Inflação global rouba o celular do mercado: no Ibovespa, rombo é de R$ 600 bilhões
Essa é a perda no valor de mercado do índice desde o início de abril. E a sangria continua: queda de 1,79% hoje. Bitcoin desaba 11%.
Já são cinco semanas seguidas de queda, aqui e lá fora. E esta segunda-feira ameaça abrir alas para uma sexta semana do cão: tombo de 1,79% no Ibovespa e de 3,20% no S&P 500. Até o início de abril, nossa bolsa seguia na contramão dos EUA, em alta no ano. Mas de lá para cá entramos no bonde da ladeira abaixo: queda de 15% em pouco mais de um mês, já contando a de hoje.
No fim de semana, viralizou no Twiter aquela história do paulistano que teve o celular furtado e se viu com um prejuízo de R$ 143 mil depois que os ladrões acessaram as contas de banco dele, certo? Então. É como se o Ibovespa tivesse passado por uma surpresa tão desagradável quanto. O índice perdeu R$ 600 bilhões em valor de mercado desde o começo de abril – o valor somado dos 92 papéis que compõem o Ibovespa caiu de R$ 4,2 trilhões para R$ 3,6 trilhões.
O motivo é aquele mesmo: consolidou-se no mercado a certeza de que os juros americanos passarão por um longo e penoso ciclo de alta para combater uma inflação que saiu do controle. Aí o dinheiro fica mais caro, e sobra menos para os investimentos de risco.
Bitcoin: 55% de queda desde o pico
E menos ainda para os de muito risco: na últimas 24 horas, o Bitcoin cedeu 11%. Agora está de volta ao patamar de US$ 30 mil, que a cripto não visitava desde julho de 2021. Desde o pico (R$ 67 mil em novembro do ano passado), a queda é de 55%.
Nisso, o Bitcoin já perdeu US$ 700 bilhões em valor de mercado – de US$ 1,3 tri lá há seis meses para US$ 600 bi hoje.
Já o dólar segue subindo, apreciado pelas perspectivas sobre o ciclo de alta nos juros do Fed. Alta de 1,60% hoje, a R$ 5,15.
Petróleo e minério: -6%
Em alguns dias em que tudo vai mal lá fora, o Ibovespa tende a nadar contra a corrente, já que se beneficia das altas do petróleo e do minério de ferro, os produtos mais importantes das duas maiores empresas da bolsa, Petrobras e Vale (juntas, elas respondem por grossos 28% do Ibovespa).
Mas hoje não foi um desses dias. O petróleo caiu 6%, depois de a União Europeia ter vetado o plano de proibir os navios do bloco de transportar petróleo russo. O dólar mais caro também pressiona o preço do barril para baixo. E ainda tem os lockdowns na China, que diminuem a demanda. Resultado: queda de 2,72% para a Petrobras, de 8,60% para a Petrorio e de 8,70% para a 3R Petroleum.
As medidas de Pequim contra a expansão da Covid também ajudaram a tragar o preço do minério de ferro. Queda de 6% para a commodity. E de 4,10% para a Vale.
E é o que temos para hoje: choradeira generalizada no mercado. Pena que, nesse caso, não adianta ir reclamar no Twitter.
Maiores altas
BTG (BPAC11): 3,61%
BRF (BRFS3): 2,75%
JHSF (JHSF3): 2,69%
Sabesp (SBSP3): 2,59%
Braskem (BRKM5): 2,51%
Maiores baixas
Locaweb (LWSA3): -14,44%
Petz (PETZ3): -10,88%
Magalu (MGLU3): -9,07%
3R Petroleum (RRRP3): -8,70%
Petrorio (PRIO3): -8,60%
Ibovespa: -1,79%, a 103.250 pontos
Em NY:
S&P 500: -3,20%, a 3.991 pontos
Nasdaq: -4,29%, a 11.623 pontos
Dow Jones: -1,99%, a 32.245 pontos
Dólar: 1,60%, a R$ 5,15
Petróleo
Brent: -5,75%, a US$ 105,94
WTI:-6,09%, a US$ 103,09
Minério de ferro: -6,25%, a US$ 129,30 por tonelada em Cingapura