Ibovespa comemora terminar o dia no zero a zero
Índice fechou em -0,08% depois de ter caído quase 1% no pior momento do dia. Investidores continuam com as mesmas preocupações: dividendos e conta de luz.
Investidores brasileiros têm tido dificuldade de encontrar alguma coisa para se agarrar. Não à toa, o dia foi quase para comemorar uma queda só porque ela não foi tão grande assim. O Ibovespa terminou a terça-feira (29) praticamente estável, em baixa de 0,08%, mas acima dos 127 mil pontos. Como no pior momento do dia o índice chegou a recuar 0,98%, no fim, o mercado terminou o dia “no lucro”.
Até dá para entender o azedume do mercado, já que nenhuma das preocupações da Faria Lima parece que se resolverá tão cedo. Das 84 ações do índice, 60 caíram.
Investidores e empresários estão concentrados em mostrar ao Congresso aquilo que consideram falhas da Reforma Tributária proposta pelo governo Bolsonaro. Eles afirmam que há aumento de carga tributária para as empresas e dizem que a proposta incentiva o rentismo, e não o investimento na economia real.
É fato que Guedes propôs a taxação de dividendos de quem investe na bolsa, que hoje são isentos. A alíquota seria de 20% sobre o lucro. Na renda fixa, houve uma nivelação por baixo, em 15% sem diferenças por tempo que o investimento for mantido.
Só que, fazendo as contas, empresários chegaram à conclusão de que a carga tributária das empresas subiria para perto de 50%. Por isso, eles estão pressionando o Congresso para mudar o texto, e que isso passa pela tributação de dividendos.
Houve uma segunda queixa, sobre a redução do Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas. Aqui, o ministro Paulo Guedes disse que serão feitas mudanças por iniciativa do executivo para reduzir a carga total de impostos.
Já na discussão dos dividendos, ele afirmou que “pessoas físicas têm de pagar ao menos 20% sobre rendimento de capital”. Na segunda, o presidente da Câmara, Arthur Lira, chegou a sinalizar uma mudança na alíquota dos dividendos. Em vez de 20%, uma mordida menor, de 15%.
Enquanto o assunto não se resolver, as ações vão continuar sofrendo, com destaque para os grandes bancos, que acabam exercendo uma pressão grande sobre o índice.
E chega a ser triste ver esse sofrimento todo, já que lá fora S&P 500 e Nasdaq bateram recordes, apesar dos ganhos modestos do dia e expectativa pelos dados de emprego dos EUA que saem no final da semana.
No azul
A coisa só não foi pior porque Petrobras, Vale e siderúrgicas subiram com alguma força, ficando na ponta das 22 empresas no positivo. O noticiário não chegou a ser animado, mas vamos lá.
Primeiro, o mercado começou a especular com uma eventual antecipação de dividendos (sempre eles) de Vale e suas companheiras por causa da possível tributação futura. Investidor não pode ver uma grana extra que sai correndo para colocar o dinheiro no bolso, claro. Já a Petrobras pegou carona numa leve recuperação nos preços do petróleo.
Conta de luz mais cara
“A nossa bandeira será [mais] vermelha”, determinou a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) nesta terça-feira. E isso não tem nada a ver com posição política, mas com o reajuste de suas bandeiras de tarifação – algo que não acontecia desde 2019.
O sistema de bandeiras existe justamente para ajudar a pagar a conta quando há escassez hídrica. O lance é que só a bandeira vermelha antiga não seria suficiente, aí é que entra o reajuste do valor da bandeira. E esse será sangrento para o bolso dos brasileiros. A Aneel aprovou aumento de 52% na tarifa bandeira vermelha 2, a mais cara. Isso quer dizer que, agora, a cada 100 kWh (kilowatts-hora) de energia consumidos, o valor extra pago será de R$ 9,49. Antes, esse custo era de R$ 6,24.
O reajuste foi menor que vinha sendo ventilado: para equilibrar os custos, a área técnica da agência havia recomendado um preço de R$ 11,50 para cada 100 kWh. Há expectativas, no entanto, de que o preço possa aumentar de novo ainda este ano. O novo valor começa a valer a partir do dia 2 de julho.
Hora de apertar os cintos e desligar aquela lâmpada que você sempre esquece acesa.
MAIORES ALTAS
Braskem: 5,36%
Banco Inter: 4,13%
CSN: 4,10%
Bradespar: 2,64%
Locaweb: 2,10%
MAIORES QUEDAS
Iguatemi: -3,74%
Ultrapar: -3,44%
BRF: -2,95%
Sabesp: -2,76%
Multiplan: -2,74%
Ibovespa: -0,08%, a 127.327,44 pontos
Dólar: +0,29%, a R$ 4,9431
Em Nova York
Dow Jones: +0,03%, a 34.294,59 pontos
S&P: +0,03%%, a 4.292,07 pontos
Nasdaq: +0,19%, a 14.528,33 pontos
Petróleo
Brent: +0,19%, a US$ 74,28
WTI: +0,10%, a US$ 72,98
Minério de Ferro
-2,88% em Qingdao, a US$ 212,33 a tonelada