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Minério cai, petróleo desaba e Ibovespa fecha a semana em -3,7%

No dia, o tombo foi de 1,95%. Entenda como a pressão sobre os juros americanos afeta o preço das commodities.

Por Alexandre Versignassi
14 out 2022, 17h37
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 (Brenna Oriá/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Já são cinco pregões seguidos de queda no Ibovespa. E agora o índice fecha a semana fecha em cabisbaixos -3,69%. 

A queda de hoje (-1,95%, com apenas quatro das 90 ações do Ibovespa no positivo) acompanhou Nova York. Depois de uma inexplicável alta ontem, na contramão do anúncio da inflação em perigosos 8,2% (mais sobre isso adiante), o S&P 500 voltou à realidade. Queda de 2,34%. No ano, o tombo lá fora já é de 24,8%.  

Nesse quesito, o Ibovespa está menos periclitante. Segue positivo em 2022: 6,91%. A questão agora é ver se o índice terá força para se manter no verde, mesmo levando tiro de todo lado. 

No front das commodities, para começar, só baixas. O petróleo e o minério de ferro, você sabe, determinam o destino uma fatia gorda do Ibovespa (Petrobras, Vale e siderúrgicas). E eles não passam bem. 

O minério estacionou abaixo da linha vermelha dos US$ 100 em Qingdao. Os preços à vista no porto chinês que fica na metade do caminho entre Xangai e Pequim caíram mais 1,94% hoje, a US$ 96,59. Vale (-3,28%), Usiminas (-4,04%), Gerdau (2,35%) e CSN (-5,85%) foram no vácuo. 

O petróleo cedeu mais 3,11% hoje. A Petrobras até se segurou, para um dia tão feio (-1,47%). Mas não foi o caso de PetroRio (-2,39%) e 3R (-6,25%).  

No front da macroeconomia, zero notícias boas. A inflação americana deu um sinal de força em setembro. O índice geral, divulgado na quinta, até caiu, de 8,3% em 12 meses para 8,2%. Mas chamado núcleo da inflação (que não conta as oscilações nos preços dos combustíveis e da energia, mais voláteis) recrudesceu. Estava em 6,3%. Foi a 6,6%. 

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É a maior core inflation desta crise toda. Não só. Da última vez que os EUA viram um número maior do que esse, Zico, Sócrates, Facão e Cerezo formavam o meio de campo da seleção. Foi em agosto de 1982 (7,1%).

Em suma, danou-se. O Fed sabe disso e deve elevar os juros em pelo menos 0,75% na próxima reunião do Fomc, o Copom deles. Isso deixaria a Selic a deles em 4% – a taxa mais alta em 15 anos.

Juros altos combatem a inflação deixando o dinheiro mais caro. Dinheiro mais caro significa, de um lado, menos consumo e lucros menores para as empresas. Ou seja: se altas nos juros viessem com algum disclaimer, ele seria “Este produto pode causar recessão”. E com uma eventual recessão no horizonte, as ações e as commodities caem. 

Do outro lado, com o dinheiro mais caro, o governo se vê obrigado a pagar mais quando faz dívida. Ou seja: as taxas dos títulos públicos sobem. Eles ficam mais atrativos para quem investe. Aí sobra menos dinheiro para as bolsas, no mundo todo. Isso também torna o dólar mais caro diante das outras moedas – e o preço das commodities cai mais um pouco para compensar, já que elas são cotadas em dólar. 

Juros mais altos lá fora também atrasam a eventual queda da Selic – o dólar mais caro aumenta os preços por aqui; e se os preços sobem a taxa de juros local não pode ceder. As estimativas eram a de que ela saísse dos 13,75% no começo do ano que vem. Agora, com a inflação americana nesse grau, qualquer previsão vira puro chute. Em algum momento, a Selic pode até voltar a subir.   

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Com tantas nuvens escuras no horizonte, dá para dizer que a queda de 3,69% foi pouco. Vejamos o que vem pela frente.

E bom fim de semana!  

Únicas altas

Energisa (ENGI11): 1,33%

Eneva (ENEV3): 0,37%

Engie (EGIE3): 0,26%

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Itaú (ITUB4): 0,10%

 

Maiores baixas

Magalu (MGLU3): -11,18%

Americanas (AMER3): -8,45%

Yduqs (YDUQ3): -7,85%

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Via (VIIA3): -4,29%

3R (RRRP3): -6,25%

Ibovespa: -1,95%, a 112.072 pontos

 

Em NY:

S&P 500: – 2,34%, a 3.584 pontos

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Nasdaq: – 3,08%, a 10.321 pontos

Dow Jones: – 1,32%, a 29.643 pontos

 

Dólar: 0,94%, a R$ 5,32

 

Petróleo

Brent: -3,11%, a US$ 91,63%

WTI: -3,93%, a US$ 85,61

 

Minério de ferro: -1,94%, a US$ 96,59 a tonelada, na bolsa de Dalian

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