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Fed confirma 0,75 pp e sinaliza mão leve em dezembro (mas com taxa final maior)

Powell afirma que os juros americanos devem terminar o ciclo de subida “mais altos do que anteriormente esperado”, ainda que os saltos individuais sejam menores. Bolsas caem. 

Por Bruno Vaiano
Atualizado em 18 out 2024, 14h06 - Publicado em 2 nov 2022, 16h42
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 (Brenna Oriá/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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O Fomc – comitê de política monetária americano equivalente ao nosso Copom – subiu a taxa básica de juros dos EUA em 0,75 ponto percentual pela quarta vez consecutiva, o que põe a “Selic” deles em 4% ao ano. Foi uma decisão unânime dos dirigentes, que cumpriu as previsões também unânimes dos analistas. 

A alta nesta penúltima reunião do ano, realizada entre ontem (1) e hoje (2), já era dada como certa. O foco da expectativa sempre foi outro: o encontro derradeiro de 2022, marcado para os dias 13 e 14 de dezembro. É ali que o Fed vai decidir se é hora de arrefecer o ciclo de alta nos juros – alegrando o Natal de Wall Street com um acréscimo de 0,5 pp – ou até de 0,25 pp, para os mais otimistas. 

E parece que Papai Noel vem: embora o Fomc tenha prometido se manter atento, vigilante etc. – adjetivos que se tornaram lugar-comum nos pronunciamentos dos últimos meses –, o comunicado também afirma que “ao determinar o ritmo de aumentos futuros da meta, o Comitê levará em conta o aperto acumulado da política monetária, as defasagens com que a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação e a evolução econômico-financeira.”

Ou seja, o pessoal do Fed se refere ao fato de que altas nos juros demoram alguns meses para fazerem efeito (a tal “defasagem”) – e que não adianta só forçar uma alta generosa atrás da outra até ver algo acontecer. Parecia tudo lindo. Até que veio a fala do chefão do Fed, Jerome Powell, às 15h30. 

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Powell afirmou que o ciclo de alta nos juros já está impactando o preço de setores mais sensíveis a taxas maiores, como habitação, mas que há um delay natural para que ele se manifeste na inflação como um todo. Até aí, beleza. Ele também deu a entender, em concordância com o comunicado escrito, que o ritmo das altas pode diminuir. Legal também. Mas não quis se comprometer com o tamanho final da taxa (usou as palavras “incerteza significativa”). E afirmou que ela pode acabar mais alta do que o esperado pelo mercado (coisa de 5%), ainda que suba mais vagarosamente. Aí azedou.

As bolsas americanas passaram o dia operando em baixa, ainda que sem desabar. A sinalização de uma alta menor em dezembro, no comunicado das 15h, gerou uma virada verde repentina. A fala de Powell, porém, puxou todo mundo para baixo de novo: às 16h, Nasdaq caía 1,47% e S&P 500, 1,06%. 

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A promessa de uma alta mais persistente condiz com o combo econômico complicado que o Tio Sam encara: o pleno emprego e a economia razoavelmente aquecida – embora sejam dados ótimos para a população – dificultam o combate à inflação. 

Os EUA abriram 263 mil vagas em setembro. A taxa de desemprego caiu de 3,7% para 3,5% – o número mais baixo em 50 anos. Enquanto isso, a inflação subiu 0,4% em relação a agosto, para 8,2% nos últimos 12 meses. Esses números indicam que ainda falta muita moeda para tirar de circulação. Apesar disso, os indicadores de produção e de gastos da população estão crescendo de maneira bem mais modesta que no ano passado, sinal de que o trabalho do Fed contra a alta nos preços começou a surtir efeito. 

O comunicado oficial do Banco Central americano – que promete trazer a inflação anual de volta para 2% em algum momento – mencionou todos esses fatores: “indicadores recentes apontam para um crescimento modesto nos gastos e na produção. Os ganhos de emprego foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação segue elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia e preços mais altos de alimentos e energia (…)”

No Brasil, naturalmente, é feriado e o mercado está fechado. Até agora, a vitória de Lula – e a aparente resignação do governo Bolsonaro diante da derrota, sem ameaças explícitas de golpe – fez bem para o Ibovespa, que terminou os pregões de segunda e terça em alta. 

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