Fed agenda festa macabra dos 100 mil pontos, mas Ibovespa desmarca

O BC dos EUA finalmente reconheceu que a inflação não é transitória – e jogou as bolsas na lona.

Por Tássia Kastner
Atualizado em 30 nov 2021, 18h33 - Publicado em 30 nov 2021, 18h30
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 (Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Se tem uma coisa que o brasileiro entende é de puxadinho feito para ser provisório, mas que se torna permanente. Os EUA, depois de meses e meses, aprenderam o conceito na prática. Nesta terça, o presidente do Banco Central americano, Jerome Powell, jogou a toalha e reconheceu que a inflação não é transitória, como antes ele acreditava. E ainda indicou que deverá enxugar dinheiro da economia americana para controlá-la.

Powell disse que o Fed deverá discutir na próxima reunião, ainda em dezembro, a antecipação do fim do programa de compra de títulos. A iniciativa tira de circulação esses papéis e coloca no lugar dinheiro. O processo começou a ser desfeito neste mês. 

Foi um cavalo de pau na comunicação do Fed com o mercado financeiro, que vinha indicando parcimônia na retirada de estímulos, já que anda difícil prever o que acontecerá com a pandemia. Daí que caiu como uma bomba em Wall Street – e na Faria Lima. O Ibovespa chegou a chamar os convidados para o desaniversário de 100 mil pontos. É que o índice passou uma parte considerável do pregão no patamar, rememorando a marca histórica que, no passado, era motivo de comemoração. 

No fim, terminou com queda de 0,87%, a 101.915 pontos. Foi lucro. No mês, a perda foi de 1,53%.

Pelas previsões de analistas do mercado, feitas há um ano, era para a gente estar caminhando para fechar o ano entre 130 mil e 150 mil pontos – expectativas bastante altas que levavam em conta uma forte aceleração econômica. O que subiu mesmo foram a inflação e os juros por aqui, limitando o potencial de valorização das ações. Agora, tudo indica que a bolsa brasileira fechará o ano com queda. Com o fim de novembro, a baixa é de 14,3% em 2021.

Lá fora o dia foi pior, mas o quadro geral não é tão desolador. O S&P 500 tombou 1,90%, enquanto o Nasdaq cedeu 1,55% nesta terça. No mês, o clube das 500 maiores recuou 0,82%, enquanto o índice tech conseguiu segurar a alta: +0,25%.

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Já o dólar voltou a subir e fechou a R$ 5,6355. É que essa aspiração de dólares do Fed deixa a moeda mais escassa. Além disso, a tendência é que os juros americanos subam, atraindo mais verdinhas de volta para casa.

Ômicron

O dia já tinha começado horroroso, depois que investidores decidiram reavaliar os potenciais riscos da nova variante do coronavírus. Até agora, não se sabe muita coisa sobre a mutação, que parece mais contagiosa, mas menos letal. Isso só ficará mais claro em duas semanas, dizem os especialistas, então é natural que o mercado financeiro entre nesse modo bipolar.

O lance é que as pessoas já estão ficando mais receosas. Companhias aéreas, como a low cost europeia Ryanair, disseram nesta terça que as reservas de curto prazo estão diminuindo – para prazos mais longos, estariam no mesmo patamar.

E aí recomeça aquela reavaliação de riscos para o crescimento econômico global. O petróleo caiu mais de 5% com esse temor de menos gente circulando pelo mundo. 

A variante, por sinal, já chegou ao Brasil, segundo a Anvisa.

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O Brasil não se ajuda

Por aqui, a boa notícia é que a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou a PEC dos Precatórios, dando o sinal verde para a votação no plenário da casa. A PEC, que é um furo no teto de gastos, é considerada um mal menor pelo mercado financeiro. A ideia é que o governo vai gastar mais, mas pelo menos se sabe quanto a mais.

Só que a zona nas contas públicas continua. Isso porque senadores articulam um novo programa do tipo Refis, que seria a contrapartida para aprovar a PEC de que eles não gostam muito.

No Refis, empresas que deixaram de pagar impostos ganham condições de pai para filho para quitar a dívida. Isso significa duas coisas: que a arrecadação do governo diminui e que mais empresas se sentem estimuladas a dar calote, já que a chance de ganhar um descontão depois é maior.

Aí fica mesmo difícil imaginar como a bolsa brasileira conseguirá se recuperar do atropelamento que sofreu em 2021. Ao menos agora dezembro chegou. Até amanhã.

Maiores altas

CCR (CCRO3) 4,60%

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Yduqs (YDUQ3) 4,06%

Banco do Brasil (BBAS3) 2,86%

Cogna (COGN3) 2,49%

IRB (IRBR3) 2,39%

Maiores baixas

Locaweb (LWSA3) -9,95%

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Méliuz (CASH3) -9,42%

CVC (CVCB3) -6,87%

Braskem (BRKM5) -5,11%

Iguatemi (IGTI11) -4,55%

Ibovespa: -0,87%, a 101.915 pontos

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Em Nova York

Dow Jones: -1,86%, a 34.484 pontos

S&P 500: -1,90%, a 4.567 pontos

Nasdaq: -1,55%, a 15.538 pontos

Dólar: 0,46%, a R$ 5,6355

Petróleo

Brent: -5,45%, a US$ 69,23

WTI: -5,39%, a US$ 66,18

Minério de ferro: ​​-0,85%, a US$ 102,39 por tonelada no porto de Qingdao, na China

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