Petróleo amanhece em leve baixa, bolsas em estabilidade. Mas a única certeza é a incerteza
O mercado vive de prever o futuro, e às vezes acerta. O problema: hoje o futuro do petróleo, e da inflação global, só depende da cabeça de Putin. E ninguém faz a mínima ideia sobre o que se passa lá dentro.
O futuro próximo da nossa economia depende do que acontecer com o petróleo. Ontem, em seu Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o Banco Central previu dois cenários.
Um é do “de referência”. Aqui:
- Petróleo segue no patamar atual (perto de US$ 120) = inflação de 7,1% no final do ano.
O outro é o “alternativo”:
- Petróleo volta para US$ 100 no segundo semestre = inflação de 6,3% no final do ano.
Num certo desafio à semântica, o RTI diz que o cenário alternativo “é o mais provável”. Se é o mais provável, deveria ter outro nome. Mas essa é uma discussão para os acadêmicos da língua.
A confusão de termos talvez advenha de outra fuzarca, mais essencial. Fahad Kamal, investidor chefe do banco britânico Kleinwort Hambros deu a letra: “Os mercados tentam precificar algo basicamente impossível de precificar: o pensamento de Putin, sobre o qual nada se sabe”, disse numa entrevista ao Wall Street Journal.
E arrematou: “Quanto mais tempo o conflito durar, maior será a inflação, menor será o crescimento econômico. Trata-se de uma incerteza massiça, radical”.
Falou tudo. E em meio a mais um dia de incerteza radical, os futuros dos EUA abrem estáveis (veja abaixo) e o petróleo, em baixa de 0,76%, a US$ 118.
Se a trajetória seguir essa tendência segundo semestre adentro, a Selic para em 12,75%, de acordo com o BC. Caso ocorra ocorra o contrário, ou seja, se o petróleo for a um novo patamar de alta e manter-se por lá, 12,75% vai parecer pouco.
Se você quiser um cenário mais nítido, só há uma opção: pegue um avião para Moscou, dirija-se ao Kremlin, e peça para falar com o Vladimir.
Boa sorte. E boa sexta.
Futuros S&P 500: 0,07%
Futuros Nasdaq: 0,02%
Futuros Dow: 0,07%
*às 7h50
Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,33%
Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,01%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,38%
Bolsa de Paris (CAC): 0,26%
*às 7h49
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,81%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,14%
Hong Kong (Hang Seng): -2,47%
Brent: -0,76%, a US$ 118,12*
Minério de Ferro: 3,76%, a US$ 153,35, na bolsa de Cingapura
*às 7h47
9h – IBGE divulga o IPCA-15 de março.
11h – Presidente do BC, Roberto Campos Neto, fala em evento do Banco Central do Peru e do Bank for International Settlements.
ICMS fixo para o diesel
O Confaz, conselho que reúne os secretários de Fazenda dos estados e do DF, anunciou a criação de um valor único de ICMS para o diesel: R$ 1,006 por litro. A decisão atende às determinações da lei, sancionada por Jair Bolsonaro no início do mês, que prevê a fixação de um valor ou a adoção de uma média dos últimos cinco anos. As mudanças entram em vigor dia 1º de julho, quando também vence o congelamento da alíquota do ICMS para gasolina, etanol e gás de cozinha – prorrogado nesta semana. Até lá, os estados devem discutir valores fixos de imposto para estes três produtos.
JCP da Movida e da Localiza
Movida (MOVI3) e Localiza (RENT3) anunciaram ontem o pagamento de juros sobre capital próprio (JCP, os dividendos que pagam impostos na fonte). Serão pagos, respectivamente, R$ 54 milhões a partir de 5 de julho e R$ 110,3 milhões em 20 de maio. Para os acionistas da Movida, o valor representa R$ 0,1494 por ação ordinária – rendimento de 0,88% sobre o preço do fechamento de ontem. Já os da Localiza receberão R$ 0,1466 por papel – o equivalente a 0,24%.
O anúncio do pagamento de proventos das duas locadoras de automóveis vem na esteira da divulgação dos balanços, com resultados recordes em 2021. No ano passado, a Movida teve lucro líquido de R$ 819,4 milhões, o que representa um salto de 250% em relação a 2020. O Localiza foi de R$ 2 bilhões – crescimento de 95%.
O oi e o adeus aos russos
McDonald’s, Coca-Cola, Apple, Ikea, 3M, DHL… Mais de 400 empresas ocidentais deixaram a Rússia, seja de forma temporária, seja definitiva. O NYT lista as mais relevantes, com imagens da época em que elas chegaram ao país e links para os manifestos de despedida. Leia aqui.
Três tentativas de fraude por minuto
O Brasil registrou mais de três tentativas de fraude online por minuto em 2021. Programas de fidelidade, bancos, fintechs, sistemas de avaliações online e de gestão de criptomoedas foram os principais alvos. A Folha de S.Paulo detalhou os dados obtidos pela empresa e explicou como essas tentativas ocorrem. Leia a reportagem.
Ser Educacional divulga seu balanço antes da abertura de mercado.