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Netflix despeja pessimismo no mercado, mas S&P 500 ignora

Ações da empresa afundam 27,5% no pré-mercado. Números do streaming indicam que outras empresas tech podem entregar resultados frustrantes.

Por Tássia Kastner
Atualizado em 18 out 2024, 14h18 - Publicado em 20 abr 2022, 08h09
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 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Bom dia!

Uma noite de sono não foi capaz de acalmar investidores. Ontem, após o fechamento do mercado, a Netflix anunciou que perdeu assinantes pela primeira vez desde 2011. E ainda disse que espera ainda mais cancelamentos no segundo trimestre.

A grana está curta no mundo todo e a concorrência dos streamings cresceu. A companhia fez a tradicional teleconferência de resultados ainda ontem, para explicar melhor os números ruins do primeiro trimestre e seus planos futuros. Entre eles, oferecer uma assinatura mais barata a quem se dispuser a ver anúncios.

O plano não convenceu investidores. No pré-mercado, as ações caem 27,5%, um tombo ainda maior que o registrado no after market ontem. Parece que investidores passaram a noite em claro.

Seria uma questão pontual, apenas da Netflix, não fossem alguns detalhes. O primeiro é a dificuldade que a empresa mostrou de continuar crescendo, um problema comum a todas as big techs. O Facebook só virou Meta porque está à caça de uma nova frente de expansão enquanto suas duas principais redes, o próprio Facebook e o Instagram, perdem popularidade para TikTok e afins. Nem mesmo o plano de monetizar o WhatsApp está deslanchando como o esperado.

Um segundo problema, que também afeta outras empresas, é ver os primeiros estragos causados pela inflação no bolso dos consumidores. Antes, quem perdia renda cancelava a TV a cabo; agora são os infinitos serviços de streaming – tantos que dá para perder a conta do número de assinaturas. 

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Isso que a própria Netflix havia reajustado preços em alguns países, justamente para tentar cobrir o aumento de despesas que ela mesma sofre. O alvo, agora, é tentar barrar o compartilhamento de senhas – alguns testes estão em curso.

A Netflix acenderia o farol para guiar investidores na temporada de balanços, ao menos sob a ótica das empresas que entram na caixa tech. Os bancos, que tradicionalmente abrem o ciclo de resultados, tampouco se saíram bem. E hoje saem os resultados da Tesla, que se beneficia de uma demanda crescente pelos seus carros elétricos – e da estreia da fábrica na Alemanha, no final do mês de março –, mas também poderá mostrar reflexos negativos da alta inevitável dos preços dos carros.

Mas, conforme o sol ia raiando lá por Nova York, o medo arrefecia. Os futuros do S&P 500 e do Dow Jones viraram para o positivo, deixando o efeito-Netflix apenas para o índice Nasdaq. Há ainda a expectativa pela divulgação do Livro Bege do Fed, o documento que mostra as condições econômicas dos EUA e embasa as decisões de juros do BC. Tradicionalmente, ele traz volatilidade ao mercado. Hoje não deve ser diferente, já que agora existem dirigentes do Fed pregando que a Selic deles suba 0,75 ponto percentual na reunião de maio, e não o 0,50 p.p. que vem sendo sinalizado ao mercado.

O Ibovespa também tem um dia incerto pela frente. A Vale divulgou os dados de produção do primeiro trimestre, indicando uma queda na produção de minério. Ontem, as ações da companhia haviam recuado mais de 3%, um reflexo da desaceleração da economia chinesa. Além dos lockdowns, o país promete mais uma vez reduzir a demanda por aço.

Bons negócios.

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humorômetro: o dia começou sem tendência definida
(Arte/VOCÊ S/A)

Futuros S&P 500: 0,04%

Futuros Nasdaq: -0,16%

Futuros Dow: 0,15%

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*às 8h03

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 1,84%

Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,39%

Bolsa de Frankfurt (Dax): 1,21%

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Bolsa de Paris (CAC): 1,35%

*às 8h03


Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,55%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,86%

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Hong Kong (Hang Seng): -0,40%

Commodities

Brent*: 0,81%, a US$ 108,12

*às 8h03


Agenda

14h30: TCU julga privatização da Eletrobras

15h: Fed divulga o Livro Bege, documento que mostra o panorama da economia americana e baseia as decisões de altas de juros

 

market facts

Ganha-ganha

O Mercado Livre (MELI34) fechou um acordo para arrendar seis aviões da Gol (GOLL4) por um prazo de dez anos. O objetivo do e-commerce reduzir os prazos de entrega das compras online em regiões como norte e nordeste, que chegavam a esperar nove dias pela encomenda. O tempo elevado faz consumidores preferirem a loja física – ou um concorrente mais eficiente. Do lado da Gol, o acordo evita que a companhia precise devolver aeronaves arrendadas – e que ainda estavam fora de uso. Os aviões usados no acordo são atualmente de passageiros, mas serão convertidos para transporte de cargas. Após o anúncio, as ações da Gol subiram 3,27%, enquanto os BDRs do Mercado Livre avançaram 5,62%.

Vale a pena ler:

Not yet

O estouro da bolha tech na virada dos anos 2000 gerou um trauma. E desde que o dinheiro voltou a jorrar para startups, o mercado financeiro voltou a prever uma nova bolha. O problema é que isso faz mais de uma década, sem que o estouro tenha acontecido. O New York Times relembra neste infográfico as previsões apocalípticas desde 2010, acompanhando o dinheiro investido mês a mês.

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