Ibovespa dispara 2,33%; YDUQ3 e COGN3 vão à estratosfera com tweet de Lula
O minério também teve um dia de princesa com a promessa de menos lockdowns e mais atividade econômica na China. NY sobe, mas fobia do Fomc permanece.
Para trás, nem para pegar impulso: o Ibovespa abriu o dia num vermelhinho humilde e então engatou uma alta-foguete de 2,33%, tomado por um otimismo generalizado e bem-distribuído: das 92 ações do índice, 82 fecharam o dia no verde.
As protagonistas de hoje foram as empresas focadas em ensino superior: Cogna (COGN3, dona de Pitágoras, Unic, Unopar etc.) e Yduqs (YDUQ3, dona da Estácio de Sá) subiram respectivamente 10,16% e 14,01% – sim, dois gordos dígitos cada uma. Motivo: Lula anunciou, no Twitter, o desejo de dar um gás no Prouni e no Fies caso seja eleito:
O Prouni vai voltar com força, o FIES vai voltar com força, e as universidades vão ter força. Porque nenhum país se desenvolve sem antes investir na educação.
— Lula 13 (@LulaOficial) September 17, 2022
O Prouni – sigla de Programa Universidade para Todos – foi criado em 2005, durante a primeira gestão petista, e dá bolsas de estudo integrais ou parciais (50%) para cursos de graduação em instituições privadas. As integrais são reservadas a pessoas de famílias com renda familiar mensal per capita inferior a R$ 1.818 (1,5 salário mínimo). As parciais valem para a janela entre 1,5 e 3 salários mínimos. Os candidatos às bolsas são selecionados pela nota do Enem.
O Fies, por sua vez, nasceu em 1999 sob governo FHC e tem o objetivo de financiar o pagamento da graduação com condições generosas (em 2018, instituiu-se juro zero para 100 mil estudantes com renda de até três salários mínimos). O Fies sofreu um corte de orçamento de 16% na virada de 2015 para 2016 – e não recuperou os valores de seu auge desde então.
Ao contrário do que o tweet de Lula dá a entender, nem a gestão Temer nem a gestão Bolsonaro acabaram com o Prouni e o Fies. Bolsonaro modificou o Prouni para abarcar alunos pagantes de escolas privadas – originalmente, só vestibulandos oriundos de escolas públicas ou bolsistas de escolas privadas podiam participar –, e introduziu algumas outras alterações menores.
A alta espetacular de hoje na educação é a cereja no bolo de uma sequência de pregões em geral positivos para o setor. E ela tem outra razão. O MEC proibiu temporariamente, na quinta passada (15), a criação de novos cursos de graduação à distância em quatro áreas: Direito, Psicologia, Odontologia e Enfermagem (o motivo é a qualidade, em geral sofrível, dos currículos, o que gerou pressão por parte de entidades como a OAB). Isso tira instituições menores e precárias de campo e abre espaço para as gigantes do setor privado absorverem a demanda por ensino superior entre as classes C e D.
Minério e varejo
O trem azul do minério correu feliz pelas Gerais. O motivo, como sempre, está a 11 fusos horários de distância: a China começou a relaxar gradualmente as medidas de contenção contra a covid-19 em Chengdu. Trata-se de uma região metropolitana de 20 milhões de habitantes no centro do país (com população equivalente à da Grande São Paulo). E ela se tornou símbolo da desaceleração econômica imposta pelo vírus. Com a perspectiva de reaquecimento na China, a demanda por aço para o mercado imobiliário aumenta. E a Vale (VALE3) enche a barriga: alta de 3,24%. A Gerdau emplacou suas duas ações no top 5 de altas do pregão (GGBR4, 5,74%; GOAU4, 5,78%).
As empresas do varejo, por sua vez, também sobem – ainda que com mais cautela – na expectativa de que o Copom, na quarta, mantenha a Selic nos atuais 13,75%, pondo fim ao ciclo de alta nos juros. A cúpula do BC já avisou semana passada, porém, que não descarta um arredondamento para 14% na reunião que termina no dia 21. Seja como for, Americanas (AMER3) cravou 5,51%.
Enquanto isso, na batcaverna
Em Nova York, também foi um dia de altas, ainda que mais leves. S&P 500, 0,69%; Nasdaq 0,76%. É um respiro bem-vindo: o mercado americano desabou (e desde então, resmunga pelos cantos) após divulgação do CPI de agosto – um dos principais índices de inflação deles –, que, você sabe, veio mais alto que o esperado. Na quarta (21), o Fed também anuncia a nova taxa básica de juros americana. O receio é que ela possa alcançar até 1 ponto percentual (contra a expectativa pré-CPI de 0,75 pp).
A Super Quarta vem forte – aperte os cintos, Faria Lima.
Até amanhã!
Maiores altas
Yduqs (YDUQ3): 14,01%
Cogna (COGN3): 10,16%
B3 (B3SA3): 7,11%
Metalúrgica Gerdau (GOAU4): 5,78%
Gerdau (GGBR4): 5,74%
Maiores baixas
Positivo (POSI3): -1,59%
Cielo (CIEL3): -1,12%
Marfrig (MRFG3): -0,81%
Méliuz (CASH3): -0,81%
Banco Pan (BPAN4): -0,67%
Ibovespa: 2,33%, a 111.823 pontos
Em NY:
S&P 500: 0,69%, a 3.899 pontos
Nasdaq: 0,76%, a 11.535 pontos
Dow Jones: 0,64%, a 31.019 pontos
Dólar: – 1,79%, a R$ 5,16
Petróleo
Brent: 0,71%, a US$ 92,00 o barril
WTI: 0,71%, a US$ 85,36 o barril
Minério de ferro: -1,40%, a US$ 100,50 a tonelada, na bolsa de Dalian