Moody’s corta perspectiva de crédito da China
Decisão reflete uma perspectiva de crescimento menor e a crise que abate o setor imobiliário no país. Por aqui, PIB cresce 0,1%, melhor do que a previsão.
Bom dia!
A agência de classificação Moody’s cortou a perspectiva de crédito da China de estável para negativa. Funciona assim: a agência possui uma escala de 21 classificações, que vão de C (que indicam muita chance de calote) até Aaa (para os melhores pagadores de dívida da Terra). Desde 2017, a Moody’s classifica a China como A1 – um grau alto.
Isso não mudou. O que a decisão de hoje diz é basicamente o seguinte: a nota de crédito chinesa por ora é a mesma, mas pode cair em um futuro não muito distante.
O rebaixamento tem a ver com a perspectiva de crescimento menor para o país nos próximos anos. Para a Moody’s, o PIB chinês deve desacelerar para 4% em 2024 e 2025, e para uma média de 3,6% entre 2026 e 2030.
E tem também o fator imobiliário: as construtoras carregam quase 30% do PIB do país nas costas, e hoje enfrentam uma crise de dívida que já arrastou duas gigantes (a Country Garden e a Evergrande) para a recuperação judicial. Segundo a Moody’s, o rebaixamento reflete evidências crescentes de que o governo deverá intervir para evitar o colapso do setor – o que afeta o cenário fiscal do país.
A notícia puxou as ações das maiores empresas chinesas de capital aberto para mínimas em quase 5 anos. O índice CSI 300 caiu 1,90% na sessão de hoje.
Nem deu para se atentar ao PMI de novembro, que trouxe boas-novas. O índice mede a atividade dos setores de indústria e serviços em um país, utilizando uma pontuação que vai de 1 a 100. Quando abaixo de 50, ele indica encolhimento da produção. De 50 pra cima, significa expansão.
O da China veio em alta de 51,6 – uma melhora em relação aos 50,0 de outubro, e o melhor número desde agosto.
Só que existe um ruído de resultados: na semana passada, o PMI divulgado pelo NBS, o departamento nacional de estatísticas, mostrou contração de 49,4 em novembro, contra 49,5 no mês anterior. Já a versão divulgada ontem é medida pelo S&P Global em parceria com o grupo chinês Caixin.
A divergência de resultados pode ter a ver com diferenças no método de coleta de dados para o índice. O problema é que, para novembro, um deles indica expansão, e o outro contração. Aí fica difícil saber em qual cenário se basear.
PIB do Brasil
No terceiro trimestre, o PIB brasileiro subiu 0,1% na comparação com o trimestre anterior, para R$ 2,741 trilhões. Em relação ao 3tri de 2022, a alta é de 3,1%.
O resultado veio melhor do que o projetado: a mediana das previsões coletadas pelo Broadcast indicava recuo de 0,2%. Ainda assim, confirma um cenário de desacelaração de crescimento, já esperado. Tem a ver com a perda de fôlego do agronegócio, setor que puxou as altas significativas na primeira metade do ano. No trimestre até setembro, o agro encolheu 3,3% em relação ao 2tri.
O IBGE, aliás aproveitou para revisar os números do ano: o PIB do primeiro trimestre de 2023 foi para 1,4% (a leitura anterior indicava 1,8%). Já o PIB do segundo tri foi para 1,0% (contra 0,9% antes).
Bons negócios!
Futuros S&P 500: -0,35%
Futuros Nasdaq: -0,57%
Futuros Dow Jones: -0,23%
*às 8h15
Demissões no Spotify
O Spotify anunciou mais uma onda de demissões — a terceira de 2023. Desta vez, serão 1.500 funcionários cortados, ou 17% do total. O CEO e fundador do serviço de streaming, Daniel Ek, fez o anúncio pelo site da empresa nesta segunda-feira (4).
Em janeiro, o Spotify demitiu 600 pessoas. Em junho, cortou 200 funcionários na divisão de podcasts (na mesma época, também subiu os preços dos planos).
Os cortes acontecem em um momento em que a indústria tech está sentindo o fim de uma década de taxas de juros baixíssimas nos EUA. Inclusive, um dos catalisadores das demissões foi o “cenário econômico mais lento”, segundo Ek. A empresa não é a única: Meta, Amazon e Salesforce também cortaram custos e empregos entre o ano passado e esse ano.
A notícia mostra uma tentativa de reestruturação do negócio, que aparentemente agradou investidores: na véspera, os papéis do Spotify subiram 7,5% em Nova York.
09h: IBGE divulga PIB do terceiro trimestre
10h: S&P Global divulga PMI de serviços do Brasil em novembro
11h45, EUA: S&P Global divulga PMI de serviços e composto final de novembro
12h, EUA: Departamento do Trabalho divulga relatório Jolts de outubro
- Índice europeu (Euro Stoxx 50): 0,13%
- Londres (FTSE 100): -0,64%
- Frankfurt (Dax): 0,09%
- Paris (CAC): 0,11%
*às 8h19
- Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,90%
- Hong Kong (Hang Seng): -1,91%
- Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,37%
- Brent*: 0,34%, a US$ 78,37
- Minério de ferro: -0,36%, a US$ 135,37 por tonelada na bolsa de Dalian
*às 8h20
EUA e Venezuela estão reatando laços
Mesmo depois de romper relações em 2019, os Estados Unidos e a Venezuela mantiveram comunicações por canais secundários. Em março de 2022, as conversas formais foram oficialmente retomadas — na esperança de que os EUA conseguissem garantir outras fontes de energia após a invasão russa à Ucrânia.