Continua após publicidade

Ibovespa vira para a alta aos 45 do segundo tempo: 0,45%

Aumento da nota de classificação de risco pela Fitch ajudou. Mas o pragmatismo do Fed manteve os ânimos contidos. Dólar cai a R$ 4,72.

Por Alexandre Versignassi e Sofia Kercher
Atualizado em 26 jul 2023, 17h53 - Publicado em 26 jul 2023, 17h46
-
 (Kauan Machado/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
Continua após publicidade

Você acorda meio borocoxô, e o conje avisa que vocês ganharam na Megasena. Mas você continua cabisbaixa, escova os dentes e vai trabalhar, como se nada tivesse acontecido. É mais ou menos o que rolou hoje na bolsa.

Pela manhã, a agência de classificação de risco Fitch elevou a nota do Brasil, de BB- para BB, mas a bolsa não respondeu. Abriu em baixa e seguiu assim praticamente pelo dia inteiro. 

No fim do dia, porém, a ficha caiu. E o índice terminou em alta de 0,45%, aos 122.560 pontos, melhor score desde agosto de 2021.

Há pouco mais de um mês, quando outra grande agência de classificação, a S&P, deu um reles afago ao Brasil, a história foi diferente. O Ibovespa fechou em bem mais luminosos 1,99%. E nem aumentaram a nota: ela seguiu em pobres BB-. O que houve foi só o anúncio de uma melhora na “expectativa” de uma revisão para cima. 

A relativa apatia de hoje dá a ideia de que leve melhoras nas notas de risco do país já foram precificadas, ao menos em parte, pelas altas recentes do Ibovespa.  

Também tem o fato de a classificação BB não ser exatamente uma Megasena. Está mais para uma Loteria Federal. O “grau de investimento”, que é o que traria uma resposta de fato eufórica do mercado ainda está longe. Ele começa em BBB- (dois níveis acima do atual, já que depois de BB ainda tem BB+). 

Continua após a publicidade

O freio de mão puxado de Vale e Petrobras também não ajudou hoje. VALE3 (-0,35%), após uma alta de 7% em uma semana, engatou uma realização de lucros, mesmo com o minério em alta. PETR4 (0,00%) ficou travada pela queda do petróleo (-0,86% para o brent). 

A cautela do Fed nos EUA, que subiu os juros e deixou claro que vai mantê-los num patamar alto pelo horizonte vislumbrável, foi outro fator que manteve os ânimos contidos. Mais ainda lá fora: o S&P fechou no zero a zero (-0,02%). 

Vamos para a gringa agora.         

Juros nos EUA

Para surpresa de zero pessoa, o Fed retomou as altas nos juros. A “Selic” dos EUA agora é de 5,50% – o maior nível em 22 anos, mais precisamente, desde março de 2021. 

Zero surpresa porque 96,5% do mercado, pela apuração do CME Group, apostavam numa alta de 0,25 pp, como ocorreu, Os 3,5% restantes esperavam uma atitude ainda mais hawkish, com uma tascada de 0,50 pp (versus 0,0% uma semana antes). 

Continua após a publicidade

Como sempre, o que mais importou foi a leitura do comunicado do Fomc (o Copom deles). E isso é um trabalho etimológico, pois o BC americano tem uma linguagem peculiar, um “Fedspeak”, para os íntimos.

Começa pela primeira frase do comunicado: “Indicadores recentes sugerem que a atividade econômica tem se expandido a um ritmo moderado“. 

Negrito na palavra porque o último comunicado antes desse, o da reunião de junho, no qual o Fomc manteve a taxa inalterada, começava assim. Com uma diferença: dizia que o crescimento econômico era “modesto“.  

Em Fedspeak, “moderado” é mais do que “modesto” – e “sólido” seria mais do que moderado. Ou seja: justificaram o aumento em 0,25 pp dizendo algo que dá para traduzir como “a economia deu uma melhorada, então aguenta mais um aumento de juros sem pedir arrego”. 

O objetivo é, claro, trazer a inflação de volta à meta americana, de 2%. No momento, a inflação por lá está em 3,0% – equivalente à nossa, de 3,1% (com a diferença de que o centro da meta para o longo prazo por aqui é maior, de 3% mesmo).  

Continua após a publicidade

Só que a frase mais importante do comunicado é outra, a de que o Fomc “levará em conta o aperto acumulado e o atraso com o qual a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação”.

Traduzindo: na ausência de novidades, o comitê de política monetária do Fed tende a não aumentar os juros na próxima reunião, justamente para observar o efeito cumulativo dos juros altos. 

Aumentos ou baixas nos juros nunca têm efeito imediato. Você sobe os juros hoje, e a inflação não cai amanhã, só em algum ponto inescutável do futuro. O comunicado, então, diz basicamente que vale a pena esperar para ver se a taxa atual baixará a inflação por conta própria lá na frente, sem a necessidade de novos aumentos. Mas também sem perspectiva vislumbrável para cortes.   

Vale notar que é o que tem acontecido no Brasil há um ano. A taxa está travada em 13,75% desde agosto de 2022. De lá para cá, a inflação caiu de 8,72% para os atuais 3,16%. “Efeito cumulativo”. 

A expectativa, você sabe, é de que os cortes comecem na semana que vem, em 0,25 pp. Para quem espera 0,50 pp, uma má notícia: o tom pragmático do Fed inspira tudo, menos um corte relevante logo de cara por aqui. 

Continua após a publicidade

CRFB3: 7,57%

Em junho de 2022, o Carrefour (CRFB3) concluiu a aquisição do Grupo Big. Desde a compra, o que tem sido “big” mesmo é o impacto financeiro: a companhia divulgou hoje uma queda de 95,2% no lucro do 2º trimestre, para R$ 29 milhões. 

Mesmo assim, Bradesco e Santander reiteraram a recomendação de compra da ação. Pela análise deles, o prejuízo veio abaixo do esperado, e a varejista pode engatar em ritmo de crescimento conforme a conversão de lojas terminar. 

Parece que os investidores ouviram: os papéis fecharam em alta de 7,57%, cravando uma das maiores altas do dia. Desde que rolou a aquisição, há mais de um ano, até ontem, segunda-feira, os papéis da varejista despencaram 37,7%. 

VIVT3: 5,12% 

Outra empresa que divulgou resultados e colocou um sorriso no rosto dos investidores é a Telefônica Brasil (VIVT3), dona da Vivo. A empresa lucrou R$ 1,121 bilhão no 2º trimestre, registrando alta de 50,3%. 

Os números foram elogiados por analistas do Santander e do Bradesco, que mantiveram, respectivamente, recomendações de compra e recomendação neutra para a ação. Os papéis da tele fecharam em alta de 5,12%.

Continua após a publicidade

Dólar a R$ 4,72

Por fim, o dólar respondeu bem à Fitch: queda de 0,46%, a R$ 4,72. Trata-se da menor cotação desde abril de 2022. O que nos deixa com uma certeza: quem dolarizou forte no começo do ano, com a moeda americana a R$ 5,45 está borocoxô. Com toda a razão.   

Compartilhe essa matéria via:

 

MAIORES ALTAS

Méliuz (CASH3): 8,91%

Carrefour (CRFB3): 7,57%

Telefônica (VIVT3): 5,12%

Hapvida (HAPV3): 4,05%

Petz (PETZ3): 3,82%

MAIORES BAIXAS

Ultrapar (UGPA3): -1,81%

Cogna (COGN3): – 1,74%

Braskem (BRKM5): -1,33%

Vibra (VBBR3): -1,20%

Cosan (CSAN3): -1.12%

Ibovespa: 0,45%, aos 122.560 pontos

Em Nova York

Dow Jones: 0,24%, a 35.522 pontos

S&P 500: -0,01%, a 4.566 

Nasdaq: -0,12%, a 14.127

Dólar: -0,46%, a R$ 4,72

Petróleo

Brent: -0,86%, a US% 82,92

WTI: -1,07%, a US$ 78,78

Minério de ferro: 1,76%, a US$ 121,11 por tonelada na bolsa de Dalian

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 6,00/mês*

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.