ 189 de hoje. 

Ou seja: se a pânico com o barril perto de US$ 100, imagina roçando nos US$ 200. E não é uma realidade impossível. 

A crise global de 2008 deu uma rasteira no preço do barril. Aliado a isso, o maior produtor de petróleo do mundo dobrou sua produção. Arábia Saudita? Não: os EUA. O barril a quase US$ 150 lá de raz fez nascer uma tecnologia nova de extração por lá – tirar petróleo de rochas de xisto. Quando o preço do barril ensaiava novamente uma ida à estratosfera, veio a pandemia, que teve a pachorra de jogar o preço do Brent a US$ 20. 

Mas as rodas do mundo voltaram a girar. Nesta manhã, a Agência Internacional de Energia já anunciou que a demanda por petróleo no mundo deve voltar ao patamar pré-pandemia neste ano. 

Só tem um detalhe: não se investe mais tanto em novas tecnologias de prospecção. Os investimentos em energia concentram-se nas alternativas limpas, e toda a indústria automobilística está focada desenvolver carros (e caminhões) elétricos. 

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Louvável. Mas a guinada para a neutralidade de carbono tende a trazer uma dor: alguns anos em que a demanda por petróleo irá superar com folga a oferta. Investimento em prospecção de petróleo leva décadas. E menos investimento hoje significa menos petróleo amanhã. 

Isso tem tudo para elevar o preço da gasolina a patamares indigestos. Na época do petróleo a US$ 186 de hoje, o preço médio da gasolina no Brasil estava em R$ 2,50. Não é pouco. Dá R$ 6,82 atuais – praticamente a média de hoje nos postos (R$ 6,76). 

Só tem um detalhe. Lá atrás, o dólar estava a R$ 1,70 (R$ 3,65 de hoje). Agora, são R$ 5,46. Vamos imaginar uma realidade com o barril de volta ao nível recorde corrigido pela inflação, mas com o dólar ao preço de hoje. O que acontece com a gasolina? Vai a R$ 10. R$ 580 para encher o tanque de um Fiat Strada.

Moral da história: vá juntando para comprar um elétrico. 

Bolsa barata

E a bolsa fechou bonito hoje: 1,26%, dando um couro no S&P 500 (-0,97%). Não foi o petróleo. PetroRio, que tende a subir mais do que a Petrobras em momentos de alta do barril (já que não sofre influências governamentais) ficou em 0,29%. Petrobras caiu (-0,47). Tampouco foi o minério de ferro, que subiu 2,80% hoje. A Vale só acompanhou (2,20%) – e ela é grande (corresponde a 13% do Ibovespa), mas não é duas. Nem ela nem suas pares da mineração têm como garantir sozinhas uma alta de 1,26%. 

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O ponto é que a bolsa brasileira está barata. Sabe-se o preço real de um índice comparando o valor somado de todas as empresas que estão ali ao lucro que elas deram nos últimos 12 meses. O número que surge é o “P/L” – Preço sobre Lucro. Nas épocas de vacas de mais gordas, o do Ibovespa costumava ficar em torno de 15. Hoje, é de 6,9. O S&P 500 está 28 (o dobro da média histórica deles).

Num cenário assim, alguns dias são de correção mesmo. A lógica exerce uma certa gravidade de vez em quando. 

Até amanhã.

 

Maiores altas

Locaweb (LWSA3): 12,64%

Americanas S/A (AMER3): 9,89%

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Lojas Americanas (LAME4): 9,40%

Banco Inter (BIDI11): 8,69%

Cyrella (CYRE3): 7,58%

Maiores baixas

Embraer (EMBR3): – 2,78%

Cogna (COGN3): – 2,22%

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Yduqs (YDUQ3): – 1,32% 

Azul (AZUL4): – 1,32% 

Minerva (BEEF3): – 1,30% 

Ibovespa: 1,26%, aos 108.013 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,97%, aos 4.532 pontos

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Nasdaq: -1,15%, aos 14.340 ponto

Dow Jones: -0,96%, aos 35.029 pontos

Dólar: -1,70%, a R$ 5,46

Petróleo

Brent: 1,06%, a US$ 88,44

WTI: 1,14%, a US$ 85,80

Minério de ferro: 2,80%, a US$ 131,23 no porto de Qingdao (China)

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