ETFs sofrem com queda do dólar e das bolsas americanas
Número de fundos disparou, mas o dinheiro aportado em ETFs encolheu.
Na virada de 2020 até o fim de março, foram lançados 35 novos ETFs na bolsa brasileira. Antes, existiam 29 fundos que acompanham índices – sem gestão ativa, subindo e descendo de acordo com o Ibovespa, por exemplo. O crescimento era previsível, dado que a gente se espelha no mercado americano. Por lá, já existe mais dinheiro investido em ETFs que em fundos comuns, nos quais um gestor decide o que fazer com o dinheiro.
Investidores aportaram R$ 9 bilhões nesses fundos no ano passado, um salto de 266% em relação a 2020. Impressionante. Mas no mesmo período, o patrimônio líquido (o montante total que existe em ETFs) subiu de maneira bem mais modesta, 24%. Pior, ele começou a cair a partir de outubro. Faz sentido, claro, já que o Ibovespa tombou no segundo semestre do ano passado.
Agora acontece um movimento curioso. Mesmo com a chegada de mais sete ETFs à bolsa só nos três primeiros meses de 2022, e a alta do Ibovespa no ano (15% até o final de março), a captação líquida está caindo. Investidores estão saindo dos ETFs em busca de outras aplicações. No ano, o montante de retiradas supera em R$ 1,45 bilhão o de novos aportes, de acordo com a Anbima.
Uma das razões para o sofrimento dos ETFs são os juros altos, que tornam a renda fixa mais atrativa. Outra é a queda das bolsas americanas (-4% até março), e do dólar (-15%). Os ETFs são divididos, pela B3, em renda fixa, renda variável Brasil e renda variável internacional.
Dois terços dos 622 mil investidores de ETFs têm na carteira fundos que acompanham o mercado gringo. O maior ETF por essa métrica é o IVVB11, que segue o desempenho do S&P 500, o mais importante índice de ações do mundo, e (naturalmente) cotado em dólar. Logo depois vem o HASH11 e seus 149 mil cotistas interessados em ganhar com eventuais altas das criptomoedas – também cotadas na moeda americana.
No acumulado do ano, os dois fundos tombam mais de 20%, já que contabilizam a baixa do dólar mais a dos ativos em que estão lastreados (ações americanas e cripto), arrastando para baixo o mercado de ETFs como um todo.