Mesmo com a guerra no radar, Ibovespa acompanha o exterior e sobe 0,86%
Não foi só NY. PETR4, PRIO3, RECV3 e RRRP3 sobem forte no pregão, com a alta de 4% no petróleo.
O payroll mais forte do que o esperado na última sexta-feira ainda nem foi completamente digerido e os investidores agora têm de lidar com o conflito armado entre Israel e o Hamas, que começou no sábado e não deve terminar tão cedo.
Enquanto autoridades do grupo terrorista se dizem prontas para iniciar a discussão sobre uma eventual trégua, o governo israelense segue firme em sua posição de continuar o ataque com “forças nunca vistas antes”.
A escalada de tensões geopolíticas é sempre imprevisível. A única certeza é que o mercado financeiro, de uma forma ou de outra, sente o impacto. Como já era esperado, o dia começou no vermelho no Brasil e nos EUA, mas tanto a B3 quanto Wall Street conseguiram finalizar o dia no azul. Aqui, alta de 0,86%, aos 115.156 pontos — puxado pelas petroleiras. Em NY, o S&P 500 avançou 0,63% e a Nasdaq, 0,39% (veja abaixo).
Mas houve cautela na sessão de hoje: a cotação do barril de petróleo disparou 4,22%, a US$ 88,15. Se na semana passada a queda de 8% do Brent havia afastado o temor de que a commodity pudesse voltar ao patamar de US$ 100 (e pressionar a inflação global), hoje ele renasceu.
A declaração de guerra de Israel sozinha não é responsável pela pressão na cotação da commodity. O problema é se o conflito se transformar em algo maior: uma guerra entre Israel e o Irã, que apadrinha e financia o grupo terrorista da Faixa de Gaza.
O Irã está entre os 10 maiores produtores do mundo e é um dos controladores do Estreito de Ormuz. Por ali passam cerca de um terço do petróleo mundial. Basicamente tudo que sai de Arábia Saudita, Iraque, Irã, Kuwait, Catar, Bahrein e Emirados Árabes Unidos.
Até o momento, a possibilidade de uma guerra de dimensões continentais parece pequena. A missão do Irã nas Nações Unidas negou envolvimento nos ataques. E o governo de Joe Biden também já declarou que não há provas do envolvimento de Teerã. Os temores, no entanto, devem seguir por mais algum tempo.
PRIO3 (8,78%), RECV3 (8,70%), RRRP3 (6,01%) e PETR4 (4,30%)
As petroleiras da bolsa tiveram ganhos até superiores ao do barril: PRIO3 (8,78%), RECV3 (8,70%), RRRP3 (6,01%) e PETR4 (4,30%).
A Petrobras teve dois outros eventos para repercutir: melhora de estimativas por parte do Itaú BBA e comentários de Jean Paul Prates, presidente da estatal.
Em um evento no Rio de Janeiro, o executivo concordou que o preço do petróleo deve seguir volátil com o conflito no Oriente Médio, mas disse estar seguro de que a nova política de preços da companhia — anunciada em maio deste ano — deve mitigar a necessidade de se fazer ajustes o tempo todo no preço dos combustíveis derivados.
Já os analistas do Itaú BBA elevaram o preço-alvo das ações de R$ 27 para R$ 38, ainda que tenham mantido sua recomendação neutra para os papéis. Para o banco, a companhia reduziu os riscos ao afastar os temores de mudanças negativas na política de preços e de remuneração aos acionistas.
Em Nova York
Petróleo em alta tende a puxar as bolsas americanas para baixo (já que as petroleiras não apitam por lá como apitam por aqui). Mesmo assim, o dia foi positivo em Wall Street. Parte do apetite por risco veio de uma visão mais otimista com relação aos próximos passos do Fed.
Hoje foi o Columbus Day (Dia de Colombo) nos EUA – um feriado que também chamam de “Dia dos Povos Indígenas”. Nem tudo fecha nesse dia, tanto que a bolsa abriu. Mas não teve negociação de títulos públicos. A ferramenta do CME Group, que compila as expectativas para as próximas reuniões do BC dos EUA, foi um bom termômetro, de qualquer forma.
Hoje a plataforma mostrou um avanço nas expectativas de manutenção dos juros em 5,50% ao ano. Se na última sexta-feira 72,9% das projeções apontavam estabilidade na “Selic americana” em novembro, agora o número é de 88,5%. Para dezembro, a alta foi ainda mais expressiva, de 57,6% para 74%.
A tensão no Oriente Médio e seus possíveis impactos deletérios na economia global fez a sua parte, mas uma fala da presidente do Fed de Dallas, Lorie Logan, também foi determinante. Segundo ela, o avanço dos rendimentos dos Treasuries ao maior patamar desde 2006 pode reduzir as chances de novos aumentos na taxa de juros por lá.
Esse clima amenizou a curva de juros por aqui. A taxa real do Tesouro IPCA+ 2035 caiu de 5,83% para 5,71%; a do IPCA+ 2045 passou de 6,01% para 5,94%.
A ver se a tendência segue – já que os juros de longo prazo por aqui estão tão imprevisíveis quanto a geopolítica global.
Até amanhã.
MAIORES ALTAS
PRIO (PRIO3): 8.78%
PetroReconcavo (RECV3): 8,70%
3R Petroleum (RRRP3): 6,01%
Magazine Luiza (MGLU3): 4,49%
Petrobras (PETR4): 4,30%
MAIORES BAIXAS
Casas Bahia (BHIA3): -4,92%
Azul (AZUL4): -2,97%
Alpargatas (ALPA4): -2,61%
Assaí (ASAI3): -1,62%
Itaúsa (ITSA4): -1,11%
Ibovespa: 0,86%, aos 115.156 pontos
Em Nova York
S&P 500: 0,63%, aos 4.335 pontos
Nasdaq: 0,39%, aos 13.484 pontos
Dow Jones: 0,59%, aos 33.604 pontos
Dólar: -0,62%, a R$ 5,13
Petróleo
Brent: 4,22%, a US$ 88,15%
WTI: 4,33%, a US$ 86,38
Minério de ferro: -2,76%, a US$ 113,58 na bolsa de Dalian, na China