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Ibovespa cai mais 0,75%, na esteira das bolsas americanas 

Lá fora, S&P 500 se recupera ao longo do dia, mas não consegue fechar no azul: -0,14%.   

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 18 out 2024, 14h22 - Publicado em 10 jan 2022, 18h48

Depois de terminar a semana passada à beira do abismo, o S&P 500 deu um passo adiante: queda de 0,14%. 

O aumento iminente nas taxas de juros por lá deu início a uma corrida pela realização dos lucros acumulados nos últimos anos – juros mais altos drenam dinheiro da economia, o que mina o potencial da bolsa (entenda melhor aqui).

Mesmo assim, o movimento não foi tão forte hoje. O S&P 500 chegou a cair mais de 1,5% ao longo do dia. Mas recuperou-se no final da tarde e fechou o dia perto do zero a zero. 

Bom, outra coisa que muda nesse cenário de juros com viés de alta é o rendimento dos títulos públicos. O mercado passa a negociá-los a taxas maiores, antevendo o cenário de juros mais altos que se avizinha para a taxa básica da economia (aquela que os bancos comuns pagam ao banco central pelo dinheiro novo que recebem). 

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Os Treasuries com vencimento em 10 anos (papel mais negociado do “Tesouro Direto” deles”) passaram a pagar 1,80% anuais agora. É a maior taxa desde janeiro de 2020, quando os juros do Fed estavam em 1,75%. Desde março de 2020 o Fed passou a emprestar para os bancos a taxas próximas de zero. No momento, ela está em parcos 0.08%. 

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O primeiro aumento na “Selic” deles, que deve vir em março, provavelmente triplicará isso para 0,25%. Parece pouco. É pouco. Mas marca o fim da era do dinheiro de graça. E sem dinheiro de graça no horizonte, o mercado corre para realizar o que já teve de lucro, e aportar a grana em portos mais seguros – a começar pelos títulos públicos americanos. 

Como dólar tem passaporte diplomático – zanza por todas as bolsas do mundo –, a decadência dos “ativos de risco” é global. Resultado: queda de 0,75% por aqui hoje, aos 101.945 pontos. 

Vamos aos destaques do dia. 

Alta do Fleury

A explosão da Ômicron fez a média móvel de novos casos saltar 669% no Brasil em duas semanas. Ela está em 33,1 mil para os últimos sete dias (o número de mortes, felizmente, segue baixo em relação aos piores momentos da pandemia: 123 na média móvel).  

O aumento de casos, de qualquer forma, cria uma espiral: quanto mais testes positivos, mais gente paga para fazer testes, e quem providencia testes ganha com isso. É o caso do Fleury. A queda no número de testes ao longo do ano passado era vista como algo negativo para o faturamento da rede de laboratórios. 

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Com a nova onda em ascensão, FLRY3 fechou como uma das maiores altas do dia: 3,74% – sim, isso parece uma notícia tirada do Don’t Look Up, o filme lá do cometa, mas é assim que o mundo funciona. 

Na outra ponta, a de quem perde receita com o avanço da pandemia, estão os planos de saúde. Isso colocou a Hapvida entre as maiores baixas do dia, com -5,24%. 

Recomendação solar para a WEG

O Bank of Amercica (BoFA) reiterou pela nona vez consecutiva sua recomendação de compra para ações da WEG. Justificativa: a venda de equipamentos de geração, transmissão e distribuição de energia solar já representa 40% das receitas da companhia. Pelos cálculos do banco, esse setor cresceu a uma taxa de 150% ao ano de 2017 para cá, e WEG acompanhou bem, com sua divisão de energia solar ampliando o faturamento a uma média de 130% anuais nesse mesmo período. 

A recomendação do BoFA, porém, não bastou para salvar os papéis da WEG nesta segunda-feira de sell-off global. Queda de 2,89%, a R$ 28,56. 

Não é só isso. Os papéis da WEG passam por um movimento de correção há um bom tempo. Depois de experimentarem uma alta de 400% entre janeiro de 2019 e janeiro de 2021, eles já tombaram 40% desde o último pico. O BoFA, de qualquer forma, tem um preço-alvo de R$ 50 para WEGE3 – 78% acima da cotação atual.   

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A montanha russa do Inter

Outro destaque negativo foi o Banco Inter, confirmando mais uma vez sua vocação para montanha russa. BIDI11 tinha subido assombrosos 15% no último pregão, após o UBS recomendar a compra do papel, com preço alvo de R$ 46 (quase o dobro do patamar atual). Mas boa parte desse ganho acabou devolvida hoje: queda de 9%. 

BIDI11 chegou a ser negociada a R$ 84, em julho. Desde então, o concorrente do Nubank acumula uma queda de 70%.       

A bola de cristal do Boletim Focus

Segunda-feira é dia de polir a bola de cristal: o BC divulga o Boletim Focus, sua pesquisa semanal com economistas sobre as perspectivas para os indicadores mais importantes. A previsão agora é de que a Selic suba mais 2,5 pontos percentuais até o final do ano, e feche 2022 a 11,75% – na semana passada, apostavam em 11,25%. 

Para a inflação, a média dos palpites segue inalterada, em 5,03%  

O que isso realmente diz sobre o futuro? Nada. O Boletim Focus do dia 11 de janeiro de 2021 previa uma Selic de 3,25% para o final do ano passado. No mundo real, ela fechou em 9,25%. Para a inflação, chutavam 3,34%. Está em 10,74%.

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Previsões, no fim das contas, são só um retrato de como anda o clima no presente. O amanhã, com ou sem palpites, segue no mesmo estado de sempre: uma grande incógnita. 

Maiores altas

Usiminas (USIM5): 4,77%

Fleury (FLRY3): 3,74%

CSN (CSNA3): 3,32%

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Pão de Açúcar (PCAR3): 2,11%

Iguatemi (IGTI11): 1,98% 

Maiores baixas

Banco Inter (BIDI11): -8,57%

Magalu (MGLU3): -7,72%

Méluz (CASH3): -5,75%

Qualicorp (QUAL3): -5,56%

Hapvida (HAPV3): -5,24%

Ibovespa: -0,75%, aos 101.945 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,41%, aos 4.677 pontos

Nasdaq: -0,96%, aos 14.935 ponto

Dow Jones: -0,01%, aos 36.231 pontos

Dólar: 0.76%, a R$ 5,67

Petróleo

Brent: -1,08%, a US$ 80,87

WTI: -0,85%, a US$ 78,23

Minério de ferro: -1,80%, a US$ 125,73 a tonelada no porto de Qingdao (China)

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