Payroll acalma mercados e Ibovespa corre pro abraço da reforma tributária: +1,25%
Novos dados sobre o mercado de trabalho americano dispersam o mau humor da véspera. PCAR3, CRFB3 e ASAI3 saltam com alíquota zero para cesta básica.
Sextou na Faria Lima. Finalmente a tão desejada reforma tributária foi aprovada na Câmara. O Brasil se prepara para um regime tributário mais simples e consistente, o que, segundo analistas, permitirá mais investimentos no país e deve acelerar o nosso crescimento. Além disso, é uma importante vitória para o governo Lula e um belo aceno à pautas pró-mercado.
E a festa, que foi cancelada ontem por motivos de Wall Street no vermelho, finalmente aconteceu: alta de 1,25% do Ibovespa.
A comemoração foi ainda maior para as ações de supermercados, já que a reforma zerou os impostos sobre itens da cesta básica (os parlamentares ainda vão decidir exatamente quais). O Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) liderou as altas do Ibovespa, saltando 10,15%. Atacadão/Carrefour (CRFB3) teve alta de 5,82% e Assaí (ASAI3), de 3,02%.
Hoje Nova York ajudou. Por lá, o mercado se acalmou ao analisar os dados do payroll de junho. Como o relatório de contrações veio abaixo do esperado (209 mil contra 225 mil), investidores conseguiram respirar após o ADP (relatório do setor privado) mostrar um salto inesperado na criação de vagas no mesmo mês, de 267 em maio para 497 mil em junho — o maior resultado desde julho de 2022.
Como o payroll é um relatório mais amplo do governo, cobrindo 80% da força empregadora pois contabiliza cargos públicos, ele é mais levado em conta na hora de analisar o mercado de trabalho. E para o alívio de Wall Street, o dado desacelerou bastante desde maio, caindo 32%. Ou seja, os juros a 5,25% parecem estar surtindo efeito.
Caso o payroll também indicasse uma aceleração nas contratações, o Fed poderia ter que adotar uma política monetária ainda mais agressiva, já que o forte mercado de trabalho americano é o principal fator por trás da resiliência da inflação no país. Em maio, o IPCA dos EUA desacelerou para 4%, mas o objetivo do BC americano é chegar perto dos 2%.
Mesmo com tanto papo sobre recessão, o país segue com pleno emprego. A taxa de desemprego medida pelo payroll até caiu um tico: de 3,7% em maio para 3,6% em junho. E aí não tem jeito, os salários sobem. A média por hora teve elevação de 0,4% na comparação mensal e de 4,4% na anual, ambas acima do previsto, mantendo o ritmo de crescimento registrado em maio.
Segundo George Gonçalves, analista do banco MUFG, os dados do payroll são incompatíveis com a meta de inflação do Fed e mantém a alta de juros em julho na mesa, mas também não justificam uma postura mais hawkish do Fed no segundo semestre.
E essa é a boa notícia do dia: as projeções para os juros americanos seguem as mesmas. Não pioraram. A má notícia é que as projeções seguem as mesmas: alta de 0,25 ponto percentual no juro yankee este mês e manutenção do juro em 5,50% em setembro.
Daí a gangorra lá em NY. No sobe e desce dos índices, eles terminaram o pregão em baixa.
Até a próxima reunião mais um dado pode balançar as apostas: o CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês, semelhante ao nosso IPCA) de junho, na próxima quarta.
Dada a tensão dos mercados nesta semana, não é de se esperar uma reação comedida, qualquer que seja ela.
Bom fim de semana!
MAIORES ALTAS
Pão de Açúcar (PCAR3): 10,15%
Petz (PETZ3): 8,51%
IRB Brasil (IRBR3): 7,45%
BRF (BRFS3): 7,23%
3R Petroleum (RRRP3): 7,04%
MAIORES BAIXAS
Embraer (EMBR3): -1,99%
Telefônica Brasil (VIVT3): -0,68%
Petrobras ON (PETR3): -0,54%
Petrobras PN (PETR4): -0,51%
Hypera (HYPE3): -0,33%
Ibovespa: 1,25%, aos 118.898 pontos
Em Nova York:
Dow Jones: -0,55%, a 33.735 pontos
S&P 500: -0,28%, a 4.399 pontos
Nasdaq: -0,13%, 13.661 pontos
Dólar: -1,30%, a R$ 4,8659
Petróleo
Brent: 2,55%, a US$ 78,47
WTI: 2,87%, a US$ 73,86
Minério de ferro: -1,87%, a US$ 112,36 por tonelada na bolsa de Dalian