Expectativa de Congresso conservador nos EUA alegra manhã em Wall Street
Os americanos apostam em predomínio republicano nas eleições de meio de mandato e aguardam os dados de inflação de outubro na quinta. Enquanto isso, o Brasil lida com as manobras de Lira.
A transição de governo no Brasil rouba os holofotes do exterior, mas estamos diante de uma semana cheia no noticiário dos EUA, também: hoje, os americanos vão às urnas para as eleições de meio de mandato – que, como o nome já diz, ocorrem dois anos depois do pleito que escolhe o presidente do país (pois é, o tempo voa: Biden foi eleito em 2020 e fica até 2024).
Os americanos vão renovar os 435 membros da Câmara, trocar 35 dos 100 membros do Senado e 36 dos 50 governadores. No Tio Sam, alguns estados escolhem um novo governador no mesmo dia em que votam para presidente; outros esperam o meio do mandato, aquela ocasião em que os brasileiros elegem só prefeitos e vereadores.
A expectativa é que, terminada a apuração – contagem homérica que levará no mínimo quatro dias, graças ao sistema descentralizado e caótico dos EUA, onde vários Estados ainda usam de cédulas de papel –, pelo menos uma das casas do Congresso passe a ter maioria republicana. De fato, o mais provável é que ambas se tornem majoritariamente conservadoras, uma onda que agrada o mercado financeiro: os índices de Nova York fecharam o pregão em alta ontem, e os futuros estão em ligeira alta agora de manhã: S&P 500 marcava 0,12%; Nasdaq, 0,34% às 7h52. A tendência é que seja um bom dia em Wall Street.
Na quinta-feira, o CPI de outubro, equivalente ao nosso IPCA, tem potencial para azedar os ânimos do mercado. O mais importante indicador de inflação dos EUA não só vai indicar se o aperto do Fed na taxa básica de juros está funcionando – já se acumulam quatro altas seguidas de 0,75 ponto percentual, mas a inflação de setembro ainda foi 8,2% em doze meses –, e também dá uma chave de leitura diferente para a taxa de desemprego dos EUA, que veio excelente: só 3,7%, com a abertura de 261 mil novas vagas.
Se a inflação der sinais de cansaço, pode ser sinal de que o mercado de trabalho também está prestes a esfriar, e de que a atividade econômica como um todo finalmente está sentindo o baque da política monetária linha-dura. Isso pode indicar um Fed comportadinho na reunião de dezembro, que dê uma alta de 0,5 pp ou até 0,25 pp para Wall Street no Natal.
De qualquer forma, mesmo que a inflação em outubro tenha sido trágica, Jerome Powell, o chefão do conselho Jedi, já falou que pretende diminuir o tamanho dos saltos na “Selic” americana (ainda que não tenha intenção de interromper sua subida tão cedo).
No Brasil, vamos descobrir o IPCA também na quinta, e o provável é que ele venha com inflação após meses de deflação: o Boletim Focus mais recente prevê 0,42%. Mais sobre isso amanhã cedo.
Hoje, o jeito é continuar acompanhando a transição de governo. Por ora, nada de equipe econômica. Lula vai pessoalmente a Brasília – é sua primeira visita à capital desde o pleito – buscar apoio para os ajustes que precisa fazer no orçamento de 2023.
Enquanto isso, Lira chamou deputados de esquerda para um cafezinho da manhã, um afago na oposição para se reeleger e manter o orçamento secreto (para barganhar, o presidente da Câmara tem na manga dois ajustes tributários que tirariam R$ 100 bilhões de arrecadação no que vem, dinheiro que o PT gostaria de ter na mão).
No assunto Petrobras, a turma de Lula está estudando uma maneira de desatrelar, na medida do possível, o preço dos combustíveis à cotação do barril lá fora.
Também é um dia quente para a temporada de balanços do terceiro trimestre. No Brasil, BTG Pactual e GetNet anunciam seus resultados antes do início das atividades. Após o fim do pregão, são dezenas de relatórios. Rola a página e dá uma olhadinha na agenda lá embaixo.
Bom dia e bons negócios.
Futuros S&P 500: 0,12%
Futuros Nasdaq: 0,34%
Futuros Dow: 0,13%
*às 7h52
Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,15%
Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,20%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,26%
Bolsa de Paris (CAC): -0,19%
*às 7h54
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,69%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): 2,66%
Hong Kong (Hang Seng): -0,23%
Brent: -0,77%, a US$ 97,17 o barril
Minério de ferro: 2,03%, a US$ 87,95 a tonelada, na bolsa de Cingapura
*às 8h13
CEO da Petz sobre reforma tributária
Em entrevista ao Estadão, o fundador e CEO da Petz, Sergio Zimerman, defendeu a taxação de dividendos e disse acreditar que a mãe de todas as reformas é a tributária. Para ele, um bom sistema tributário é aquele que serve de ferramenta para reduzir a concentração de renda no país, que hoje tem um modelo de impostos regressivos – ou seja, taxa mais quem ganha menos. “Eu, como CEO da companhia, pago menos imposto do que um operador de caixa da minha empresa. Isso é uma vergonha”, disse Zimerman.
A volta dos que acabaram de ir
Logo depois de Musk tomar as rédeas do Twitter, no final de outubro, a empresa começou uma série de demissões em todas as suas unidades ao redor do mundo. Por email, o passarinho azul demitiu 3.700 funcionários na semana passada, alegando ser necessário cortar custos. Agora, alguns deles estão sendo chamados de volta – ou porque foram demitidos por engano, ou porque a função deles se mostrou mais importante do que o esperado. A Bloomberg conta essa história aqui.
Reparação norte-sul
A COP-27, conferência sobre mudanças climáticas realizada pela ONU, começou no último domingo. Na abertura do evento, o que deu o tom foi a discussão sobre reparação financeira para os países pobres.
Os maiores responsáveis pela crise climática são os países ricos, que se industrializaram às custas da emissão de gases do efeito estufa e até hoje são os maiores poluentes. Mas quem paga mais caro são os países pobres, da América Latina, África e Ásia – o “sul” metafórico do mundo, que não tem estrutura para amenizar as perdas causadas por desastres naturais. Daí o debate sobre uma transferência de dinheiro do norte para sul: seria uma espécie de pedido de desculpas pelo passado e apoio moral para o futuro. Aqui, o Estadão conta o que os representantes mundiais pensam sobre isso.
EUA, 18h30: estoques de petróleo da semana.
EUA, dia todo: eleições de meio de mandato.
Brasil, antes do pregão: BTG Pactual e GetNet
Brasil, após o pregão: 3R Petroleum, Banco Inter, Bradesco, Brasil Agro, Braskem, C&A, Caixa Seguridade, CBA, CVC, Engie, Grupo Soma, Iguatemi, Méliuz, Qualicorp, Totvs, XP, Arezzo e Terra Santa