Ford quer gastar US$ 20 bi para desafiar Tesla no setor de carros elétricos
Ações da montadora subiram em dia morno em Wall Street. Já o Ibovespa entrou em fevereiro com o pé direito: +0,97%.
A aposta de que em breve os carros movidos a gasolina serão coisa do passado fez da Tesla uma das empresas mais valiosas do mundo – e Elon Musk um dos homens mais ricos. Mas os concorrentes do excêntrico bilionário já avisaram que não vão entregar esse promissor mercado de bandeja à Tesla.
A Ford, por exemplo, vai gastar até US$ 20 bilhões nos próximos dez anos para reorganizar sua estrutura e converter suas atuais fábricas em todo o mundo para a produção de veículos elétricos. O plano foi relatado por fontes anônimas à imprensa americana hoje e causou um certo burburinho no mercado. As ações da empresa subiram 1,77%; as da Tesla caíram 0,58%.
A iniciativa é parte do plano declarado de Jim Farley, CEO da empresa, de desafiar a dominação da Tesla no segmento de carros elétricos. Até 2025, Farley já antecipou que investirá pelo menos US$ 30 bilhões na empreitada. A missão é entregar 600 mil carros elétricos por ano até 2024 – em termos de comparação, a Tesla vendeu um total de 936 mil em 2021. Quem lidera a repaginada na estrutura produtiva da Ford é o executivo Doug Field, que já passou pela Apple e pela própria Tesla – e não esconde que se inspira na fórmula de sucesso de Musk.
A Ford não é a única; outras gigantes do setor já adiantaram que continuarão no ramo de elétricos com força. O Grupo Volkswagen separou US$ 100 bilhões para investir em novas tecnologias e carros elétricos nos próximos anos. E a Toyota tem a ambiciosa meta de entregar 3,5 milhões de veículos elétricos por ano a partir de 2030.
As iniciativas vêm enquanto os elétricos caminham para se tornar cada vez mais mainstream. No ano passado, 15% dos novos carros vendidos na China e 20% dos vendidos na Europa foram elétricos – de longe os maiores mercados do setor. Os EUA ainda engatinham, mas o presidente Joe Biden quer que 50% dos veículos vendidos no país sejam movidos a bateria até 2030.
Nesta terça-feira também a Noruega, de longe o país mais elétrico-friendly do mundo, anunciou que um valor recorde de 84% dos carros vendidos em janeiro no país foram elétricos. E que o número pode chegar a 100% ainda em abril. (Veja um raio-X do mercado de veículos elétricos no mundo neste nosso infográfico.)
Dia morno
Tirando a batalha das montadoras, o dia foi morno em Wall Street. Instáveis, os índices acionários americanos firmaram alta no fim do pregão e fecharam no azul pelo terceiro dia seguido, engatando uma recuperação depois de um janeiro sangrento (-5,6% para o S&P 500 e -9% para o Nasdaq).
Investidores americanos aguardam ansiosamente a divulgação dos balanços das empresas, com destaque para as big techs. Hoje (depois do fechamento) começou uma maratona: a Alphabet (do Google) liberou seus resultados, e amanhã será a vez da Meta (do Facebook); na quinta-feira, da Amazon. A Apple, maior empresa em valor de mercado do mundo, surpreendeu positivamente na semana passada, superando as expectativas dos analistas em seu lucro.
Até agora, mais de 80% das empresas listadas no S&P 500 que divulgaram seus resultados igualaram ou superaram as expectativas dos analistas. A boa temporada de balanços explica em partes a recuperação das bolsas americanas nos últimos três dias, enquanto o mercado se prepara para enfrentar um Fed mais agressivo no combate à inflação – a primeira alta nos juros deve acontecer em março. Por falar em juros…
Ibovespa
Por aqui, o Copom deverá subir a Selic de 9,25% para 10,75% na decisão publicada amanhã. O movimento é amplamente esperado pelo mercado, então não gera muita tensão.
O Ibovespa voltou a subir no primeiro pregão do mês (0,97%), depois de acumular alta de 7% em janeiro. A explicação não é nova: a bolsa brasileira se beneficia do dinheiro gringo que entra em peso no país. Só em janeiro, o fluxo estrangeiro na B3 foi positivo em R$ 30 bilhões.
Investidores estrangeiros vêm em busca de ações consideradas baratas e também de papéis ligados a commodities, com um cenário positivo para o setor em 2022 porque a demanda chinesa deve aumentar. Tanto que, hoje, quem garantiu a alta do índice foi a Vale, cujos papéis subiram 5,49% mesmo em pleno feriado chinês, que tira a referência do preço do minério de ferro em Qingdao. Outras ações dos setores de mineração e siderurgia também subiram: CSN 5,05%, CSN Mineração 3,15%, Usiminas 3,88%, Gerdau 3,20%.
É por isso também que o dólar segue em queda livre, caindo para R$ 5,27 hoje.
Até amanhã.
MAIORES ALTAS
Banco Inter, Units (BIDI11): 8,08%
Vale (VALE3): 5,49%
CSN (CSNA3): 5,05%
Braskem (BRKM5): 4,45%
Usiminas (USIM5): 3,88%
MAIORES BAIXAS
Alpargatas (ALPA4): -6,91%
Banco Pan (BPAN4): -5,22%
Minerva (BEEF3): -5,03%
Lojas Renner (LREN3): -4,05%
Iguatemi (IGTI11): -3,60%
Ibovespa: 0,97%, aos 113.228 pontos
Em Nova York
S&P 500: 0,68%, aos 4.546 pontos
Nasdaq: 0,75%, aos 14.346 pontos
Dow Jones: 0,77%, aos 35.403 pontos
Dólar: -0,62%, a R$ 5,2728
Petróleo
Brent: -0,11%, a US$ 89,16
WTI: 0,06%, a US$ 88,20
Minério de ferro: feriado na China