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Faria Lima faz as pazes com Brasília e Ibovespa sobe 1,54%

Queda nas vendas do varejo fez investidores corrigirem apostas para os juros – e derrubou o dólar a R$ 5,40.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 18 out 2024, 09h22 - Publicado em 11 nov 2021, 18h37
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 (Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Depois de uma espiral negativa que fez o Ibovespa cair 6,7% em outubro, o tempo parece lentamente clarear na Faria Lima após a aprovação da PEC dos Precatórios na Câmara dos Deputados. A sensação é que o mercado pode ter exagerado no pessimismo com o cenário fiscal e, com uma solução encaminhada, agora é hora de tirar o atraso. Pelo menos por hoje, o Ibovespa operou em forte alta nesta quinta-feira: 1,54%, retomando os 107 mil pontos. O dólar caiu 1,74%. 

É que a PEC dos Precatórios é o menor dos males. Partindo do pressuposto de que o governo Bolsonaro não vai abrir mão de seu Bolsa Família turbinado em ano eleitoral, é melhor que haja algum tipo de regra para as contas públicas do que continuar pagando o Auxílio Emergencial via créditos extraordinários (que não entram no teto) – um plano B ainda mais caótico. Lembrando: a PEC pedala parte das dívidas do governo de 2022 para os anos seguintes e muda a metodologia de cálculo do teto de gastos, liberando um total de R$ 91,6 bilhões para o governo gastar.

O próprio governo vem apostando nesse argumento para acalmar o mercado. Segundo apurou o Estadão, o novo secretário especial de Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago, vem promovendo encontros com players do mercado financeiro para justificar que a PEC é a melhor saída para o impasse orçamentário e fazer as pazes entre a Faria Lima e Brasília. Um dos pontos levantados a favor do projeto é que ele já dimensiona o tamanho do rombo com antecedência – e o mercado gosta dessa previsibilidade.

A proposta ainda tem que ser aprovada no Senado, mas o fato de que o texto passou nas duas votações da Câmara, inclusive com votos de deputados de partidos de oposição, dá forças à ideia de que o governo conseguirá negociar uma aprovação completa da lei. Nisso, o mercado se aliviou com uma solução (ainda que imperfeita) para a incerteza fiscal que assombrava o Ibovespa há algum tempo e continuou a recuperação iniciada ontem. 

De novidade nesta quinta-feira, o IBGE divulgou que as vendas no varejo brasileiro caíram 1,3% em setembro ante agosto, e 5,5% em comparação com o mesmo período do ano passado. Natural: com a inflação decolando, as pessoas compram menos.

Mas o mercado decidiu ver o copo meio cheio: se a economia anda tropeçando, o Banco Central não tem muito espaço para aumentar os juros (que desestimulam ainda mais o consumo). Aí os temores de que a Selic pode subir 2 pontos percentuais na próxima reunião do Copom, ao invés de 1,5 p.p., foram reduzidos. 

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Bem, nem precisa apostar, na verdade. A diretora do Banco Central Fernanda Guardado mesmo falou hoje que o ritmo de aperto da Selic em 1,5 ponto porcentual ainda “parece apropriado”. Nisso, os juros futuros caíram.

Vale e cia

Outros dois motivos para justificar o otimismo vieram da China. Segundo informações da Bloomberg, a Evergrande pagou a credores, dentro do prazo, os juros de três títulos em dólares. As coisas não continuam nada bem para a incorporadora, mas a notícia ajudou a aliviar o medo de que uma falência da empresa contamine a economia chinesa.

Nisso, o preço do minério de ferro subiu 4,13% em Qingdao, levando junto nossas empresas de mineração e siderurgia, com destaque para a Vale (3,53%). Investidores também esperam bons ares futuros para toda-poderosa do Ibovespa e suas companheiras de setor com o plano trilionário de infraestrutura americano, que já foi aprovado no Congresso e deverá ser sancionado por Biden em breve. 

Do outro lado…

Quem não aproveitou a onda de otimismo de hoje foi a Via (antiga Via Varejo). É que a dona das Casas Bahia e Ponto Frio divulgou, em seu balanço trimestral, a reserva de mais R$ 1,2 bilhão para pagar processos trabalhistas. A varejista já tinha cerca de R$ 1,3 bi separados para problemas na Justiça, levando o total de gastos com esse fim a R$ 2,5 bi. 

Em 2011, a Via começou a apostar na estratégia de enxugamento do seu quadro de funcionários para melhorar a rentabilidade. Mas, com isso, veio uma enxurrada de processos trabalhistas que agora pesam nas contas da empresa.

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As ações da Via despencaram 12,48% no pregão de hoje, liderando com folga as maiores perdas do índice. O cenário de juros e inflação altos também não ajuda em nada a melhorar as expectativas da varejista. O Credit Suisse trocou a recomendação de “compra” dos papéis VIIA3 para “venda”.  A companhia tenta se defender, dizendo que os problemas são decorrentes de políticas passadas da empresa, que já mudaram. Mas não colou.

Maiores altas

Méliuz (CASH3): 10,34%

Azul (AZUL4): 9,83%

CSN (CSNA3): 7,46%

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Banco Pan (BPAN4): 7,39%

Banco Inter – PN (BIDI4): 6,33%

Maiores baixas

Via (VIIA3): -12,48%

Braskem (BRKM5): -2,94%

Taesa (TAEE11): -2,40%

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RaiaDrogasil  (RADL3): -2,39%

Minerva (BEEF3): -1,91%

Ibovespa: 1,54%, aos 108.669 pontos

Em Nova York

S&P 500: 0,06%, aos 4.649 pontos

Nasdaq: 0,52%, aos 15.704 pontos

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Dow Jones: -0,44%, aos 35.921 pontos

Dólar: -1,74%, a R$ 5,4042

Petróleo

Brent: 0,28%, a US$ 82,87

WTI: 0,31%, a US$ 81,59

Minério de ferro: 4,13%, negociado a US$ 92,57 por tonelada no porto de Qingdao (China)

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