Futuros dos EUA começam o dia em baixa à espera do Fed
A semana trará dois índices importantes para a inflação e a atividade econômica, que podem determinar o futuro dos juros americanos. Já o maior farol para o mercado só virá na sexta, com o simpósio do BC americano.
Os futuros amanheceram em queda livre nesta segunda. Havia desabamentos de 1,14% rolando no S&P 500 e de 1,45% na Nasdaq às 7h46. As bolsas de Nova York – e por tabela, o mercado financeiro mundial – estão sofrendo por antecipação: os dados mais importantes para o futuro próximo só saem na sexta.
A semana se encerrará com o já tradicional simpósio anual do Fed no vilarejo de Jackson Hole, em Wyoming, e com a divulgação de um outro indicador de inflação do Tio Sam, o índice de despesas com consumo pessoal (personal consumer expenditures, PCE) de julho – considerado “o índice preferido do Fed”, ou seja, o mais determinante para auferir a quantas andam as altas de preços por lá.
Para hoje, um aperitivo: a sucursal do Fed de Chicago anuncia o índice de atividade nacional (CFNAI) de julho às 9h30.
O medo é o de sempre: que o PCE não venha com essa desaceleração toda e que o dado de atividade econômica de Chicago chegue forte – duas chancelas para o Fed a anunciar mais uma alta de juros pesadona na reunião que termina em 21 de setembro, após os já doloridos incrementos de 0,75 pp dos últimos meses.
A palestra do presidente de Fed, Jerome Powell, em Jackson Hole, acontecerá com esses dados já na mesa. Logo, deve trazer informações mais sólidas sobre o futuro da “Selic” deles.
Na Europa, onde os pregões já estão rolando, o Euro Stoxx 50 (um compilado de 50 empresas relevantes da Zona do Euro) refletiu o desânimo, bem como os índices das bolsas de Frankfurt e Paris: quedas de – 1,38%, – 1,66% e – 1,27% às 07h51. As bolsas asiáticas – que, naquele fuso horário, já encerraram seus pregões – fecharam em baixa.
Aqui no Brasil, o dado da vez é o IPCA-15, agendado para quarta, com o comportamento dos preços da primeira quinzena de agosto. A expectativa é que as reduções sucessivas nos preços da gasolina e do diesel pela Petrobras – somadas ao alívio no ICMS sobre combustíveis – tenham contagiado os demais preços, e ao menos desacelerado as altas na maior parte dos setores econômicos.
O ingresso considerável de capital estrangeiro no Brasil registrado nas últimas semanas ajudou a segurar o câmbio com o dólar abaixo de US$ 5,20 – embora a promessa de alta nos juros quase sempre seja sinônimo de commodities em queda e moeda americana em alta.
A questão, agora, é até que ponto o Ibovespa vai se deixar levar pelo humor deprimente dos EUA.
Para os interessados no drama e nas ações da Oi, o último passo para a companhia encerrar seu período de recuperação judicial é um leilão de 8 mil torres por no mínimo R$ 1,6 bilhão, marcado para hoje às 15h30. Boa semana e bons negócios.
Futuros S&P 500: – 1,14%
Futuros Nasdaq: – 1,45%
Futuros Dow: – 0,93%
*às 7h46
Índice europeu (EuroStoxx 50): – 1,38%
Bolsa de Londres (FTSE 100): – 0,31%
Bolsa de Frankfurt (Dax): – 1,66%
Bolsa de Paris (CAC): – 1,27%
*às 07h51
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,73%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): – 0,47%
Hong Kong (Hang Seng): – 0,59%
Brent: alta de 0,37%, a US$ 97,08
Minério de ferro: alta de 1,40%, a US$ 104,85 a tonelada na bolsa de Cingapura
*às 8h00
Setor imobiliário nos balanços do 2º tri
O faturamento das incorporadoras de capital aberto aumentou durante o segundo trimestre do ano, mas os gastos do setor também – principalmente por conta do encarecimento dos custos de construção e à alta dos juros, que tornam as dívidas mais pesadas. Resultado: na média, o lucro das companhias encolheu. A receita líquida das incorporadoras totalizou R$ 7,7 bilhões – crescimento de 4,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o lucro líquido recuou 35%, para R$ 652,5 milhões. O levantamento, feito pelo Estadão, levou em conta as 17 incorporadoras listadas na B3.
Crise das hipotecas: o retorno
Falando em setor imobiliário… depois de um súbito aumento nas taxas de empréstimo nos EUA, o mercado de hipotecas está começando a ver credores falirem. A quebradeira que está por vir pode ser a pior desde a bolha imobiliária de 2008. Mas os efeitos não devem ser tão devastadores quanto os de 15 anos atrás: agora, não há excesso de empréstimos, e boa parte dos grandes bancos desistiram dos derivativos lastreados em hipotecas depois da última crise. Esta reportagem da Bloomberg, traduzida pelo Valor, explica a situação.
Publicidade dos jogos de azar
No Reino Unido, 60% do lucro das empresas de aposta vêm de 5% dos usuários – em sua maioria, jogadores compulsivos. Para atingir essas minas de ouro ambulantes, o setor gasta em média £ 1,5 bilhão (algo em torno de R$ 9 bilhões) por ano em publicidade. Identificar esses clientes mais lucrativos exige uma coleta detalhada de informações sobre os jogadores: quando fazem login, quanto tempo passam jogando e quanto dinheiro gastam em cada sessão, por exemplo. O Financial Times conta mais aqui.
EUA: índice de atividade nacional do Fed de Chicago em julho às 9h30;
Brasil: Sabatina de Bolsonaro no JN às 20h30.