Jackpot: Ibovespa emenda quinta alta seguida e sobe 3% na semana
Mais: pedido de casamento da Arezzo para a Hering deixa as varejistas de moda em polvorosa. Renner, C&A e Marisa têm altas de até 15%.
É o momento mais emblemático das festas de casamento: a hora em que a noiva joga o buquê. Não chegou a ter casamento: a Hering recusou uma oferta de compra da Arezzo – fato que aconteceu no dia 07/04, mas só foi divulgado ontem. A proposta tornou a Hering mais cobiçada – a malharia das camisetas com arenques na etiqueta viu seu valor de mercado crescer em um terço só ontem.
E o mercado acha que ainda sai o casório com a Arezzo. Então foi como se a Hering jogasse o buquê, e outras varejistas se acotovelassem na disputa para ver quem será a próxima a receber uma proposta tentadora – seja de quem for.
O que se criou foi um zum zum zum sobre eventuais fusões no setor, que podem encher os cofres das adquiridas, e dar um boost nos negócios das adquirentes.
Nisso, duas gigantes com potencial de receber ofertas experimentaram altas de parar o trânsito: a C&A subiu 8,23%; a Marisa, 14,92%. Nota: elas não aparecem lá embaixo no Maiores Altas porque não fazem parte das 74 empresas Índice Bovespa – estão entre as outras 300 e tantas “menos grandes” da B3.
Bom, não se tratam de apostas completamente vazias. O zum zum zum no mercado é o de que a Renner pretende levantar algo em torno de R$ 4 bilhões lançando mais ações na bolsa. A Renner, imaginam os apostadores, talvez use uma parte desse dinheiro para comprar a Marisa ou a C&A.
Como o pessoal também imagina que uma compra dessas também possa ser boa para a Renner, a rede de lojas subiu bonito também: 12,62%, encabeçando as maiores altas no bonde do Ibovespa.
Nada como uma boa fofoca para gerar altas fora da realidade (ou dentro, caso o pessoal que especula uma avalanche de casamentos entre varejistas de moda esteja certo mesmo). E nisso a agora cobiçada Hering avançou mais 7,26%, elevando sua alta na semana a gloriosos 38,78%. E deu sua pequena colaboração para que o Ibovespa fechasse a semana numa sequência de cinco altas. Hoje foram 0,34%. Desde segunda, rechonchudos 3%.
Braskem, Usiminas e CSN
As outras grandes altas da semana foram mais feijão com arroz. Quem mais subiu foram justamente as que já estavam bem demais neste ano. É o caso da Braskem, com 15,36% na semana e 111% no ano. É a maior alta do ano. O motivo aí não é a expectativa por um casamento. Mas por um divórcio. A Odebrecht, atual acionista majoritária, vai vender sua parte na companhia. E o mercado, essa entidade chegada numa bola de cristal, vê a troca de dono com bons olhos.
As outras altas relevantes da semana vieram do mundo da siderurgia: Usiminas (12,34%) e CSN (11,39%). No ano, a dupla já subiu quase 50% cada. Culpa da China, e de seu apetite recente por mais e mais aço.
Faz sentido. O PIB do país cresceu 18,3% no primeiro trimestre do ano em comparação com o mesmo período do ano anterior (a divulgação rolou ontem à noite). É uma taxa bem maior do que os pouco mais de 6% comumente atingidos pelo país – e que não se via desde os anos 1990.
Mas vale lembrar que os dados se comparam com o primeiro trimestre de 2020, marcado pelo surgimento da pandemia na China. O governo respondeu com duras restrições de movimento, que puxaram o freio de mão da economia: decréscimo de 6,80% no PIB no 1T20. E é mais fácil apresentar um belo número de crescimento se a comparação for com o fundo do poço de uma crise histórica.
Mesmo assim, trata-se de um bom número – próximo da mediana das previsões, que esta em otimistas 19,2%. A mais surpresa entre os números divulgados pela China veio do varejo: as vendas cresceram 34,2% em março, superando os 28% da média de projeções.
Os dados chineses alegraram a Europa, diga-se. O STOXX Europe 60 subiu 0,83% e atingiu os níveis de fevereiro de 2020, antes de a pandemia ter se instalado no continente.
Em NY
Enquanto isso, Nova York segue na animação que começou ontem (15), após o governo americano anunciar resultados da economia acima do esperado. O número de novos pedidos de seguro-desemprego em março foi de 576 mil, bem abaixo dos 710 mil previstos; as vendas de varejo, por sua vez, subiram 9,7%, contra os 6% do consenso.
A onda de otimismo vem embalada pelos bons números da vacinação. Quase 130 milhões de americanos já receberam ao menos a primeira dose. Trata-se de metade da população adulta do país.
Para fechar o pacote, a temporada atual de balanços vem forte. Os grandes bancos dos EUA apresentaram ganhos bem acima do esperado no primeiro trimestre. E a expectativa é que a maior parte das empresas de capital aberto façam o mesmo nas próximas semanas, conforme os balanços forem saindo.
Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, chegou a dizer, ao Yahoo Finance, que “a euforia com o potencial fim da pandemia pode trazer um crescimento robusto – por vários anos”.
Aí não tinha como dar outra. O S&P 500, índice que reúne as 500 maiores empresas dos EUA, subiu 0,36%, e renovou sua máxima histórica de novo. Idem para o Dow Jones (+0,48%), que reúne 30 das empresas mais simbólicas de lá (Coca-Cola, Disney, McDonald´s, Apple).
Em suma: o clima entre investidores, empresas e governo por lá é de lua de mel. Que o Brasil pegue logo esse buquê.
Até semana que vem 🙂
Maiores altas
Renner: +12,62%
Hering: +7,26%
Eletrobras PNB: +4,83%
Eletrobras ON: +3,68%
Braskem: +2,90%
Maiores baixas
Natura: −4,73%
Minerva:−4,37%
JBS: −3,01%
BRF: −2,80%
Tim: −1,73%
Ibovespa: +0,34%, aos 121.113 pontos
Em NY:
S&P 500: +0,36%, aos 4.185 pontos
Nasdaq: +0,10% aos 4.052 pontos
Dow Jones: +0,48%, aos 34.200 pontos
Dólar: -0,77%, a R$ 5,58
Petróleo
Brent: -0,25%, a US$ 66,77
WTI: -0,50%, a US$ 63,19.
Minério de ferro: +0,01%, a US$ 178,43 a tonelada, no porto de Qingdao (China)