Petróleo dá combustível para a alta do Ibovespa
Barril saltou para o maior patamar em seis semanas, após dados da Opep sobre produção e consumo. O fracasso dos protestos contra o governo e o silêncio em Brasília também ajudaram.
Com uma mãozinha do petróleo e outra dos ânimos serenados em Brasília, a bolsa brasileira começou a semana com o pé direito. Arrematou uma alta de 1,85%, a 116.406 pontos, isso apesar do dia misto em Nova York.
A primeira notícia positiva veio da Opep, o cartel de países exportadores de petróleo. Nesta segunda, a organização divulgou suas projeções para o combustível e previu a recuperação total do mercado em 2022. Neste ano, a previsão de crescimento da demanda global foi mantida em 6 milhões de barris por dia.
O lance é que os países da Opep têm mantido a produção relativamente estável, e isso significa que a oferta vai ficando cada vez mais apertada para atender à demanda. Resultado? Os preços sobem, claro.
Nesta segunda, o barril do tipo brent saltou a US$ 73,57, no maior patamar desde o fim de julho. A valorização levou de carona a Petrobras, segunda maior empresa do Ibovespa, o que ajuda a explicar a valorização do índice hoje.
Só que a Petro subiu bem mais que o 0,89% do brent. A valorização foi de expressivos 3,51%. A estatal padece da crise política que o Brasil mergulhou e é negociada 10% abaixo da máxima recente. O dia, então, foi para tirar o atraso, ainda mais com Brasília começando a semana em um ritmo mais tranquilo.
O mercado financeiro, que até diz buscar por uma terceira via, também gostou de ver protestos antigoverno vazios, já que eles abrandam a força de pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro. Esse dia de respirar aliviado ajudou ainda papéis do setor bancário, com Itaú e Bradesco marcando altas acima de 1%. Banco do Brasil, estatal, subiu 2,24%, seguindo a mesma lógica da Petrobras.
O dólar também se beneficiou do ambiente mais benigno e caiu 0,83%, a R$ 5,2236.
Novatas no pódio
Das cinco maiores altas do dia, três foram de empresas que entraram no Ibovespa há apenas uma semana. Méliuz puxou a fila com valorização de mais de 12%, isso depois de um inferno astral que fez a companhia derreter de 50% em pouco mais de um mês. Agora ela ensaia uma nova alta depois do buraco. Banco Inter (BIDI4) e Banco Pan (BPAN4) passam por um processo semelhante de sair do fundo do poço.
O pódio ao revés contou hoje com a Petz, igualmente uma novata. As ações da rede de pet shops caíram 1,74%.
Voar, voar
Mais antiga no Ibov, a CVC, um papel que tem registrado forte volatilidade, na toada das notícias de avanço e arrefecimento da Covid. Hoje, ela marcou uma disparada de 9%, um sinal de otimismo com a reabertura de países para turistas brasileiros e maior demanda por viagens. Gol e Azul subiram cerca de 2%, por motivos semelhantes.
Os sinais da pandemia andam melhores na maior parte do Brasil, com redução consistente no número de mortos.
Lá fora
Nos EUA, as bolsas trocaram de sinal várias vezes ao longo do dia e terminaram sem uma sinalização única. O índice Dow Jones, de empresas mais tradicionais, subiu 0,76%, influenciado pelo petróleo. O S&P 500 foi menos otimista, enquanto o Nasdaq, das empresas de tecnologia, terminou praticamente no zero a zero.
Ainda que o petróleo tenha ajudado a segurar a barra, investidores tiveram um dia de marcação de passo à espera dos dados de inflação dos EUA, que saem nesta terça. Essa história você já sabe: inflação mais alta que o esperado, mais pressa para o Fed (o banco central dos EUA) reduzir a impressão de dinheiro por lá, menos grana pinga na bolsa, risco de as ações caírem. Ou subirem, se o mercado achar que essa é uma prova de que a economia vai bem.
Por outro lado, inflação mais fraca indicaria uma desaceleração da atividade econômica da maior economia do mundo, o que por sua vez poderia afetar o lucro das empresas. Ações para baixo? Não necessariamente, já que isso deixaria o Fed mais confortável para imprimir dinheiro por mais tempo. Em resumo: não dá para prever o mercado. Boa semana e até amanhã.
MAIORES ALTAS
MAIORES QUEDAS
Ibovespa: alta de 1,85%, a 116.403,72 pontos
Nova York
Dow Jones: +0,76%, a 34.869 pontos
S&P 500: +0,23%, a 4.468 pontos
Nasdaq: -0,07%, a 15.105 pontos
Dólar: queda de 0,83%, a R$ 5,2236.
Petróleo
Brent: +0,81%, a US$ 73,51
WTI: +1,05%, a US$ 70,45
Minério de ferro
queda de 4,53%, a US$ 123,84 por tonelada no porto de Qingdao