Fed indica juro americano em 4,5% no fim do ano e zera previsão do PIB
Alta colocou a 'Selic' dos EUA no maior patamar desde 2008. Bolsas americanas tombam quase 2% e puxam o Ibovespa junto: -0,52%.
O Fed (banco central americano) subiu o juro americano em 0,75 ponto percentual, elevando a taxa básica do país para a banda de 3% a 3,25%. Este é o maior nível de juros desde 2008, ano da crise financeira.
Tudo bem, era o esperado. Surpresa seria se ele tivesse feito o que os profetas do apocalipse previram na semana passada: uma alta de 1 p.p.
Ainda assim, as notícias do BC americano não são boas. Jerome Powell e seus colegas de Fed esperam que os juros dos Estados Unidos deverão subir 1 p.p. a mais do que o projetado em junho, para a banda de 4,25% e 4,5% ao fim deste ano – ou seja, dois aumentos que irão somar, pelo menos, 1,25 ponto percentual. Agora, o pico foi para 5% em 2023. E a queda de lá viria só em 2024. Ouch.
Pior. Os dirigentes do Fed reconhecem que a alta agressiva de juros, necessária para combater a inflação, terá como efeito colateral a desaceleração da economia americana. Os membros do Fed reduziram a projeção do crescimento PIB do país este ano de 1,7% para apenas 0,2%. Para 2023, o crescimento deve ser de 1,2%, ante a aposta anterior de 1,7%.
Apesar das previsões ainda com sinal positivo no PIB, Powell foi menos otimista em seu discurso: “Não sabemos se esse aperto de juros vai levar a uma recessão ou o quão grave seria essa recessão, tudo depende do arrefecimento da inflação”, afirmou o presidente do Fed, ao comentar a decisão desta quarta.
Não à toa, as bolsas americanas caíram quase 2% no pregão, continuando a sangria que se instalou há mais de uma semana. O Ibovespa acompanhou de longe, em uma sessão volátil, marcada pelo salto de 6,50% da Magalu e de 5% da Via, defasadas em relação às outras ações do índice. No fim, o Ibovespa cedeu modestos 0,52%, aos 111.936 pontos.
A previsão de apocalipse começou na terça passada, quando a inflação americana medida pelo CPI (IPCA deles) cedeu menos que o esperado pelos economistas, de 8,5% em julho para 8,3% em agosto. Se projetava uma desaceleração maior, de 8,1%.
E não é só que ela baixou menos. É que, excluindo os preços de alimentos e energia, ela acelerou de 5,9% para 6,3%. O próprio Fed exclui esses dois componentes de sua avaliação de inflação, porque eles são mais voláteis. O que sobra, esse “resto”, é chamado de núcleo da inflação. E esse núcleo está subindo. Aí que o bicho pega.
E, bem, continua pegando. O Fed elevou suas projeções de inflação não só para este ano como também para 2023. Eles medem por outro indicador, o PCE, mas a lógica é mais ou menos a mesma. O núcleo do PCE deve fechar o ano em 4,5% (era 4,3% em junho). Em 2023, terminará em 3,1%, não mais como os 2,7% previstos. Lembrando que a meta de inflação dos EUA é de 2%.
Copom
Logo mais será a vez do Banco Central brasileiro divulgar sua decisão sobre a taxa de juros no Brasil. A maior parte do mercado aposta em uma manutenção da Selic em 13,75%, enquanto a minoria vê um aumento de 0,25 ponto percentual vindo aí – o BC deixou essa possibilidade no radar. Diferente dos americanos, o nosso BC parece estar próximo de parar de subir os juros. Que assim seja.
MAIORES ALTAS
Magazine Luiza (MGLU3): 6,50%
Via (VIIA3): 5,02%
Grupo Soma (SOMA3): 3,47%
Lojas Renner (LREN3): 2,98%
EzTec (EZTC3): 2,09%
MAIORES BAIXAS
BTG Pactual (BPAC11): -5,17%
CSN (CSNA3): -4,43%
Marfrig (MRFG3): -3,10%
JBS (JBSS3): -2,87%
Cielo (CIEL3): -3,23%
Ibovespa: -0,52%, aos 111.936 pontos
Em Nova York
S&P 500: -1,71%, aos 3.790 pontos
Nasdaq: -1,79%, aos 11.220 pontos
Dow Jones:-1,70%, aos 30.184 pontos
Dólar: 0,40%, a R$ 5,1730
Petróleo
Brent: -0,87%, a US$ 89,83
WTI: -1,19%, a US$ 82,94
Minério de ferro: -0,92%, negociado a US$ 99,80 por tonelada em Dalian (China)