EUA vão para o feriado em clima de Black Friday: liquidando tudo
Véspera do dia de Ação de Graças nos EUA deixa bolsas no negativo. Aqui, investidores acompanham PEC dos Precatórios no Senado.
Bom dia!
A quarta-feira começa com uma agenda lotada, aquela correria clássica que antecede um feriadão. Amanhã é dia de Ação de Graças nos EUA, e a bolsa americana não abre. Na sexta, investidores retornam para um pregão mais curto – que tende a ser minguado em volume de negócios.
Antes de feriados, o mercado financeiro tem a tendência de ir para o negativo. Investidores colocam uma grana no bolso e adotam uma postura mais cautelosa com suas apostas, uma forma de proteger o patrimônio caso o mundo seja atropelado por uma nova crise – vai saber. Isso fica ainda mais acentuado quando o cenário econômico está mais turvo.
Lá nos EUA, investidores estão às voltas de novo com os problemas causados pela alta da inflação, e a decisão de Joe Biden de intervir nos preços do petróleo para amenizar o choque não ajuda a acalmar investidores. Empresas tech derretem ante o medo de uma alta de juros (leia mais em market facts). Não à toa, os contratos futuros das bolsas americanas começam o dia apontando para uma queda, no melhor estilo esquenta Black Friday.
Aqui no Brasil, investidores precisam decidir se vão se importar com o plano de Brasília de 1) tornar o Auxílio Brasil permanente, mesmo sem uma fonte de receitas para pagá-lo e, 2) com o reajuste anual automático pela inflação, igualmente sem uma previsão de fonte de dinheiro.
Isso porque nesta manhã a Comissão de Constituição e Justiça do Senado deve ler o texto da PEC dos Precatórios, a que existe para pagar o Auxílio até o fim do próximo ano, e nada mais. O mercado financeiro apoia a PEC, mas não com as mudanças recentes. Fica no espírito meme do Chico Buarque feliz/triste.
Fernando Bezerra, relator da PEC dos Precatórios no Senado, diz não ver problema com a criação de uma despesa permanente sem a fonte de receitas. E jogou o problema para o futuro: o dinheiro do Auxílio Brasil poderia vir da tal da reforma do Imposto de Renda, com a taxação de dividendos. Até o Touro de Ouro, retirado da frente da B3 porque fazia propaganda irregular de uma empresa, sabe que essa é uma proposta sem chance alguma de avançar. Boa quarta-feira.
Futuros S&P 500: -0,43%
Futuros Nasdaq: -0,52%
Futuros Dow: -0,44%
*às 8h13
Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,38%
Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,10%
Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,59%
Bolsa de Paris (CAC): -0,43%
*às 8h12
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,07%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,58%
Hong Kong (Hang Seng): 0,14%
Brent: -0,49%, a US$ 81,91*
Minério de ferro: 2,92%, a US$ 102,75, no porto de Qingdao na China
*às 8h13
9h30 CCJ do Senado lê relatório PEC dos Precatórios
10h A Receita libera os dados sobre a arrecadação federal em outubro
10h30 Os EUA divulgam os números de pedidos de auxílio-desemprego e a segunda leitura (de quatro) do PIB do terceiro trimestre
14h30 Tesouro Nacional divulga relatório da dívida pública
16h Fed divulga a ata da última reunião, em que detalhará a decisão de reduzir os estímulos à economia dos EUA
Inferno astral das maquininhas
Um levantamento do Estadão/Broadcast mostrou que as empresas brasileiras de maquininhas de cartões listadas em bolsas de valores perderam quase R$ 160 bilhões em valor de mercado em 2021. O prejuízo equivale a um Banco do Brasil inteiro na B3. Quem puxa a desvalorização é a Stone (listada na Nasdaq, perdeu R$ 105,1 bi), seguida por PagSeguro (NYSE, -R$ 46,2 bi), Cielo (B3, -R$ 5,1 bi) e GetNet (B3, -R$ 848 milhões). Os motivos: a ascensão do Pix, a alta dos juros, a inflação nas techs americanas (em NY, as gestoras de maquininhas fazem parte deste setor) e o forte acirramento da concorrência.
A Stone passa por um escrutínio ainda maior: está sendo processada por investidores porque não teria deixado claro qual o risco que ela corria ao dar crédito. Aqui no Brasil, a briga entre as empresas de maquininhas já rola solta. Mas a chegada da crise aos EUA tem um efeito colateral: colocou em dúvida as fintechs justamente quando o Nubank se prepara para fazer o IPO lá.
Fim da linha
A BR Malls (BRML3) e a Multiplan (MULT3) anunciaram o fim da Delivery Center – empresa de entregas da qual eram as principais acionistas. Desde 2016, quando foi criada, a empresa recebeu R$ 160 milhões em investimentos. Só que o negócio não virou nem com a pandemia. Tampouco os lojistas aderiram ao serviço. A avaliação de investidores é que, apesar da experiência em varejo e serviços, faltou know how em distribuição e tecnologia. Nos balanços registrados até setembro, BR Malls e Multiplan reportaram prejuízo de R$ 72 mi e R$ 62 mi, respectivamente, com a agora finada Delivery Center.
Banco esquerdista
Em entrevista ao Financial Times, Paulo Guedes chamou os grandes bancos brasileiros de “militantes políticos” por preverem que o país entrará novamente em recessão em 2022. Desde outubro, bancos como o Itaú afirmam que existe esse risco, um reflexo da alta das taxas de juros para conter a alta da inflação.
Guedes negou que exista esse risco e voltou a dizer que o país vive uma recuperação em V. Além disso, jogou para o universo a culpa do rompimento do teto, dizendo que a dívida dos precatórios era um meteoro que sobrevoou governos anteriores, mas caiu no colo de Bolsonaro. Para Guedes, a PEC dos Precatórios representa apenas uma “desaceleração da velocidade fiscal de ajuste”. Leia aqui.
Crise de identidade
O mercado classifica todo mundo em três caixinhas: conservador, moderado e arrojado. É uma obrigação legal, mas também um conceito útil para seu planejamento financeiro. Na edição deste mês da Você S/A, explicamos o que realmente significa cada termo e como se encontrar nessas caixinhas. Aqui.