Europa mantém cautela sobre embargo do petróleo russo
Rússia promete retaliar uma eventual sanção ao seu óleo cortando o fornecimento de gás para a Europa, que não teria como substituí-lo da noite para o dia. Enquanto isso, o barril segue subindo.
Seu amigo é um psicopata. No último churrasco, roubou o celular do vizinho que você tinha convidado, saiu na mão com o zelador do seu prédio, levou Malt 90 e ficou tomando Heineken. Você decide dar um basta na relação. Mas, pô, de vez em quando o cara até que é legal. Então você fala pra ele: “Olha, não rola mais de você ir na minha e tal, mas a gente continua se encontrando para tomar uma no fim de semana. De boa”.
Essa é mais ou menos a situação entre a Europa e a Rússia hoje. O continente não suporta mais Putin, só que não pode abrir mão de continuar comprando gás natural da Rússia (40% do gás europeu vem de lá); nem petróleo (25%).
Os líderes europeus, então, entraram de cabeça nas sanções financeiras: cortaram a maior parte dos bancos russos do Swift e impediram o acesso às reservas internacionais russas (cuja maior parte está depositada em bancos europeus). Mas o fluxo de gás segue aberto, principalmente via Nord Stream 1, o gasoduto submarino que liga Rússia e Alemanha via Mar Báltico. Os russos continuam mandando gás, e os europeus seguem pagando. Idem para o petróleo.
Os EUA não dependem de gás russo e importam relativamente pouco petróleo da terra de Putin (7% do total que vem de fora) – algo fácil de repor se as conversas para acabar com o embargo ao óleo venezuelano forem para a frente. Então praticamente já decidiram encerrar as compras de energia russa (ou seja, o óleo e o gás). A medida ainda precisa passar pelo congresso americano, que deve votá-la o mais rápido possível.
Mas falta combinar com os europeus. Olaf Sholz, primeiro-ministro da Alemanha comunicou ontem que não pretende entrar nesse embargo: “O suprimento da Europa para aquecimento, mobilidade, energia elétrica e indústria não tem como ser garantido de outra forma [que não manter a compra de energia dos russos]. Logo, isso é de essencial importância para a manutenção dos serviços públicos e do cotidiano dos nossos cidadãos”.
Moscou também deu sua resposta. Disse que, se as restrições europeias ficarem só no petróleo, irá cortar por conta própria o fornecimento de gás. “Temos todo o direito de tomar uma decisão equivalente e impor um embargo ao gás, fechando o Nord Stream 1”, disse num pronunciamento à TV estatal russa o primeiro-ministro Alexander Novak. A ver se eles teriam bala para manter a guerra sem esse fluxo de dinheiro. Mas a ameaça está feita.
Enquanto segue a sinuca geopolítica, o petróleo acelera. Mais 2% de alta nesta manhã, a US$ 125,84. Por aqui, o governo se reúne hoje para decidir quais serão as medidas para segurar a alta nos combustíveis. Ou seja: o quanto desse pato a Petrobras terá de pagar, ao ser forçada a vender gasolina no mercado interno a um preço menor daquele que pagou lá fora pelo combustível.
Boa terça.
Futuros S&P 500: 0,40%
Futuros Nasdaq: 0,18%
Futuros Dow: 0,29%
*às 8h15
Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,19%
Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,55%
Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,02%
Bolsa de Paris (CAC): 0,64%
*às 7h40
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -2,01%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,71%
Hong Kong (Hang Seng): -1,39%
Brent: 2,13%, a US$ 125,84
*às 7h40
10h A Anfavea divulga a produção e venda de veículos em fevereiro.
Transporte de carga
A Embraer anunciou que está expandindo o seu negócio para o mercado de transporte aéreo de cargas. A companhia planeja converter os jatos E190F e E195F, que levam passageiros, para cargueiros – o E190 terá capacidade para 10,7 toneladas de carga útil, enquanto a do E195 será de 12,3 toneladas. O novo braço da empresa deve entrar em funcionamento no início de 2024 e atenderá a demanda de transporte do comércio eletrônico. A Embraer projeta que terá mais 700 unidades de carga nos próximos 20 anos.
Segurança de dados
O Mercado Livre informou que os dados de 300 mil usuários foram acessados após parte do código-fonte do seu sistema ter sido alvo de um acesso não autorizado. Segundo a empresa, não foram encontradas evidências de que tenham sido obtidas senhas de usuário, saldos em conta, investimentos, informações financeiras ou de cartão de pagamento; assim como o seu sistema não foi comprometido.
Ela mudou a segurança do Uber
Nos últimos anos, muitos motoristas de Uber já foram acusados assédio sexual contra mulheres, o que fez com que a empresa adotasse medidas para tentar reduzir os casos de violência. Quem esteve à frente dessas mudanças foi Jill Hazelbaker, vice-presidente sênior de marketing e relações públicas da companhia. Em entrevista para o The New York Times, a executiva conta como foi criado o Relatório de Segurança, lançado em 2019, e medidas como o compartilhamento do trajeto e reconhecimento dos motoristas. Leia aqui (em inglês).
Está de volta a divulgação dos resultados de companhias brasileiras. Hoje tem Vulcabrás, Grupo GPS, Log e Log-In.