Ômicron mete medo e estraga começo do recesso dos investidores
Petróleo recua mais de 3%, enquanto as bolsas americanas apontam para queda superior a 1%.
Investidores estavam prontos para o Natal – só faltou combinar com a Ômicron. À medida em que os casos avançam brutalmente na Europa e nos Estados Unidos, recomeçam as restrições de circulação, colocando o mundo inteiro em alerta. E aí, depois de um ano em que as bolsas acumulam altas polpudas (você não, B3), o mais seguro é colocar um lucro generoso no bolso. É de onde vem o tombo desta segunda-feira, que já poderia ser mais tranquila com o pessoal saindo para a folga, agora adiada.
Não é pouca coisa: os contratos futuros de petróleo chegaram a tombar mais de 5% e no começo da manhã perdiam na casa de 3%. Os futuros das bolsas americanas tropeçavam ali na faixa de 1%, enquanto a Europa, com jogo valendo, caía entre 1% e 2%.
A lista de restrições só se avoluma. A Holanda impôs lockdown para serviços não essenciais até meados de janeiro. Turistas do Reino Unido foram impedidos de entrar na Alemanha – só cidadãos vindos da região podem entrar, e precisam respeitar quarentena de duas semanas. Em Nova York, o pedido é para que o governo Biden mande mais testes para monitorar o aumento de casos de perto.
O mercado financeiro vinha se apegando ao fato de que a Ômicron, por enquanto, parece causar apenas sintomas leves. O problema é que a variante é tão contagiosa que pode sobrecarregar o sistema de saúde mesmo assim, já que um número imensamente maior de pessoas pega a doença – por isso a volta das restrições.
Com menos viagens e deslocamentos, é natural que o consumo de petróleo diminua, por exemplo. E isso poderia ser bom para a redução nos custos de energia (alô, Petrobras). Só tem um detalhe: investidores estão com medo de que o cenário leve o mundo a uma estagflação global, em que os preços continuam a subir mesmo quando a economia patina justamente pelas restrições.
E há um componente de pessimismo, que ninguém gosta de viver num final de ano: a sensação de que vamos viver o pesadelo de novo. Resta é torcer que o Papai Noel não nos abandone.
Futuros S&P 500: -1,31%
Futuros Nasdaq: -1,49%
Futuros Dow: -1,17%
*às 8h14
Índice europeu (EuroStoxx 50): -1,37%
Bolsa de Londres (FTSE 100): -1,12%
Bolsa de Frankfurt (Dax): -1,89%
Bolsa de Paris (CAC): -1,05%
*às 8h11
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,50%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -2,13%
Hong Kong (Hang Seng): -1,93%
Brent: -3,09%, a US$ 71,25*
Minério de ferro: 3,72%, a US$ 123,51, no porto de Qingdao na China
*às 8h10
Hoje – Congresso dá início a análise da Lei Orçamentária Anual de 2022, primeiro na Comissão Mista de Orçamento. Em plenário, o texto deve ser votado amanhã.
Copo meio vazio
A B3 registrou 49 IPOs em 2021 e houve quem tivesse apostado que ela bateria o recorde de 2007, quando 64 empresas estrearam na bolsa. O problema foram as empresas que ficaram pelo caminho. Segundo um levantamento do Valor, 75 empresas se prepararam para vender ações, mas precisaram desistir ou suspender temporariamente a oferta. Culpa do aumento do risco e da alta da taxa de juros, que deixa investidores menos dispostos a se arriscar em um IPO. Os segmentos mais afetados são os de consumo e tecnologia – justamente os que mais dependem de taxas de juros baixas para crescer.
Ficou mais cara a casa própria
A subida da taxa de juros já dificulta a vida de quem sonha com a casa própria. É que, segundo dados da FGV, a cada aumento de 1 ponto percentual no custo do crédito, 1 milhão de famílias perde a capacidade de entrar em um financiamento imobiliário. Um levantamento da Folha mostrou que as taxas de juros cobradas pelos bancos nessa linha subiram em 2 pontos percentuais desde que o BC começou a elevar a Selic. Até agora, portanto, são 2 milhões de potenciais compradores a menos. E com chances de piorar, já que o mercado financeiro espera que a taxa básica de juros alcance 11,50% ao final de 2022, ante os atuais 9,25%.
Acidente de trabalho
Uma das vantagens do trabalho remoto é não precisar enfrentar o trânsito todos os dias – o que potencialmente diminuiria os acidentes de trabalho do deslocamento, já que não há deslocamento de fato. Bem, na Alemanha já não é mais assim. Um trabalhador conseguiu na Justiça acesso ao seguro por acidente de trabalho depois de escorregar nas escadas da sua casa e fraturar uma vértebra. O lance é que ele estava descendo de seu quarto para o escritório de casa pela primeira vez no dia, para trabalhar. Inicialmente, a seguradora da empresa negou a cobertura do acidente. A Justiça entendeu que a caminhada entre os cômodos era “trajeto para o trabalho”. Leia a reportagem na CNN (em inglês).
Por que parou?
Durou menos de seis meses a nova quarta companhia aérea do país. Na sexta-feira, a ITA suspendeu toda a sua operação, deixando no solo passageiros que decolariam em um dos 513 voos previstos até o fim do ano. A empresa disse em comunicado que “vai passar por uma reestruturação interna”, mas o fato é que o Grupo Itapemirim, do empresário Sidnei Piva, está atolado em problemas. O mais antigo deles é o processo de recuperação judicial da operação da Viação Itapemirim, dos ônibus amarelos. Agora, a crise se estendeu pelos ares. Nesta reportagem, o UOL destrincha o passivo: há salários e benefícios em atraso, dívidas com fornecedores, descumprimento de regras da ANAC e uma dívida de R$ 253 milhões com credores. Leia aqui. E aqui um depoimento de um jornalista do Valor que estava dentro de um avião da ITA, prestes a decolar, quando a companhia parou.