Fundos imobiliários podem escapar do imposto na reforma do IR
Essa foi uma boa notícia para a Faria Lima, que reclama de quase tudo da proposta do governo Bolsonaro. Nisso, dia positivo para o Ibovespa: +1,73%.
Já está bem claro que ninguém gostou da proposta de reforma do IR apresentada pelo governo Bolsonaro. Faz duas semanas que o texto anda por aí sendo alvo de reclamações. Por isso, a cada sinal de ajuste, o mercado financeiro comemora como gol (tipo aquele que o Brasil não fez na final da Copa América, mas deixa para lá).
Hoje a principal notícia é de que fundos imobiliários devem continuar isentos de IR. Na proposta original, eles seriam taxados em 15% (sobre as ações, a proposta é de 20%). E junto veio a indicação de que haverá um corte de R$ 20 bilhões na carga tributária. Aí foram dois gols, que ajudaram a fazer o Ibovespa subir de volta aos 127 mil pontos. Das 84 ações do índice, 78 subiram. O dia, é bom dizer, começou positivo, em parte porque a bolsa ficou fechada na sexta pelo feriado de 9 de Julho. Como Nova York avançou no final da semana passada, o Ibovespa tinha espaço para subir. O dólar teve mais um dia volátil (de R$ 5,1640 e a R$ 5,2848), mas fechou em queda de 1,25%, a R$ 5,1740.
O IR dos FIIs
Segundo o Poder 360, a proposta de reforma do IR manterá a isenção sobre os aluguéis recebidos por quem investe em fundo imobiliário. Por “quem” entenda pequenos investidores, a maioria dos que têm FIIs na carteira. A mudança na proposta do ministério da Economia ainda não é oficial, mas deverá entrar no texto do relator da reforma, o deputado Celso Sabino (PSDB-PA).
Assim que saiu a proposta de reforma, no final de junho, o setor da construção civil reclamou. O argumento é que tirar o incentivo fiscal reduziria a quantidade de gente disposta a financiar a construção. E clamaram pela paridade com outros investimentos direcionados ao setor, como LCI e CRI. Sem falar nos próprios investidores, claro.
O índice de fundos imobiliários, o Ifix, avançou 1,29% nesta segunda. Com a alta, ele volta a ficar acima do patamar pré-reforma tributária, mas segue em queda acumulada do ano. O setor ainda enfrenta incertezas com a pandemia, já que trabalhadores seguem em home office e muita gente evita shoppings por medo do coronavírus. E há ainda o risco de revisão de contratos depois que o IGP-M, o índice de inflação qie tradicionalmente reajusta aluguéis, beirou os 40% em 12 meses.
A segunda reclamação é que a tributação de dividendos, como desenhada, aumentaria a carga tributária das empresas em geral. Daí que vem a discussão de redução de cobranças em R$ 20 bilhões. Mais cedo, a Receita Federal havia informado que a proposta elevaria a arrecadação em R$ 6,2 bilhões em três anos. A conta inicial era de R$ 1,9 bilhão. A revisão mostra que a reforma proposta não era “neutra”, como prometia a equipe econômica.
Claro, essas notícias não são a salvação do mercado financeiro, que ficou preso entre a reforma tributária, a CPI da Covid, as ameaças golpistas do presidente e ainda os riscos externos.
Hoje, dois desses problemas foram suavizados.
Nova York
O Ibovespa contou, claro, com uma ajudinha de Nova York. Investidores viraram o radar para a temporada de balanços do segundo trimestre (que começa nesta terça). Como a perspectiva é positiva, eles acharam que dá para desencanar um pouco do medo da variante delta do coronavírus e uma possível desaceleração da atividade econômica global – as duas coisas que assombravam investidores até a quinta passada.
Nisso, S&P 500 e Nasdaq voltaram a bater recordes (veja abaixo os fechamentos).
Por aqui, a temporada de balanços começa na próxima semana, justamente quando o Congresso entra em recesso parlamentar. Só assim para investidores se concentrarem nos resultados das empresas – e não na balbúrdia em Brasília.
MAIORES ALTAS
MAIORES QUEDAS
Ibovespa: +1,73%, a 127.593,83 pontos
Dólar: -1,25%, a R$ 5,1740
Em Nova York
Dow Jones: +0,37%, a 35.000,39 pontos
S&P: +0,35%, a 4.384,75 pontos (recorde)
Nasdaq: +0,21%, a 14.733,24 pontos (recorde)
Petróleo
WTI: US$ 74,18 (-0,51%)
Brent: US$ 75,26 (-0,38%)
Minério de Ferro
+1,43%, a US$ 217,85 a tonelada no porto de Qingdao