Ibov enfrenta Selic ainda mais alta
BC sobe Selic a 12,75% e deixa porta aberta para novos reajustes.
O Banco Central decidiu ontem subir a taxa Selic a 12,75% ao ano, numa decisão mais que esperada. A notícia mesmo era o “resto”. Em março, Roberto Campos Neto e outros dirigentes do BC haviam indicado que pretendiam parar por aí os reajustes.
Estamos falando da maior taxa de juros desde 2017. Não será o bastante. Terminada a reunião de ontem, o comunicado do BC indicou que a Selic continuará a avançar, o que muda é a velocidade. Depois de dois aumentos de 1 ponto percentual, agora a coisa vai mais devagar.
Não existe clareza se o próximo aumento, em junho, será de 0,75 ponto percentual ou 0,50 ponto. Tampouco se junho será o fim da linha. Por ora, economistas se dividem entre juros a 13,25% e 13,75% ao fim do ano.
O fato é que a inflação brasileira está em dois dígitos e não dá sinais de que descerá de lá tão cedo. Em defesa do BC, esse é um problema global e que vem sendo enfrentado de maneira semelhante por todos os grandes bancos centrais.
Ontem o Fed decidiu subir o juro americano em 0,50 percentual, para a faixa de 1,75% e 2% ao ano. Jerome Powell foi explícito o suficiente que o próximo aumento não será de 0,75 p.p., como alguns investidores esperavam. Não significa que as coisas serão fáceis para o mercado financeiro.
Após uma breve euforia ontem, hoje os mercados financeiros amanheceram em baixa. Afinal, ainda estamos falando do maior aperto monetário desde os anos 2000. O Banco Central da Inglaterra subiu seu juro para 1%, aumento de 0,75%, enquanto mede o risco de uma cenário de estagflação, uma combinação perversa de recessão e inflação elevada.
São medidas que drenam dinheiro do mercado financeiro. O Ibovespa subiu ontem, ancorado em Nova York. Só que o cenário já é bem menos favorável que no começo do ano. Investidores gringos já migram os dólares que circulavam por aqui de volta para os EUA. O risco é que a alta de juros aqui e lá fora deixe cada vez menos dinheiro para a nossa bolsa.
Futuros S&P 500: -0,52%
Futuros Nasdaq: -0,68%
Futuros Dow: -0,37%
*às 7h40
Índice europeu (EuroStoxx 50): 1,36%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,90%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 1,40%
Bolsa de Paris (CAC): 1,67%
*às 7h35
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,15%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): Feriado
Hong Kong (Hang Seng): -0,36%
Brent: 0,84%, a US$ 111,07
Minério de ferro: 2,02%, US$ 145,75 em Cingapura
*às 7h35
9h30 Departamento do Trabalho dos EUA divulga número de novos pedidos de auxílio-desemprego
Dança das cadeiras
O ex-presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco irá assumir a presidência do Conselho de Administração da 3R Petroleum. O economista comandou a estatal entre 2019 e 2021, mas foi demitido após o presidente Jair Bolsonaro discordar da política de preços da Petro e do aumento dos combustíveis. Depois do anúncio, as ações da 3R Petroleum avançaram mais de 4%.
De volta ao jogo
Após 23 anos fechada, a loja de departamento Mesbla retomou as suas atividades. Mas nada de loja física: a empresa anunciou o seu retorno através de um e-commerce para a venda de eletrônicos e eletrodomésticos, além de livros, brinquedos, decoração e móveis. Os empresários Marcel Jeronimo e Ricardo Viana investiram R$ 500 mil para adquirirem o nome e identidade visual da marca e reativarem a empresa. A empresa volta ao mercado em um momento em que as lojas digitais passam por maus bocados: enquanto a inflação derrubou o poder de compra dos brasileiros, o comércio eletrônico nacional tenta competir com os sites asiáticos.
Colapso dos NFTs
O aumento da taxa de juros está afetando o mercado de NFTs. Além de os tokens não fungíveis estarem valendo menos, as vendas caíram 92% quando comparado com setembro do ano passado. Dados do site NonFungible também revelam que o número de carteiras ativas caiu 88% desde novembro. Até as buscas pelo termo “NFT” diminuíram: o Google Trends registrou queda de 80% nos últimos três meses. Leia aqui.
Hoje é mais um dia de agenda cheia. Antes da abertura do mercado, Ambev, Gerdau, e Metalúrgica Gerdau divulgam os seus resultados. Depois do pregão, será a vez da BR Partners, BR Properties, Bradesco, C&A, Carrefour, AES Brasil, Fleury, Renner, Natura, Engie, Petz, Alpargatas, Arezzo, Ecorodovias e Rumo. Lá na gringa, os destaques são Shell e Airbus.