Livro bege do Fed e indicadores de dezembro pautam pregão nos EUA
Enquanto isso, o fim da política covid-zero na China dá aquele abraço nos preços das commodities que importam para o Ibovespa. Americanas chama CFO especialista em recuperação judicial, e Lula negocia salário mínimo com sindicatos.
Dia cheio nos Estados Unidos: os futuros dos três índices de Nova York operam em ligeira alta enquanto os investidores esperam divulgações de peso. Além dos dados de preços ao produtor (PPI), de vendas do varejo e de produção industrial, hoje é dia de livro bege do Fed – um relatório sobre a situação econômica dos EUA que o BC americano publica oito vezes por ano.
O Livro tem importância maiúscula para o humor dos investidores, porque serve de termômetro para as decisões do comitê de política monetária, o Fomc, que começa sua primeira reunião de 2023 em 31 de janeiro. O relatório virá acompanhado dos pronunciamentos de vários dirigentes regionais do Fed (apelidados de Fed boys): Raphael Bostic, Lorie Logan, James Bullard e Patrick Harker.
Por aqui, os holofotes devem sair um pouquinho de Haddad em Davos para focar nas reuniões de Lula sobre salário mínimo. O presidente deve conversar com lideranças sindicais e com seu ministro do Trabalho, Luiz Marinho, ao longo do dia.
O novo ministro da Fazenda faz o possível para domar o leão faria limer com declarações pró-mercado, mas não pode contar com seus aliados: o Valor revelou hoje que o governo continua arquitetando sua mudança na Lei das Estatais. A ideia seria abrir espaço para nomeações de cunho político em conselhos de administração, o que daria 317 vagas a aliados de Lula (se cargos de direção também entrassem nessa conta, seriam 589 posições ao todo).
A Americanas, que um dia chamou o Rial, agora chama a Camille – Camille Faria, que foi diretora financeira da Oi durante a recuperação judicial da empresa, e agora deve ocupar o mesmo cargo na varejista. A CFO é conhecida, nas trincheiras da Faria Lima, como o nome para navegar através dos ventos contrários de uma RJ.
Para adicionar insulto à injúria, uma chamada do Globo revela que a Americanas pagou R$ 333 milhões em dividendos para seus acionistas ao longo do ano passado – um recorde na década –, versus R$ 90 milhões da Magalu e nenhum centavo da Via.
O BTG Pactual continua sua caçada pela cabeça de Lemann e companhia: implorou novamente ao Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) pela suspensão da medida cautelar que protege a Americanas de seus credores. É a terceira investida: eles tentaram bloquear R$ 1,2 bilhão que a empresa tinha guardado no BTG, mas não rolou. Então, entraram com um recurso para manter o valor bloqueado, e também não rolou. E olha que o banco de André Esteves é “só” o quinto mais exposto à dívida.
Nos EUA, o inferno astral tech continua: um contatinho anônimo do Wall Street Journal revelou que deve ocorrer mais uma demissão em massa na Microsoft nos próximos dias, talvez ainda na manhã desta quarta – e que este round de “compareça ao RH” será maior que os anteriores. As ações da companhia caíam 0,17% no pré-market, às 7h da manhã. Enquanto isso, a Apple adiou o lançamento do seu headset de realidade aumentada, alegando dificuldades técnicas no desenvolvimento do produto.
Enquanto isso, a temporada de balanços deu um dia de folga: apenas a Alcoa, gigante do alumínio, divulgará seus resultados após o fim do pregão. Falando no mundo das coisas de pouca tecnologia embarcada, o otimismo com a reabertura chinesa impera. As duas commodities que fazem preço no Ibovespa abrem o dia de bom-humor, com o minério em alta de 0,90% na bolsa de Dalian, a US$ 124,27 a tonelada, e o Brent para março subindo 1,36%.
O minério vem subindo desde novembro, quando Xi Jinping falou em aliviar os lockdows pela primeira vez, e anunciou um plano para salvar incorporadoras chinesas gigantescas do calote. A construção civil deles é a maior consumidora da matéria-prima extraída aqui.
O petróleo parece ter um bom dia pela frente após um comunicado da Agência Internacional de Energia (AIE) que elevou sua projeção para a demanda global para 200 mil barris por dia em 2023. O motivo também é a expectativa do reaquecimento econômico do tigrão asiático, com o fim da política covid-zero. A Petrobras sorri.
Bons negócios.
Futuros S&P 500: 0,16%
Futuros Nasdaq: 0,15
Futuros Dow: 0,04%
*às 8h07
Goldman Sachs recomenda vender Qualicorp
Na terça, o Goldman Sachs mudou a recomendação da Qualicorp de neutro para venda. O preço-alvo caiu pela metade, de R$ 12 para R$ 6. O novo valor representaria uma alta de apenas 1,3% em relação ao fechamento do dia anterior. O banco avaliou que o negócio tem pouca margem para crescer no curto prazo, dado o cenário macroeconômico desafiador, competição alta e custos médicos mais caros pressionando o caixa. Resultado: as ações QUAL3 caíram 5,40%, a R$ 5,60 – a maior queda do dia.
EUA, 10h30: índice de preços ao produtor (PPI) de dezembro;
EUA, 10h30: vendas do varejo em dezembro;
EUA, 11h15: produção industrial em dezembro;
EUA, 16h: livro bege do Fed.
Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,08%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,20%
Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,06%
Bolsa de Paris (CAC): 0,13%
*às 8h08
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,17%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): 1,68%
Hong Kong (Hang Seng): 0,47%
Brent: 1,36% a US$ 87,09 o barril
*às 7h02
Minério de ferro: 0,90%, a US$ 124,27 a tonelada, na bolsa de Dalian
Os devotos da cripto
Em um ano, os criptoativos foram de promessa de futuro para pedra no sapato de quem embarcou nessa moda. O setor já acumula perda de US$ 2 trilhões em ativos, presenciou um bom número de falências (tipo da Terraform Labs e da Celsius) e alguns casos de fraude (como o icônico caso da FTX). Brutal. No meio disso, teve investidor individual que largou mão, e agentes grandes do mercado financeiro que ficaram aliviados por não terem embarcado nesse universo tão desregulado e volátil. Mas tem gente que encara as criptomoedas de uma forma quase religiosa. Eles acreditam na filosofia da coisa, e acham que a queda é só uma fase. Para eles, o inverno cripto foi oportunidade de compra. O NYT conta essa história aqui.
EUA, após o fechamento: Alcoa