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Ibov sobe com freio de mão puxado: +0,42%. A culpa é da criação de mais um ministério

Sem preocupações do tipo “Centrão na Casa Civil”, as bolsas americanas subiram quase 2%.

Por Juliana Américo, Tássia Kastner
Atualizado em 18 out 2024, 09h30 - Publicado em 21 jul 2021, 17h49
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 (Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Não, o medo da variante delta sobre a economia ainda não passou: investidores do mundo todo continuam receosos. O lance é que eles decidiram olhar para outro lado. Aí os americanos se deram bem, porque encontraram lucros fabulosos em empresas gigantes, caso da Coca-Cola e a Johnson & Johnson. Já os brasileiros…

Por aqui, a Faria Lima descobriu que o governo Bolsonaro quer recriar o Ministério do Trabalho. Não custa lembrar que a promessa de campanha era ter apenas 15 pastas, algo que nunca ocorreu. O seu governo começou o mandato com 22 ministérios e subiu para 23 no ano passado, quando foi recriado o ministério das Comunicações.  

E a volta do ministério agora não é exatamente uma preocupação com a alta taxa de desemprego (14,7%). O foco é acomodar aliados. Do começo: o presidente precisa agradar o Centrão, que está furioso com a ameaça de veto aos R$ 5,7 bilhões para o fundo partidário. Mais, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, ameaçou abrir o processo de impeachment contra Bolsonaro agora que está, de maneira interina, cobrindo as férias do titular da cadeira, Arthur Lira.

Como deve ser essa acomodação? Primeiro, Bolsonaro deve dar a Casa Civil, o principal ministério com uma sala no Planalto, para Ciro Nogueira. O senador é o presidente do PP, um dos expoentes do Centrão. Só que hoje quem ocupa a casa civil é o general Luiz Eduardo Ramos. Ele iria para a Secretaria Geral da Presidência, ainda no Planalto. Aí o problema seguinte era manter outro aliado como ministro. Onyx Lorenzoni, então, ganharia o tal novo-velho ministério.

É que o Ministério do Trabalho foi extinto em janeiro de 2019, no começo do governo. Era para cumprir a promessa de cortar pastas e também dar superpoderes ao ministro Paulo Guedes. A essa altura, ele não parece mais tão apegado ao “super”. Em entrevista, confirmou a recriação da pasta, que deve se chamar “Ministério do Emprego e da Previdência” e disse que apenas pediu para manterem o atual secretário especial da área, Bruno Bianco, como secretário-executivo da nova pasta.

Os últimos parágrafos foram escritos no condicional (pode/deve) porque em Brasília — e especialmente no governo Bolsonaro — é difícil cravar até que esteja no papel. O governo está preparando uma medida provisória com mudança, que deve (mais um deve, ó) ser apresentada até o começo da semana que vem. 

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É nesse bololô que o Ibovespa subiu, mas um pouco menos que o mundo lá fora. +0,42%, a 125.929 pontos. O volume de negócios também foi menor: R$ 24,5 bilhões (a média diária 

ronda R$ 35 bilhões).

Crise e mais crise

O ponto é que nada disso muda o fato de que Guedes enfraqueceu ainda mais, e num momento delicado. Há quase um mês, o ministro está sob ataque da Faria Lima e de empresários por causa da proposta de reforma do Imposto de Renda. 

E não ajuda a história do fundão. Ontem, depois do fim do pregão, Bolsonaro prometeu vetar os R$ 5,7 bilhões aprovados por deputados e senadores para as campanhas eleitorais de 2022. Na verdade, o presidente não é contra o fundo, mas diz que também não concorda com o valor. A quantia é considerada muito alta por qualquer pagador de impostos. Pegou mal.

Bolsonaro já afirmou que concorda com um valor entre R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões, que é quase o dobro do R$ 1,7 bilhão liberado para as eleições de 2018. “O que a lei manda fazer é corrigir o fundão pela inflação nos últimos dois anos. Então, se tivesse chegado um fundão na ordem de R$ 3 bilhões, eu seria obrigado a sancionar”, disse o presidente em entrevista à rádio Jovem Pan Itapetininga na manhã de desta quarta.

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Ah, mais um detalhe. Não é que Bolsonaro esteja preocupado só com a repercussão negativa fora de Brasília. É que o fundão mais gordo turbina o orçamento do PT, a maior bancada na Câmara e que fica com a maior parcela de recursos. A segunda maior bancada é o PSL, que era o partido do presidente na eleição de 2018. Agora, rompido e sem partido, ele não ganha a cota.

Bolsas de Nova York 

Lá em Wall Street, os investidores optaram por deixar a preocupação com a variante Delta de lado um pouco e focar nos balanços corporativos. 

Hoje, os resultados da Verizon, Coca-Cola e Johnson & Johnson superaram as expectativas e animaram os índices. No caso da operadora, o lucro registrado foi de US$ 5,9 bilhões no segundo trimestre – uma alta de 25,5% na comparação anual. Segundo a empresa, os resultados foram impulsionados por um aumento na adoção da tecnologia 5G em celulares.

Já a Coca-Cola viu o seu lucro subir 48% nos últimos três meses, para a tristeza do Cristiano Ronaldo. Brincadeiras à parte, a companhia reportou um lucro líquido de US$ 2,64 bilhões. Já a receita da fabricante de bebidas avançou 42% no trimestre para US$ 10,13 bilhões. Na América Latina, os resultados foram impulsionados pelo Brasil e México, sendo que a receita da fabricante cresceu 41%, para US$ 1,07 bilhão, e o lucro antes de impostos subiu 53%, para US$ 681 milhões.

A Johnson & Johnson teve alta de 73,1%, com um lucro de US$ 6,278 bilhões no segundo trimestre. A empresa está em destaque graças à vacina desenvolvida pela subsidiária Janssen — o imunizante gerou receitas de US$ 164 milhões.

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No final do dia, todos os índices americanos ficaram no positivo. O S&P 500 registrou alta de 0,82%, aos 4.358 pontos. Já o Nasdaq subiu 1,92%, aos 14.631 pontos. 

Petróleo

Os preços do petróleo operaram em alta ao longo de todo o dia, ainda em um movimento de recuperação após a forte queda de cerca de 7% na segunda-feira. O tipo Brent, que é referência internacional, subiu 4,15%, enquanto o WTI (referência nos EUA) subiu 4,61%. 

As altas, no entanto, não foram suficientes para recuperar integralmente as perdas. Tanto o Brent quanto o WTI continuam registrando prejuízos na semana: de -1,94% e -2,17%, respectivamente. 

Também rolou uma surpresa negativa do Departamento de Energia (DoE) dos EUA: os estoques americanos de petróleo cresceram 2,107 milhões de barris na semana passada, ante a previsão de queda de 1,5 milhão. Isso implica em uma demanda mais fraca do produto. O natural seria a queda nos preços, mas não foi o que aconteceu.

Independentemente do prejuízo acumulado nos últimos dias, por aqui os papéis da Petrobras acompanharam o preço da commodity de hoje e avançaram 1,93%. Quem também aproveitou a alta do combustível foi a PetroRio (1,06%). 

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IRB Brasil

As ações do IRB Brasil lideraram as altas do Ibovespa, com valorização de 8,70%. A resseguradora divulgou os seus resultados não auditados do mês de maio e teve lucro líquido de R$ 7,5 milhões – ante um prejuízo de R$ 202,1 milhões apurado no mesmo mês de 2020. 

Já nos nos cinco primeiros meses deste ano, a empresa teve lucro de R$ 9,4 milhões. O prejuízo no mesmo período do ano passado foi de R$ 337,2 milhões.

Quando excluído o efeito dos negócios descontinuados e dos eventos não recorrentes, o lucro em maio de 2021 atingiu R$ 51,4 milhões. Seguindo esse mesmo cálculo, nos cinco primeiros meses de 2021 a companhia teria um lucro líquido de R$ 92,9 milhões.

A empresa também ganhou um investidor de peso. Segundo o Infomoney, Luiz Barsi Filho, um dos maiores investidores individuais da Bolsa, comprou mais ações da IRB e já conta com um capital de 1,5% no capital social da companhia.

Não custa lembrar que os prejuízos do IRB no ano passado foram ligados a escândalos de má gestão. No meio da crise estrondosa, executivos vazaram ao mercado que um investidor ainda mais respeitado, Warren Buffett, teria comprado papéis da companhia. Ele negou.

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Embraer

Outra que também figurou entre as maiores altas foi a Embraer. A empresa informou que 34 jatos no segundo trimestre. Foram 14 aeronaves comerciais e 20 executivas, sendo 12 leves e oito grandes. Isso representa um crescimento de 54% ante o primeiro trimestre, quando foram entregues 22 aviões. 

Além disso, a carteira de pedidos firmes (ou seja, os jatos que faltam ser entregues) inclui o contrato de 30 aeronaves E195-E2 da Porter Airlines, do Canadá, e somou US$ 15,9 bilhões no final de junho, alta de 12% em relação ao primeiro trimestre. Segundo a companhia, esse é um retorno aos níveis pré-pandemia. As ações fecharam em alta de 3,23%.

Resta saber quando o Ibovespa vai conseguir soltar do freio de mão de Brasília e levantar voo junto com os aviões da Embraer. 

Maiores altas

IRB Brasil: 8,70%

Braskem: 4,91%

Embraer: 3,23%

Usiminas: 2,88%

Banco Inter: 2,50%

Maiores baixas

Americanas: -5,67%

Lojas Americanas: -5,39%

Fleury: -2,84%

Cogna: -2,22%

JHSF: -2,20%

Ibovespa: alta de 0,42%, aos 125.929 pontos

Em NY:

S&P 500: alta de 0,82%, aos 4.358 pontos

Nasdaq: alta de 1,92%, aos 14.631 pontos 

Dow Jones: alta de 0,83%, aos 34.797 pontos 

Dólar: baixa de 0,76%, a R$ 5,1916

Petróleo

Brent: 4,15%, a US$ 72,23

WTI: 4,16%, a US$ 70,30

Minério de ferro: queda de 2,83%, US$214,79 no porto de Qingdao (China)

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