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Faria Lima comemora aprovação da PEC dos Precatórios e Ibov sobe 3,66%

Bolsa ignora queda do PIB e economia em recessão técnica. Foco está no fim de 2021.

Por Bruno Carbinatto, Tássia Kastner
2 dez 2021, 18h31
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 (Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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É o fim da novela: depois de meses de vai-não-vai, a PEC dos Precatórios, projeto que abre espaço nas contas públicas para financiar as medidas populistas do presidente Bolsonaro, finalmente foi aprovada em dois turnos no Senado. Em novembro, o texto já havia passado pela Câmara dos Deputados.

O mercado respondeu com alívio: forte alta de 3,66% no Ibovespa, retomando aos 104 mil pontos, depois de atingir o menor patamar do ano ontem (1º). Não é que a Faria Lima morra de amores pela PEC – afinal, o projeto altera a metodologia do cálculo do teto de gastos para abrir espaço para mais gastança e ainda pedala parte dos precatórios de 2022, as dívidas que o governo precisa pagar após decisão judicial, para os anos seguintes. O objetivo do governo é ter dinheiro para pagar o Auxílio Brasil, o Bolsa Família turbinado de Bolsonaro, com parcelas de R$ 400. Isso tudo grita irresponsabilidade fiscal, claro.

Acontece que o mercado decidiu adotar política de redução de danos, e entendeu que essu buraco no Orçamento ainda impõe algum limite. Afinal, Bolsonaro não abrirá mão de seus projetos populistas em ano eleitoral, especialmente porque a sua popularidade está na mínima histórica. Se não for via PEC dos Precatórios, que ainda mantém um regra e uma certa previsibilidade para a gastança, o governo tinha como plano B prorrogar o auxílio emergencial, uma alternativa ainda pior em termos fiscais. Com essa possibilidade descartada, a Faria Lima suspirou de alívio.

Ok, não é exatamente o fim definitivo da novela – como o projeto sofreu alterações no Senado, ele volta à Câmara para ser votado novamente. Mas parece certo que o governo já conseguiu negociar com o Legislativo para viabilizar seu texto. Entre as mudanças feitas pelos senadores, está a previsão do Auxílio Brasil ser um programa permanente – havia o medo dele durar apenas no ano eleitoral.

A outra, vista como negativa pela oposição, foi permitir a formação de filas de famílias à espera do benefício, caso o governo diga que não tem dinheiro para apoiar quem precisa.

Pibinho

Na esteira da aprovação da PEC, o Ibovespa até se deu ao luxo de ignorar uma notícia bastante negativa. O Brasil entrou em “recessão técnica”, o termo do economês para quando um país registra queda no PIB por dois trimestres consecutivos.

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O Produto Interno Bruto do Brasil no terceiro trimestre caiu 0,1% em relação ao trimestre anterior, divulgou o IBGE. No segundo trimestre, a queda foi de 0,4% (segundo o dado revisado – a divulgação anterior falava em queda de 0,1%). No ano, porém, a economia brasileira ainda deve crescer 4,8% em relação a 2020 (quando rolou a pandemia).

Os resultados já estavam em linha com as expectativas do mercado, que se dividiam entre o zero, uma quedinha e uma altinha. Daí que o número de fato não chegou a abalar os investidores. A treta é o que vem pela frente. As expectativas para o crescimento da economia. No radar, bancos como Itaú e Credit Suisse preveem recessão de verdade para 2022 – e essas projeções são de antes da chegada da variante Ômicron e seus possíveis efeitos sobre a economia global.

O fato é que até os mais otimistas começam a maneirar. É o caso do otimista-mor Paulo Guedes, que chama as previsões de recessão de “exageradas” e “conversa de maluco”. Para o ministro da economia, a alta no Ibovespa de hoje é prova de que as expectativas para o futuro são boas, ignorando a enorme lista de problemas pela frente. E, dito isso, mesmo ele admitiu que o Brasil vai “crescer um pouco menos” por causa da inflação. É que a inflação obriga o Banco Central a subir juros. E não existe fábrica de recessão tão eficiente quanto juro caro. 

Guedes sabe que a bolsa subiu por causa da PEC e pela ajudinha de Nova York. As bolsas americanas decidiram reverter dois dias de tombo e subiram com gosto. Não há nada de novo no horizonte, talvez só aquele otimismo de quem diz “pelo menos esse ano está quase acabando”. Faltam 19 pregões para 2022.

Maiores altas

Braskem (BRKM5): 9,51%

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JHSF (JHSF3): 8,42%

CSN (CSNA3): 9,17%

Petrobras ON (PETR3): 8,18%

Sabesp (SBSP3): 8,07%

Maiores baixas

Americanas (AMER3): -3,00%

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Banco Inter – Units (BIDI11): -2,27%

Grupo Soma (SOMA3): -2,09% 

Petz (PETZ3): -2,01%

Lojas Americanas (LAME4): -1,96%

Ibovespa: 3,66%, aos 104.466 pontos

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Em Nova York

S&P 500: 1,42%, aos 4.577 pontos

Nasdaq: 0,83%, aos 15.381 pontos

Dow Jones: 1,82%, aos 34.641 pontos

Dólar: -0,19%, a R$ 5,6600

Petróleo

Brent: 1,16%, a US$ 69,67

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WTI: 1,42%, a US$ 66,50

Minério de ferro: -2,75%, a US$ 101,62 a tonelada no porto de Qingdao (China)

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