Nova crise imobiliária na China ameaça recuperação do Ibovespa
Após não honrar com pagamentos, a construtora Country Garden ameaça quebrar e causar um efeito dominó, num episódio que lembra a crise da Evergrande.
Bom dia!
O Ibovespa está em busca de um milagre. Depois de nove quedas seguidas – a pior sequência de tombos em 25 anos –, a bolsa brasileira ainda não viu o território de alta em agosto, o mês do desgosto.
O problema maior? A semana já começa com notícias negativas vindas do exterior, que podem dificultar uma recuperação do índice no pregão de hoje. Novamente é a China quem preocupa os investidores.
A crise imobiliária no país, que nunca teve um final de fato, voltou a piorar. Dessa vez, a protagonista é a Country Garden, uma das maiores construtoras da China, com forte atuação principalmente em cidades pequenas e médias. Após um primeiro semestre marcado por perdas bilionárias, a empresa passa por uma forte crise de liquidez, num episódio que lembra a derrocada da Evergrande, há dois anos.
Acontece que a Country Garden não pagou os juros dos seus empréstimos – os pagamentos venceram na semana passada. Isso porque, no primeiro semestre, a empresa teve prejuízos enormes. Agora, a construtora tem um período de carência de 30 dias para honrar os pagamentos. Se não conseguir, pode falir de vez.
Ao mesmo tempo, a incorporadora busca estender o prazo de pagamento de uma dívida de US$ 537 milhões, com vencimento em 2 de setembro. Mais: inesperadamente, a Country Garden anunciou a suspensão da negociação de onze de seus títulos nas bolsas de Xangai e Shenzhen. As ações da empresa derreteram mais de 18% no pregão após o combo de notícias ruins que colocam em xeque a saúde financeira da companhia.
Uma eventual quebra da Country Garden seria mais desastrosa que a da própria Evergrande, já que a Bloomberg calcula que ela tenha quatro vezes mais projetos em andamento. O efeito dominó no mercado imobiliário – e na economia chinesa como um todo – seria catastrófico, já que o setor representa quase ¼ do PIB chinês. Até por isso mesmo a probabilidade dela quebrar de vez é baixa, já que o governo chinês está de olho e dificilmente permitiria um efeito contágio tão grande. Mesmo assim, o pânico no mercado continua.
As bolsas asiáticas fecharam no vermelho de olho na crise. Por outro lado, os futuros americanos apontam para cima nesta segunda-feira, o que pode trazer algum alívio para o Ibovespa. Por aqui, investidores também seguem de olho na temporada de divulgação de balanços, que segue agitada: Magazine Luiza, Raízen, Natura e Marfrig são algumas das companhias que mostram seus resultados hoje (veja mais no final deste texto).
Bons negócios.
Futuros S&P 500: 0,27%
Futuros Nasdaq: 0,39%
Futuros Dow Jones: 0,23%
*às 8h10
Petrobras pode subir preços
Segundo a coluna de Lauro Jardim (O Globo), a ANP estaria preocupada com os preços dos combustíveis, visto que há uma defasagem em relação aos preços internacionais já que a estatal está segurando os reajustes. A agência procurou o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, neste fim de semana para questioná-lo sobre aumentos, e a informação é de que a diretoria está discutindo reajustes “em breve”. As apostas são de que isso deve acontecer ainda nesta semana.
9h BC divulga IBC-Br, considerado a “prévia do PIB”
- Índice europeu (Euro Stoxx 50): 0,40%
- Londres (FTSE 100): -0,24%
- Frankfurt (Dax): 0,39%
- Paris (CAC): 0,22%
*às 8h17
- Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,73%
- Hong Kong (Hang Seng): -1,97%
- Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,21%
- Brent: -0,23%, a US$ 86,61
- Minério de ferro: 0,41% a US$ 99,87 por tonelada na bolsa de Dalian (China)
*às 8h03
A retomada da bolsa: como surfar essa onda
Mesmo antes da queda da Selic no começo do mês, um conjunto de fatores — como aprovação do arcabouço fiscal, reforma tributária, melhora na classificação de risco do Brasil — sopram na Faria Lima um vento de otimismo.
Nos sete primeiros meses do ano, a valorização do Ibovespa foi de 10,7%, para 122 mil pontos.Do buraco que batemos em 23 de março, quando o Ibov foi a 97 mil pontos, a subida é de 24% — entrando num bull market. Semana passada veio uma queda dura, com nove baixas consecutivas. Mas o fato é que, nos últimos 10 ciclos de cortes nos juros, em oito o Ibovespa viveu altas durante os 24 meses seguintes (contando do primeiro corte).
Esta reportagem da Você S/A examina as entranhas da bolsa brasileira, para mostrar quais setores têm mais a ganhar numa eventual retomada (e detalha também as boas oportunidades que restam na renda fixa).
Antes da abertura: Inter e Embraer
Depois do fechamento: JBS, BRF, Marfrig, Itaúsa, Natura, Magazine Luiza, Qualicorp, Localiza, Raízen, Vibra, Copel, Cosan, Gafisa, JHSF e IRB