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Feriado com medo: Ibovespa termina semana com baixa de 1,72% após pânico global

Bolsas caíram mundo afora por medo do dano que a variante delta da Covid causará sobre a recuperação da economia mundial.

Por Bruno Carbinatto, Tássia Kastner
Atualizado em 12 jul 2021, 16h01 - Publicado em 8 jul 2021, 19h00
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 (Laís Zanocco/VOCÊ S/A)
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Quintou? Na véspera do feriado paulista, a bolsa de São Paulo fez tudo, menos relaxar. O dia foi tenso e o Ibovespa lutou para segurar os 125 mil pontos, objetivo que conseguiu com muito esforço. Mas a queda foi expressiva: -1,25%, puxada por papéis de peso como Petrobras e bancos. Na semana, o índice caiu 1,72%. O dólar subiu pelo oitavo pregão consecutivo.

O mercado entrou no modo bipolar. Num dia sobe achando que está tudo bem, noutro derrete como um anúncio de apocalipse. O medo é que as variantes do coronavírus – em especial a Delta, identificada primeiro na Índia e mais transmissível – possam forçar novas medidas de restrição à circulação e atrasar a tão esperada recuperação econômica global. Um indício: o Japão, que desde o início da pandemia manteve números de casos e de mortes relativamente baixos, agora enfrenta sua maior onda de Covid. O problema é que o país vai sediar as Olimpíadas – e as autoridades japonesas anunciaram hoje que os jogos terão de ser sem público para evitar novas contaminações.

O tombo de hoje, no fim das contas, atravessou todos os continentes. O índice Stoxx 600, que reúne as principais empresas de 17 países europeus, caiu 1,77%; na Ásia, os números das bolsas da China, Hong Kong, Japão e Coreia do Sul também foram negativos. Nos EUA, idem.

Mas para cada Japão há uma Inglaterra, que vai liberar o uso de máscaras a partir de 19 de julho. Ou uma São Paulo, que vai ampliar o horário de funcionamento de bares (mesmo com um percentual baixo da população totalmente vacinada). 

EUA

Por lá pesou hoje o desemprego. Acontece que, todas as quintas-feira, o governo libera o número de novos pedidos de auxílio-desemprego solicitados na semana anterior. O dado é usado pelo mercado para acompanhar a situação do mercado de trabalho no país enquanto o payroll (um relatório completo sobre as vagas de emprego) não é liberado. Por meses, esse número vinha caindo semanalmente, sendo que o último dado divulgado mostrava o menor patamar de novos pedidos desde o começo da pandemia, quando a crise pegou todos de surpresa.

Só que hoje, para a surpresa dos investidores, o dado divulgado hoje mostrou um aumento. Foram 373 mil novos pedidos de auxílio, contra 371 mil da semana anterior. Pior: todos apostavam que o número ia cair para cerca de 350 mil. 

Foi mais um fator para turbinar o azedume yankee, que curte um vai e volta. Há oito pregões, os rendimentos dos títulos americanos de longo prazo estão em queda. Não faz nem um mês que a gente dizia que investidores temiam as razões para que eles estivessem subindo demais, quando eles rondavam os 1,60% para o título público de vencimento em 10 anos.

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O lance é que a aposta em juros maiores nos EUA vinha de um sobreaquecimento da economia, com a recuperação pós-pandêmica. Agora a visão é oposta: a coisa não vai tão bem assim, e os juros do Fed ficarão baixos por mais tempo. Hoje o vencimento de 10 anos terminou em 1,29%. Só que a queda foi tão brusca que o mercado financeiro começou a se questionar sobre o potencial de lucro das empresas, o que fez os principais índices americanos caírem com força: S&P, -0,86%, Dow Jones -0,75%, e Nasdaq -0,72%.

Mas, de novo, antes de achar a queda de hoje um sinal de hecatombe, é bom lembrar que ontem o S&P havia batido mais um recorde.

Ibovespa

O dia foi tão sombrio que, pela manhã, todas as ações do índice estavam no vermelho. No fechamento, só sete se salvaram do sinal negativo, sendo que cinco delas ficaram abaixo dos 0,3%. Comparado com a terça-feira, quando só três ações subiram, até que não foi tão ruim. Risos.

Os papéis do Iguatemi (IGTA3) foram os únicos que tiveram um aumento realmente significativo: 1,74%. Há cerca de um mês, o Iguatemi apresentou uma proposta de reorganização societária. A ideia é que a Jereissati (a holding da família dona do conglomerado de shoppings) incorpore o Iguatemi todo. Aí hoje os acionistas aprovaram a criação de um comitê independente para avaliação da proposta. 

Isso empurrou o Iguatemi para a maior alta do dia e puxou junto BR Malls e Multiplan. Além da carona com o concorrente, eles tiraram partido das medidas de flexibilização do comércio, anunciada por Doria.

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Bem, mas isso foi a exceção. A regra de hoje foi, de novo, foi o massacre. Setores que dependem bastante do mercado exterior e de crescimento econômico, como siderurgia e mineração, foram especialmente afetados. Caso de CSN (-4,42%), Gerdau (-3%) e Gerdau Metalúrgica (-3,43%). Já os papéis da Petrobras terminaram com queda de 2%, mesmo com a recuperação dos preços do petróleo no pregão de hoje.

Aqui a coisa sempre é mais difícil porque temos os problemas genuinamente brasileiros: proposta de taxação de dividendos, escândalos de corrupção no governo e instabilidade política – com a novidade de que, agora, as Forças Armadas começaram a subir o tom em relação ao Congresso e à CPI da pandemia, o que piora ainda mais a fragilidade do país. Motivo não falta. 

Para coroar o cenário, após o Fechamento do Mercado, pesquisa Datafolha mostrou que a reprovação a Bolsonaro bateu a marca de 51%. Fica difícil enxergar luz no fim do túnel assim. Bom feriado para os paulistas e até segunda. 

Maiores altas

Iguatemi: +1,74%

Lojas Renner: +0,34%

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BR Malls: +0,20%

Multiplan: +0,13%

BR Distribuidora: +0,10%

Maiores baixas

CSN: -4,42%

WEG: -3,97%

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Locaweb: -3,56%

Tim: -3,44%

Gerdau Metalúrgica: -3,43% 

Ibovespa: queda de 1,25%, aos 125.427 pontos

Em NY:

S&P 500: queda de 0,86%, aos 4.320 pontos

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Nasdaq: queda de 0,72%, aos 14.559 pontos

Dow Jones: queda de 0,75%, aos 34.421 pontos

Dólar: alta de 0,29%, a R$ 5,2554 

Petróleo

Brent:  alta de 0,94%, a US$ 74,12 

WTI: alta de 1,02%, a US$ 72,94

Minério de ferro: queda de 1,96%, a US$ 218,04 a tonelada, no porto de Qingdao (China)

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