Netflix dá mais uma razão para amar os balanços do 3º tri – mas futuros de NY soluçam
É que hoje é dia de Livro Bege, que detalha as condições da economia dos EUA, e de pronunciamentos dos dirigentes do Fed.
Os futuros de Nova York amanheceram ainda animados pela temporada de balanços, mas S&P 500 e Dow Jones viraram ligeiramente para o vermelho pouco antes das 8h da manhã – e agora, a situação está indefinida.
O mais recente balanço relevante foi o da Netflix, ontem (18), após o pregão. A mãe dos streamings reportou lucro de US$ 1,4 bilhão no terceiro trimestre, 3,5% menor que no mesmo período de 2021. Esse resultado, equivalente a US$ 3,10 por ação, veio bem acima da expectativa consensual do mercado, que era de US$ 2,13. O motivo da discrepância foram os 2,4 milhões de novos assinantes no período, praticamente o dobro do 1,09 milhão previsto pelos analistas – e dava para entender o conservadorismo. A Netflix chegou a perder assinantes. As ações dispararam no after market.
O banco Goldman Sachs e a fabricante de produtos aeroespaciais Lockheed Martin também anunciaram lucros acima do esperado ontem. IBM e Tesla divulgarão seus balanços hoje, após o fechamento.
Um motivo para os investidores bambearem, após dois dias de bons pregões, é que hoje é dia de Livro Bege – um relatório sobre a situação econômica americana que o Fed publica oito vezes por ano. O Livro tem importância maiúscula para o humor dos investidores, porque serve de termômetro para as decisões do Fomc (a próxima reunião está marcada para 1º e 2 de novembro). Além disso, haverá pronunciamentos de dois dirigentes do Banco Central americano, os responsáveis pelas sucursais de Chicago e St. Louis.
Dias de agenda cheia no Fed costumam ser dias emocionantes na bolsa. Por outro lado, Wall Street, aparentemente, já precificou a maior parte de sua tristeza: entendeu que a briga contra a inflação não dá sinais de arrefecer (o número anual dos EUA veio 8,2% em setembro, vs. previsão de 8,1%) e espera a alta de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros do país.
Prova disso é que quinta passada, no dia do anúncio do CPI – equivalente americano do IPCA –, os índices de NY fecharam em alta após um breve soluço matinal. A sangria já havia ocorrido antes, com semanas de queda. De acordo com o Citigroup, nos EUA, as ações sofrem com a expectativa de recessão mais do que qualquer outro ativo. A ver se existe ou não espaço para mais perdas.
Não faltam motivos para temer, claro. A inflação britânica bateu 10,1% em setembro, contra a expectativa de 10% para os últimos 12 meses. Em agosto, o número anual havia sido 9,9%. O maior problema são os alimentos e bebidas em 14,5%, o pior resultado desde 1980. Se você tirar os preços voláteis de energia e comida e focar no chamado core (“núcleo”), o resultado, rufem os tambores… também é trágico: 6,5% ao ano, o pior em três décadas. A libra já está caindo: -0,42%, a US$ 1,12. E a expectativa, claro, é de mão pesada nos juros – os mais pessimistas preveem um ponto percentual cheio para o próximo encontro do BoE.
Por fim, Biden anunciou que os EUA vão liberar 15 milhões de barris de sua reserva estratégica. É uma tentativa de forçar os preços do petróleo para baixo e dar um alívio para os preços da gasolina no país, aumentando a satisfação com os democratas às vésperas das eleições de meio de mandato – que elegem a maior parte dos governadores americanos. Apesar disso, o Brent ainda subia 0,67% hoje cedo.
Aqui no Brasil, às vésperas do 2º turno, algo parecido acontece: a Petrobras permanece pressionada pelo governo federal a manter os preços de combustível baixinhos, arrastando no chão. Nossos preços permanecem 8% abaixo dos internacionais, embora tenha havido uma alta de 1,4% semana passada (leia mais abaixo, no Market Facts).
Futuros S&P 500: – 0,01%
Futuros Nasdaq: 0,15%
Futuros Dow: – 0,07%
*às 8h09
Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,62%
Bolsa de Londres (FTSE 100): – 0,02%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,03%
Bolsa de Paris (CAC): 0,36%
*às 8h11
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,61%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,19%
Hong Kong (Hang Seng): – 2,38%
Brent: 0,67%, a US$ 90,63 o barril
Minério de ferro: – 0,06%, a US$ 94,95 a tonelada, na bolsa de Cingapura
*às 7h11
Microsoft faz demissões
A Microsoft anunciou novas demissões esta semana. O porta-voz da companhia afirmou que a medida é necessária porque as vendas estão mais fracas e a receita deste ano está diminuindo. Fontes disseram à Axios que o corte deve atingir cerca de mil funcionários de várias áreas da empresa. A fabricante de softwares é a mais nova big tech a entrar pro Clubinho da Recessão: mais cedo este ano, Meta, Amazon, Twitter, Netflix e Uber também anunciaram demissões ou pausaram novas contratações, alegando cautela num cenário de possível crise econômica à frente.
Gasolina volta a subir
Pela primeira vez em 15 semanas, o preço da gasolina voltou a subir nos postos do país, segundo a pesquisa semanal de preços da ANP. Na semana passada, o combustível foi vendido, em média, a R$ 4,86 por litro – alta de 1,4% em relação à semana anterior. Apesar do aumento, o preço da gasolina no Brasil ainda está 8% (ou R$ 0,30 por litro) abaixo do praticado internacionalmente, segundo a Abicom. A Petrobras, que está sendo pressionada pelo governo a segurar os preços, ainda não se pronunciou sobre a falta de reajustes.
Credit Suisse rebaixado a meme stock
Em março de 2021, o Credit Suisse perdeu US$ 5,5 bilhões depois que a Archegos, empresa de investimento privado que tinha negócios com o banco, fechou as portas. Logo começaram a surgir especulações sobre a saúde financeira precária e má habilidade de gestão da instituição. Boa parte delas vindas de pequenos investidores no Twitter e no Reddit. É isso aí: o banco mais antigo da Suíça virou uma meme stock. No início de outubro, um tweet de 11 mil likes conseguiu forçar os maiores executivos do Credit Suisse a passarem o final de semana ligando para acionistas e parceiros comerciais para garantir que o banco não estava falindo. O NYT conta essa história aqui.
Taxação do sol
A energia solar é responsável por 9,7% da matriz energética do Brasil, o que faz dela a terceira fonte de energia mais utilizada no país. O carro chefe desse mercado é a produção para consumo próprio e residencial – no linguajar da área, chamam de sistemas de micro e minigeração. Além da preocupação com o meio ambiente, quem procura pelas placas de energia solar geralmente quer economizar na conta de luz e se proteger em períodos de escassez, como o da crise hídrica do ano passado. Mas, a partir de 7 de janeiro, a conta não vai sair tão barata assim: entrará em vigor uma nova regra apelidada de “taxação do sol”, que, na prática, cobra pelo uso dos excedentes de energia. O Valor explica o que é a tarifa e como ela afetará o mercado.
EUA, 14h: pronunciamento do presidente do Fed em Minneapolis, Neel Kashkari;
EUA, 15h: Fed divulga Livro Bege;
EUA, 19h30: pronunciamentos dos presidentes do Fed em Chicago e St. Louis, Charles Evans e James Bullard.
Antes do fechamento: Procter & Gamble
Após o fechamento: IBM, Tesla e Alcoa