Haddad faz a alegria da Faria Lima e Ibovespa sobe 1,62%
Ministro da Fazenda disse que vai adiantar apresentação do novo arcabouço fiscal para março – além de adiar conversa sobre metas de inflação. Gestores de fundos defendem uma revisão para cima para aliviar a Selic.
Depois da turbulência causada pelas investidas de Lula contra o Banco Central, tudo que o mercado precisava era de um bom calmante. O acalanto veio com o passador extraoficial de panos quentes do governo, Fernando Haddad.
O ministro da Fazenda adiantou de abril para março a apresentação do tão esperado substituto do teto de gastos e deixou para mais tarde a discussão sobre as metas de inflação. Era o que a Faria Lima precisava. O Ibovespa subiu 1,62%, enquanto os juros futuros cederam, dando uma acalmada nas taxas dos títulos IPCA+. O 2035, que amanheceu em 6,39% foi dormir a 6,30%.
Outro atenuante na tensão entre o Lula e BC é que três nomes respeitados no mercado financeiro apoiaram publicamente a mudança na taxa de inflação buscada pelo Banco Central, o que facilitaria uma redução na Selic. No mesmo evento do BTG onde falou Haddad, Rogério Xavier, da SPX Capital, Luis Stulhberger, do Fundo Verde, e André Jakurski, da JGP Capital defenderam que o BC revise a meta para cima.
Xavier disse que não faz sentido o BC trabalhar com uma meta (3,25% para 2023 e 3,00% para 2024) definida antes dos choques inflacionários da pandemia e da guerra da Ucrânia. “A meta de inflação está errada. […] BC fez uma barbeiragem tremenda”, afirmou.
“A discussão da meta é cabível e não é o fim do mundo. E não implica perda de credibilidade. Buscar uma meta irrealista não é uma coisa para o Brasil no momento em que estamos. Mas precisamos de um arcabouço fiscal crível”, disse Stulhberger.
Já Lula deve deixar a pauta de lado, pelo menos por enquanto. Segundo o Valor Econômico, membros do governo conseguiram convencer o presidente a evitar mais ataques diretos a Roberto Campos Neto e novas falas sobre a Selic, deixando as críticas para outros políticos do PT. Os ministros também foram orientados a evitar críticas diretas ao BC, falando apenas do alto patamar de juros.
Para completar o pacote, o presidente da Câmara disse que Haddad está focado na reforma tributária e que, se possível, ela deve ir ao plenário ainda neste semestre. O grupo de trabalho que vai debater o tema na casa foi criado nesta quarta, com prazo de 90 dias para elaborar um parecer sobre o projeto.
Enquanto isso, em Wall Street…
O Fed bem que tenta, mas a economia americana não se aquieta. Em janeiro, o varejo vendeu 3% a mais que em dezembro (quando havia recuado 1,1%). É o maior salto mensal desde março de 2021. O número veio bem melhor que as estimativas (1,9%) e preocupou o mercado. Se nem com 4,75% de juros (os maiores por lá desde 2007) os americanos freiam o consumo, qual o patamar de taxa para que a inflação (em 6,4%) rume à meta deles, de 2%? Cada vez mais, os 5% que o mercado espera parecem insuficientes.
Olhando para o copo meio cheio, a resiliência do consumo também indica que os juros altos podem não ser capazes de gerar uma grande recessão nos EUA. Na dúvida, o S&P 500 subiu 0,28%.
MAIORES ALTAS
Hapvida (HAPV3): 7,64%
MRV (MRVE3): 5,85%
Natura (NTCO3): 5,73%
Via (VIIA3): 5,58%
CSN Mineração (CMIN3): 5,24%
MAIORES BAIXAS
Magazine Luiza (MGLU3): -4,19%
Totvs (TOTS3): -4,16%
Cyrela (CYRE3): -1,11%
Braskem (BRKM5): -0,68%
Metalúrgica Gerdau (GOAU4): – 0,63%
Ibovespa: 1,62%, aos 109.600 pontos
Em Nova York
S&P 500: 0,28%, aos 4.148 pontos
Nasdaq: 0,92%, aos 12.071 pontos
Dow Jones: 0,11%, aos 34.128 pontos
Dólar: 0,41%, a R$ 5,2197
Petróleo
Brent: -0,23%, a US$ 85,38
WTI: -0,59%, a US$ 78,59
Minério de ferro: 2,18%, a US$ 126,46 por tonelada na bolsa de Dalian (China)