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PCE, indicador de inflação preferido do Fed, sai às 10h30. Futuros de NY estão pessimistas.

Se a alta nos preços do Tio Sam em janeiro tiver sido muito acentuada de acordo com esse índice – considerado mais confiável pelos dirigentes do BC americano –, apertem os cintos: virão aí mais juros (e choro em Wall Street). No Brasil, temos IPCA-15. 

Por Bruno Vaiano e Camila Barros
Atualizado em 21 out 2024, 10h40 - Publicado em 24 fev 2023, 08h23
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 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Como de praxe, a inflação americana decidirá os rumos da renda fixa, da variável, do Universo e de tudo o mais. Mas não qualquer inflação: o PCE, sigla de personal consumption expenditures – algo como “despesas de consumo pessoal”, em tradução livre. A edição de janeiro do dado será divulgada às 10h30 no horário de Brasília. Por ora, os futuros de Nova York caem em uníssono, sem otimismo. 

A bola de cristal de Wall Street (leia-se: o consenso dos analistas) prevê uma alta de 0,50% no núcleo do PCE. O tal “núcleo” do índice exclui preços de alimentos e de energia – que são mais voláteis por flutuarem de acordo com o clima, por exemplo. Por isso, ele é considerado uma medida mais pé-no-chão que o índice cheio. 

Esse número significaria uma aceleração em relação aos 0,3% de dezembro e manteria o acumulado de doze meses em 4,4%. Os gastos com consumo, que encolheram 0,2% em dezembro, devem crescer 1,4%. 

A ata da reunião do Fomc realizada no final de janeiro, que saiu nesta quarta, foi claríssima com os investidores: a inflação americana permanece rebelde, a economia está mais aquecida que o ideal e há praticamente zero chance de que a taxa básica de juros do Fed comece a cair ainda em 2023. O PCE acumulado do quatro trimestre de 2022 veio em 4,3%, versus as projeções de 3,9%. 

Por isso, já sabemos que o pico da “Selic” deles – atualmente em 4,5% – será maior do que sonham os faria limers: a taxa deve estacionar acima dos 5%. As questões pendentes, agora, são duas: quantos aumentos o Fed ainda deverá aprovar (dois ou três) e qual será o tamanho desses aumentos (0,5 ou 0,25 ponto percentual). 

Para ajudar no exercício de futurologia, teremos pronunciamentos de dois dirigentes regionais do Fed no pós-CPI: Loretta Mester às 12h15 e James Bullard às 13h, figurinhas carimbadas das coletivas de imprensa.Também haverá o índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan. Em janeiro, o público previa, em média, uma inflação de 3,9% ao final deste ano e de 2,9% ao final de cinco anos. A ver se essas expectativas se deterioraram.

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O PCE é um indicador alternativo ao CPI. Tradicionalmente, o CPI é o principal dado americano, equivalente ao nosso IPCA. Ele sai mais adiantado, no comecinho do mês subsequente. 

Mas o Fed não curte muito o CPI. Essa é uma história que começa em 1995, quando o Senado americano criou a comissão Boskin. (Na verdade, o comitê não tinha esse nome – só acabou apelidado em alusão a seu presidente, o economista Michael Boskin.)

Na ocasião, Boskin e quatro outros especialistas descobriram que o CPI superestimava a inflação americana em cerca de 1,1 ponto percentual ao ano. Rolou um pequeno escândalo entre especialistas, e a metodologia de cálculo acabou sendo revisada (em 2017, essa distorção foi de “só” de 0,85 ponto percentual, o que ainda é ruim, mas é melhor).

Desde então, o Fed prefere o PCE, que demora mais para sair, mas tem menos da metade do viés (0,45 p.p.), o que o torna um retrato mais preciso das altas nos preços. 

O Brasil, vale dizer, pode sofrer de um problema parecido, só não tivemos ainda nossa comissão para investigá-lo: um estudo do Banco Mundial calcula que o IPCA pode ter superestimado em 0,7 ponto percentual a inflação no varejo brasileiro entre 2006 e 2017. Outro estudo, realizado na USP em 2008, fala em 0,31 ponto percentual de superestimação ao ano, o que é bem mais aceitável.

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Falando nele, hoje é dia de IPCA-15, às 9h. O dado deve acelerar 0,72% em relação aos 0,55% de janeiro, com uma ajudinha das altas na gasolina e nas mensalidades de escolas particulares. 

A inflação pode piorar depois de março, caso o governo Lula retome a oneração usual dos combustíveis (você deve se lembrar da novela da isenção, que Bolsonaro começou e então o PT preservou contra a vontade de Haddad). Mas o mercado vê isso com bons olhos: a retomada seria um sinal de que o governo está sendo responsável com a arrecadação – e, portanto, com a situação fiscal do país como um todo.

Com esse cenário melancólico de preços e juros altos, os gringos estão começando a deixar as águas mais arriscadas das bolsas do Brasil e de outros países emergentes e se voltando para ativos de renda fixa, mais seguros.

Vejamos aonde esse conto de duas inflações nos levará no último pregão da semana. 

Bons negócios,

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Humorômetro - dia com tendência de baixa
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Futuros S&P 500: -0,41%
Futuros Nasdaq: -0,78%
Futuros Dow: -0,27%

*às 7h55

market facts

Os próximos passos da Marisa

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Em um ano, a Marisa (AMAR3) trocou de comando três vezes. A última mudança rolou no dia 16, quando João Pinheiro Nogueira Batista (que também ocupa o Conselho de Administração) assumiu como CEO. O executivo tem como missão reestruturar os negócios da companhia, que vem enfrentando um período complicado: uma dívida de quase R$ 600 milhões com vencimento próximo, e um ambiente de crédito mais desafiador depois do caso Americanas. 

Segundo informações do Valor, João Nogueira já está desenhando a nova cara da Marisa. Ele se reuniu como a consultoria Galeazzu Associados para mapear as lojas que dão prejuízo e quantas devem fechar. Segundo ele, o custo operacional da companhia está muito alto, e é preciso cortar custos. 

Ontem, as ações AMAR3 fecharam em queda de -5,26%, a R$ 0,72. Desde a explosão do caso Americanas, que desestabilizou o setor de varejo, os papéis da Marisa caíram 48%. 

Agenda

Brasil, 9h: IPCA-15 de fevereiro;
EUA, 10h30: PCE de janeiro;
EUA, 12h: índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan;
EUA, 12h15: Loretta Mester, dirigente do Fed em Cleveland, fará pronunciamento;
EUA, 13h30: James Bullard, dirigente do Fed em St. Louis, fará pronunciamento.

Europa

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Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,24%
Bolsa de Londres (FTSE 100): +0,29%
Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,27%
Bolsa de Paris (CAC): -0,09%

*às 8h04

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,04%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): +0,67%
Hong Kong (Hang Seng): -1,68%

Commodities

Brent: +0,90%, a US$ 82,95 o barril

*às 8h07

Minério de ferro: -1,13%, a US$ 131,50 a tonelada, no porto de Tianjin

Vale a pena ler:

A musa inspiradora do dólar 

Em 1497, a monarquia espanhola adotou o real de a ocho como moeda oficial. Ela foi usada logo após a Reconquista (período em que os cristãos retomaram o domínio da Península Ibérica, até então ocupada por povos árabes islâmicos) e durante a colonização do continente americano. O real de a ocho viu de perto a história acontecer: foi a primeira moeda comercializada internacionalmente, serviu de inspiração para a criação do dólar americano e continuou forte até o século 19. A BBC conta essa história aqui

A aposta da TSCM nos EUA

A TSMC é uma empresa taiwanesa de tecnologia com ações listadas na bolsa de Nova York. Ela é a maior fabricante de chips do mundo, e recentemente anunciou um investimento pesado para expandir e aperfeiçoar sua fábrica no Arizona, nos EUA. Faz parte de um esforço para blindar a empresa internacionalmente, frente aos confrontos de sua terra natal com a China. Para os EUA, esse é um caminho para se tornar mais autossuficiente no setor tecnológico. 

Dentro da TSCM, porém, tem gente achando que esse negócio pode ser uma furada. Os funcionários dizem que o projeto pode distrair o foco da pesquisa e desenvolvimento de produtos da empresa, e que ficam hesitantes sobre os choques culturais de quando se mudarem para os EUA. Esta reportagem do NYT disseca essa história. 

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