Ibovespa cai 0,50% com ameaças de governadores a reforma tributária

Estados do sul, sudeste e Mato Grosso do Sul tentam interferir na votação da proposta. Feriado nos EUA reduz negócios aqui. Destaque fica por PCAR3:+9,94%.

Por Camila Barros
Atualizado em 21 out 2024, 10h26 - Publicado em 4 jul 2023, 17h48
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 (Tamires Mazzo/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Hoje os banqueiros de Wall Street ficaram em casa. Em 4 de julho, os EUA comemoram seu dia de proclamação da independência – e as bolsas do país permanecem fechadas.

Sem operações por lá, o dia foi preguiçoso nos mercados ao redor de todo o mundo. No Ibovespa, a movimentação foi de apenas R$ 12,5 bilhões, contra uma média diária de R$ 26 bilhões este ano. O saldo ficou assim: 59 das 86 ações do índice caíram na sessão, e o Ibov fechou em baixa de 0,50%. 

Sem agenda internacional, a atenção dos investidores se voltou para Brasília. Por lá, o presidente da Câmara, Arthur Lira, tenta angariar votos para a aprovação da reforma tributária. Segundo ele, a PEC, que está prevista para ser votada esta semana, entrará em pauta na Casa quando tiver quórum suficiente. 

Na reta final para a aprovação, o texto tem sofrido críticas de um grupo de governadores, que afirmam que o novo modelo diminui a autonomia de arrecadação dos estados e municípios – já que estabelece um imposto único (o IBS, Imposto sobre Bens e Serviços) no lugar do ISS e ICMS. 

Esta noite, oito governadores dos estados do sul, sudeste e do Mato Grosso do Sul vão se reunir para discutir como interferir na  proposta.

Como mente vazia é oficina do diabo, o mercado passou a se preocupar com o que pode vir daí. O medo é que a pressão dos governadores consiga empacar a PEC na Câmara e atrasar a implementação da reforma tributária. Esta é a última semana antes do recesso parlamentar – por isso, caso seja adiada, a votação da PEC ficará só para agosto.

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O mesmo vale para as discussões do arcabouço fiscal e do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), dois temas cruciais para a arrecadação do país.   

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PCAR3: +9,94%

O Grupo Pão de Açúcar voltou a aparecer entre as maiores variações do dia. As ações da companhia têm passado por um momento de volatilidade desde a semana passada, quando seu controlador, o grupo francês Casino, apresentou um plano de reestruturação que envolve a venda de ativos da rede de supermercados brasileira. 

Desde então, os investidores especulam sobre os próximos passos da companhia. Na semana passada, o GPA recusou uma proposta do banqueiro Jaime Gilinski, que ofereceu US$ 836 milhões pelo controle do grupo colombiano Éxito. A empresa avaliou que a oferta estava abaixo do valor esperado. 

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Hoje, uma coluna do jornalista Lauro Jardim revelou que Gilinski está no Brasil para negociar diretamente com os executivos do GPA. O mercado, agora, aposta que o bilionário colombiano deve aumentar a oferta. Aí as ações PCAR3 subiram 9,94%, a R$ 20,35. 

Também entre as maiores altas, a Braskem parece estar cada vez mais perto de ganhar um novo controlador. A Unipar recebeu o convite da Novonor (ex-Odebrecht e atual controladora da Braskem) para discutir mais a fundo os termos para a venda da petroquímica. 

Atualmente, a Novonor é dona de 38,3% do capital da Braskem. A Petrobras é a segunda maior acionista, com 36,1%. 

Com uma dívida de R$ 14 bilhões, a ex-Odebrecht tem passado por uma reestruturação para conseguir pagar seus credores. No mês passado, a Unipar ofereceu R$ 10 bilhões por sua participação na Braskem. 

Com o quase-acordo das empresas, as ações BRKM5 subiram 5,35% no pregão. 

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RDOR3: -3,67%

Do outro lado, a Rede D´Or liderou as baixas do dia. A queda foi acompanhada de outras empresas do setor de saúde: QUAL3 caiu -1,86%; HAPV3, -2,26%.

É que, hoje, o STF chegou à decisão final sobre o piso salarial do setor de enfermagem. A Corte decidiu que o setor privado deve negociar os salários coletivamente, junto ao sindicato do setor. Caso não haja acordo, fica o piso salarial estabelecido em lei. 

Bom para os profissionais, ruim para os operadores hospitalares – que agora terão mais custos com funcionários. Na avaliação de analistas da XP, a decisão não é o pior dos mundos para o setor de saúde na bolsa, já que empresas grandes têm mais poder de negociação com sindicatos. 

Talvez o que investidores precisem seja a mesma coisa: a volta dos colegas americanos que estavam de folga para melhorar o poder de barganha sobre os preços das ações. Até amanhã.

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MAIORES ALTAS

Grupo Pão de Açúcar (PCAR3): 9,94%

MRV (MRVE3): 6,96%

Braskem (BRKM5): 5,35%

Petz (PETZ3): 4,78%

PetroRio (PRIO3): 1,66%

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MAIORES BAIXAS

Rede D´Or (RDOR3): -3,67%

Hapvida (HAPV3): -2,26%

Santander (SANB11): -2,04%

Magazine Luiza (MGLU3): -2,03%

Ambev (ABEV3): -1,75%

 

Ibovespa: -0,50%, aos 119.076 pontos

 

Em Nova York: 

Bolsas fechadas pelo feriado

 

Dólar:  0,67%, a R$ 4,8405

 

Petróleo

Brent: 2,14%, a US$ 76,25 por barril

WTI: sem negociações

 

Minério de ferro: -0,06%, a US$ 113,70 por tonelada na bolsa de Dalian, na China

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